texto do dia

quinta-feira, 26 de março de 2009


Dizem que havia um cego sentado numa calçada de Paris com um boné a seus pés e um pedaço de madeira que, escrito com giz branco, dizia:

"Por favor, ajude-me, sou cego".

Um publicitário, que passava em frente a ele, parou e viu umas poucas de moedas no boné. Sem pedir licença, pegou no cartaz, virou-o, pegou no giz e escreveu outro anúncio. Voltou a colocar o pedaço de madeira aos pés do cego e foi-se embora.

Pela tarde, o publicitário voltou a passar em frente ao cego que pedia esmola. Agora, o seu boné estava cheio de notas e moedas. O cego reconheceu as pisadas e perguntou se havia sido ele quem reescreveu o seu cartaz, sobretudo querendo saber o que havia escrito ali.
O publicitário respondeu:"Nada que não esteja de acordo com o seu anúncio, mas com outras palavras". Sorriu e continuou o seu caminho.

O cego nunca soube, mas o seu novo cartaz dizia: "Hoje é Primavera em Paris, e eu não posso vê-la".

Mudar a estratégia quando nada nos acontece... pode trazer novas perspectivas.

Obrigada a quem me enviou este texto por e-mail, já conhecia mas partilho.
BOM FIM DE SEMANA!

A GENTE SE ACOSTUMA Marina Colassanti

A GENTE SE ACOSTUMA

Marina Colassanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.

A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

AMOR PLATÔNICO Luiz Antonio Nunes

AMOR PLATÔNICO

Luiz Antonio Nunes

É o 3214! Pensa Jeová com si mesmo.

Jeová referia-se ao numero da composição do Metrô que acabara de estacionar na estação. Todo o dia de sua janela, Jeová, ficava de segunda a sexta-feira, pois as 07h15min da manhã era o horário da composição estacionar. Ele tinha um motivo especial. Nesta composição, no terceiro vagão, vinha sempre sua amada e desejada: Vera. Faziam dois anos que Jeová levantava-se as 06h00min Tomava banho, fazia a barba, colocava sempre a mesma camisa, a mesma gravata, sempre bem lavadas e passadas, para finalmente ver seu grande amor, Vera. Na verdade Jeová não sabia o nome de sua amada, acontece que o primeiro dia em que a viu era o começo de primavera, então daí veio a origem do nome.

À medida que a composição ia parando Jeová, ajustava a gravata, conferia se estava tudo em ordem com a camisa, o cheiro, a barba, até o olhar ele ensaiava.

Quando a composição finalmente parou. Lá estava ela, Vera.Cabelos longos e lisos que reluziam á luz do vagão, dentes mais brancos que canjica, olhos cor de mel, lábios de morango, dedos longos, pele morena dourada. Ah, como ele a ama.

A composição deixa a estação, e Jeová finalmente começa a rotina de seu dia.

O Mês era junho, o dia estava frio, era uma segunda feira, daquelas de sereno frio, e lá estava ele. Jeová esperava sua amada, mas ela não veio. No próximo quem sabe, no terceiro? No quarto? No vigésimo quinto? No septuagésimo terceiro? Nada.

Jeová precisou ser retirado da janela, eram quase 15 Horas e ele estava lá... Intrépido olhando pela janela, lagrima rolavam sua face morena, e suicidavam-se despedaçando no chão, uma lágrima presa na garganta, impedia-lhe de sequer falar, reagir, fitar os olhos dos amigos e companheiros, que tentavam ao mesmo tempo consola-lo e retira-lo daquela janela. A terça feira chegou... Demorou para passar a noite, foi uma madrugada sem fim, mas a terça chegou. Lá estava Jeová, mais cedo, mais alinhado, escovou por mais de duas vezes os dentes e se recusou a tomar um café para não suja-los, amarela-los quem sabe... Ela não veio. – Deeeeeuuuuussss? O que fiz? Onde errei? Bradava Jeová de joelhos chorando, até quando conseguiram tira-lo de lá. A quarta. A quinta. Na sexta, lá estava Jeová novamente na janela, ele havia se postado ali desde as cinco da madrugada... De repente não mais que um de repente do acaso, lá vem ele, aquele gigante metálico, que brilhava ao reflexo do sol, cuspia fumaça quando os freios eram acionados, parecia um Dragão, que engolira a princesa amada, e relutava em devolvê-la, ao coração de seu amado.

- Sai satanás! Aqui você não tem poder não. Sussurrava Jeová com um terço entrelaçado na mão direita, o suor já havia tomado conta da sua face, sua camisa estava marcada, carimbada pelo suor daquele que ansiosamente esperava sua prometida.

Lá estava ela. Semblante tristonho, lábios secos, olhar de cansaço, mas lá estava ela.

Quando a composição parou totalmente, Jeová notou que o braço de sua amada estava marcado, ferido, maculado.

- Soro! Ela tava doente, Vera estava doente, meu Deus. - O que será que ela tinha?

Falava Jeová, tão baixinho que somente ele podia escutar.

Enfim, ele passou um final de semana agradável.

Na segunda feira Jeová ficou sabendo que teria que ir até o centro de São Paulo, as 06h00min da manhã da próxima quarta-feira. Logo lhe veio à mente o fato de não poder “encontrar”, Vera. Ele pediu para que mudassem o horário, implorou, quase chorou, mas de nada adiantou, já estava marcado, e não restava outra alternativa senão obedecer e acatar. Na segunda e na terça, Jeová parecia querer explicar a Vera o porquê não poderia comparecer, e de certa forma sentia-se constrangido em faltar a um encontro com sua amada.

Quarta-Feira chegou e Jeová, que sequer havia conseguido dormir, foi ao seu compromisso, já que não podia fazer mais nada para mudar o fato.

Lá chegando, após espera de aproximadamente uma hora, Jeová, olhava as paredes em seus detalhes como se pintasse com um spray no olhar cada cantinho, cada fresta, cada detalhe.

Estava sentado numa cadeira, solitário, olhar ao léu, pensando em sua amada, imaginando-a.

- Como estará ela? – Onde estará? – Será que esta precisando de mim? Pensava ele. De repente seus olhos fitam uma miragem. - Vera! - É ela. Deus... - É Vera. Ela está ali, perto. Obrigado Senhor. Como é linda. ...Pensava ele, com os olhos brilhando e ia abrindo um sorriso à medida que se levantava da cadeira. Ela esta com os brincos de três de janeiro. O anel que usa sempre as segundas, quartas, e sextas, a blusa que estava no dia 06 de junho, não sabia que ela usava óculos... E pensando levantou-se, e num pulo quase acrobático, pôs-se a andar, depois correr, e avançava aos brados: - Vera. – Vera. –Vera. Meu amor. –Vera, sou eu. –Meu amor, sou eu, Jeová.

Neste momento, vozes estridentes, que ordenavam.

- Para. – Para, senão atiro. – Para, vagabundo. –Para. – Derruba o cara. – Vai, atira.

Mas Jeová continua a correr em direção do seu amor, sem sequer ouvir o que gritavam.

De repente, tiros, mais tiros, e mais tiros.

Um corpo ensopando de sangue um uniforme amarelo, cai como uma estatua, já sem vida bate no chão.

Homens mulheres, correm, uns em direção ao corpo e outros tantos em direção a mulher.

- Meritíssima, a senhora está bem? Pergunta ofegante o oficial. E a juíza, ainda tremula. – Sim estou. – Cada coisa que acontece neste Fórum. Arremata ela, com um suspiro de alivio ao ver aquele que a atacaria, jaz desfalecido no chão da sala de audiências.

Um agente faz um comentário.

– Esse cara era meio maluco mesmo, todos os dias ficava na janela da cela no Carandiru, esperando o metrô passar.

A juíza ainda ofegante arremata.

- Credo, vira essa boca pra lá. Eu pego metrô de segunda à sexta, no mesmo horário, preciso tomar mais cuidado - arremata a juíza.

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Texto historia e roteiro de: LUIZ ANTONIO NUNES- REGISTRADO M ®
E-mail: luizcruzilia@hotmail.com

A MORTE -- Caio Roberto Miranda

A MORTE
Caio Roberto Miranda


Não sei o que fazer,

Sem você fiquei perdido aqui

Num tempo sem volta...

Mas eu posso aprender comigo mesmo,

Aprender com os meus erros,

Aprender com minhas atitudes que me chateiam.

Eu tento me recuperar

Deste inferno que me persegue,

Da morte que me rodeia,

Da vida que pisa em mim.

Por você eu posso ser mais que sou,

Posso ser mais que a vida,

Posso te dar a minha vida.

Mas eu não sei onde está,

Ela se perdeu longe de mim.

E por isso que eu vivo sem alma e sem coração,

Pois é você que alimenta as minhas noites frias,

É você que alimenta a minha alma,

Você que alimenta a dor do meu sofrimento,

Você que me fez morrer,

Mas foi só por você

Que derramei lagrimas ao escrever este verso

E-mail: caiokurtnirvana@yahoo.com.br

Saudade -- Fernando Pessoa

"Um dia a maioria de nós irá se separar.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas
fora,
as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e
momentos que compartilhamos.
Saudades até dos momentos de lagrima, da angústia,
das vésperas de finais de semana, de finais de ano,
enfim...
do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para
sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo
destino, ou por algum
desentendimento, segue a sua vida, talvez
continuemos a nos encontrar quem
sabe... nos e-mails trocados.
Podemos nos telefonar conversar algumas bobagens...
Aí os dias vão passar, meses... anos... até este
contato tornar-se cada
vez
mais raro.
Vamos nos perder no tempo... Um dia nossos filhos
verão aquelas
fotografias
e perguntarão?
Quem são aquelas pessoas?
Diremos... Que eram nossos amigos.E... isso vai doer
tanto!
Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores
anos de minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes
novamente...
Quando o nosso grupo estiver incompleto...nos
reuniremos para um último
adeus de um amigo.
E entre lágrima nos abraçaremos.
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes
daquele dia em diante. Por
fim, cada um vai para o seu lado para continuar a
viver a sua vidinha
isolada do passado.
E nos perderemos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo :
Não deixes que a vida passe em branco, e que
pequenas adversidades sejam a
causa de grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que
tivessem morrido todos os
meus
amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus
amigos!"

FERNANDO PESSOA

Minhas fotos na feira de ciencias

sexta-feira, 20 de março de 2009

feira de ciencias.
sóoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
massaaaaaaaaaaaa


eu fiquei com o tema ___
da invensão da cachaça pelos escravos.

legaaaaalllllllllllllllllllllll.









letra de Versos Simples

Sabe, já faz tempo
Que eu queria te falar
Das coisas que trago no peito
Saudade, já não sei se é
A palavra certa para usar
Ainda lembro do seu jeito
Não te trago ouro
Porque ele não entra no céu
E nenhuma riqueza deste mundo
Não te trago flores
Porque elas secam e caem ao chão
Te trago os meus versos simples
Mas que fiz de coração

letra Ainda Gosto Dela

Composição: Samuel Rosa e Nando Reis
Hoje acordei sem lembrar
Se vivi ou se sonhei
Você aqui nesse lugar
Que eu ainda não deixeiVou ficar?
Quanto tempo
Vou esperar
E eu não sei o que vou fazer não
Nem precisei revelar
Sua foto não tirei
Como tirei pra dançar
Alguém que avistei
Tempo atrás
Esse tempo estáLá trás
E eu não tenho mais o que fazer, não...
Eu ainda gosto dela
Mas ela já não gosta tanto assim
A porta ainda está aberta
Mas da janela já não entra luz
E eu ainda penso nela
Mas ela já não pensa mais em mim
Em mim não...
Ainda vejo o luar
Refletido na areia
Aqui na frente desse mar
Sua boca eu beijei
Vou ficar
Só com ela eu
Quis ficar
E agora ela me deixou
Eu ainda gosto dela
Mas ela já não gosta tanto assim
A porta ainda está aberta
Mas da janela já não entra luz
E eu ainda penso nela
Mas ela já não pensa mais em mim
Eu vou deixar a porta aberta
Pra que ela entre e traga a sua luz...
Hoje acordei sem lembrar
Se vivi ou se sonhei
Você aqui nesse lugar
Que eu ainda não deixei
Vou ficar?
Quanto tempoVou esperar
E eu não sei o que vou fazer, não...-2x-
Eu ainda gosto dela
Mas ela já não gosta tanto assim
A porta ainda está aberta
Mas da janela já não entra luz
E eu ainda penso nela
Mas ela já não pensa mais em mim
Eu vou deixar a porta aberta
Pra que ela entre e traga a sua luz...

Livro " O que aprendir com Bruna sufistinha"


Histórias que nunca entraram no meu blogIInttroduçãoÉ muito fácil... Basta ficar ali, abrir as pernas e o serviço se faz sozinho,não? Eu também achava que seria mais ou menos assim a tal da "vidafácil". Para minha surpresa, as coisas eram um pouco mais complicadas.Mas cada profissão, reconhecida ou não, tem sua cota de segredos e delições. Quem nunca teve de cuidar de uma casa, por exemplo, tambémimagina que a vida das donas-de-casa seja uma maravilha: ficar em casa odia inteiro, fazer as coisas quando lhe der na telha, sem chefe para torrar apaciência. Ou, então, que o cotidiano do chefe é apenas mandar, enquantoos outros é que carregam o piano. Garanto que o rosário que uma dona-decasaou um chefe vão desfiar, se alguém lhes perguntasse se sua vida éfácil, garantiria horas de reais lamentações e justas reivindicações. Comigo,foi a mesma coisa.De repente, "abrir as pernas" era apenas a ponta do ice-berg das lições queeu deveria aprender a dominar. Eu tinha de ser, ao mesmo tempo,empreendedora, psicóloga, diretora de marketing, gerente de operações,secretária, gerente de produtos, confessora, office boy, gerente financeiro emuito mais — além de continuar a ser eu mesma, a Raquel. Passado o sustoinicial da avalanche de ter saído de casa aos 17 anos, a menininha mimadaque morava bem, tinha pai e mãe para se preocupar com o sustento, a casa,a escola, o dentista, o custo de vida, teve de dar mão à palmatória: serapenas filha e estudante, por mais que essas "profissões" também tivessemseu quinhão de tormentas particulares, era bem mais light. Mas nãolamento, mesmo.Eu perdi algumas coisas e ganhei outras. Aprendi muito nesses pouco maisde três anos de "vida fácil". Por mais que tenha tido altos (algunsmemoráveis) e baixos (muitos, como as drogas), sei que cresci como serhumano, amadureci e me sinto pronta para novos desafios. Por maiscômodo que pudesse ser continuar levando a vida da Raquel, mesmo comseus obstáculos, que muita gente conheceu ao ler O doce veneno doescorpião, foi a vida da Bruna que me ensinou lições importantes para queeu pudesse voltar a ser Raquel — porém, mais escaldada, escolada,calejada e sabendo um pouco melhor o que realmente importa na vida. Sejaela fácil ou não.Muita gente pode me acusar de estar apenas aproveitando meus "15minutos de fama" ao lançar este livro. Quem sou eu para julgar os que mejulgam? Mas achei que seria positivo escrevê-lo. Primeiro, porque muitagente, mesmo sem ter lido O doce veneno do escorpião, partiu para oataque, dizendo que eu estava fazendo apologia da prostituição e dasdrogas, incentivando, assim, meninas "desmioladas" a seguir o meuexemplo.Desse modo, resolvi encurtar o caminho, caso alguém pense seriamente empercorrer a trilha que eu já venci, entregando o "resumão", uma "cola", o"gabarito" de todas as lições que fizeram da Raquel a Bruna, e vice-versa.Porém, a última coisa que quero — e que faria — é propaganda da vidafácil e do caminho das drogas. E muito menos ficar pregando lições... Sóquem esteve lá sabe o que tudo isso significa, por mais idealizado que osoutros vejam. Sem lição de moral, entende? A segunda razão está no fatode eu sentir que minhas experiências podem ajudar outras pessoas dealguma maneira, gente que nem precisa ter sido, ser ou querer serprostituta. Se estou sendo pretensiosa? Talvez. Mas eis algo que, se for ocaso, quero que alguém me ensine. Na boa.Aqui, não vou contar a ninguém os "dez passos" para nada, nem vou dardicas de o que fazer ou não para ter sucesso. Não é disso que se trata. Essevai ser apenas um relato das lições que o mundo e a vida da Bruna meensinaram até este momento. Nessa curta, mas intensa trajetória, muitagente fez questão de não me enxergar, como se a simples admissão daminha existência ou de outras tantas garotas de programa, prostitutas, ouseja lá qual o nome que você queira dar, fosse o bastante para contagiá-loscom algum tipo de doença incurável. Essa foi a primeira lição: a de quetodo mundo merece respeito. Eu mesma, quando pequena, via como meuspais se referiam às putas de beira de calçada da Augusta. Estar do outrolado do balcão — ou, no caso, da janela do carro, mesmo que eu nuncatenha me prostituído nas ruas — foi uma descoberta: mulheres da vida nãosão a escória. Mas muitas vezes a escória se serve das putas.Nesse caminho estranho, em que se abre mão de tudo, porém, há muitagente que vai além dessa relação comercial e enxerga a pessoa que está ali.E um pouco como conhecer melhor aquele senhor mal-humorado queatende você todos os dias numa quitanda qualquer por aí. Todo mundo viveum papel na vida. O que me coube, naquele momento, era o da garota queabre as pernas em troca de dinheiro. Simples, não?Raquel PachecoTollerânciiaToda semana, acabava aparecendo um daqueles clientes que você paga paranão atender. Aquele que tem um papo muito chato; o outro que nem combanho e reza braba cheira bem; o rude, que transa como se fosse com umaboneca inflável, sem se preocupar se está machucando a garota ou não. E,claro, aqueles com o qual o santo não batia de jeito nenhum. Eu tive umdesses.No primeiro programa que fizemos, não me senti à vontade com ele. Umcara estranho, calado, parecia um daqueles malucos de filme de terror.Quieto, me olhava de um modo que me incomodava. Resultado: acho quefiz um dos piores programas da minha vida (e, acredito, da dele também).Ele não pediu nada de bizarro, como poderia parecer. Seu corpo tambémnão era repulsivo, apenas comum, tirando a falta de um bronze. Mesmoassim, me desagradava além do normal.Pediu para que eu o chupasse (o que fiz sem nenhum empenho ouprofissionalismo) e que deixasse ele gozar na minha boca (o que não deixeinem com camisinha, inventando um machucado). Se ele não curtisse oprograma, pagaria e certamente nunca mais voltaria. Mas, já que ele estavalá... Sugeri que ele gozasse, então, durante a transa. Fiquei de quatro e sófaltou eu abrir uma revista, lixar as unhas ou assistir à TV durante a transa.Não sei bem por que fazia isso, mas a simples presença daquele homem meincomodava. E eu deixava isso muito claro para ele, de propósito, aindaque a maneira de ele transar não tivesse nada de especialmente bom ouruim. Era apenas mais um cliente.Quando o programa terminou, não me senti culpada por nada, apenasaliviada. A raiva que eu tinha dele, sem motivo, parecia uma coisa decarma, sei lá. Ele voltou a me ligar na semana seguinte, porém nãoreconheci nem o número do celular dele nem a voz. Quando abri a porta,acho que até revirei os olhos, mostrando minha impaciência. O que pareciaimprovável aconteceu: a segunda transa foi ainda pior do que a primeira.Cheguei a bocejar durante o papis e mamis, depois de ficar totalmentealheia enquanto ele me chupava. De pura maldade, de sacanagem mesmo.E ele não disse nada, como de costume. Até me pagou, apesar de tudo.Anotei o número dele na memória do meu celular e passei a deixar deatender às suas ligações. Passou um tempo até que, certo dia, quem é queaparece de novo na minha porta? O mr. Estranho... Ele ligou de outronúmero e eu não reconheci a voz dele. Minha vontade era a de mandá-loembora, perguntar se ele não se tocava de que eu não queria nada com ele,nem que ele pagasse, humilhá-lo, sei lá. Mas, no meio daquela minha quaseexplosão, pela primeira vez eu pude ver além da minha irritação. E eu vium homem que me pareceu muito frágil, sozinho; que, ao me procurarnovamente, por pior que fosse o serviço que eu havia prestado a ele, estavame colocando acima dele. A seu modo, ele gostava de mim. Deixava issoclaro: estava ali, mais uma vez, ao alcance de minha intolerância e do meuorgulho bobo.Fiquei envergonhada. Justo eu, que já havia perdido qualquer pudor...Senti-me mais humana pelo gesto dele. Ele não via em mim, certamente,apenas a garota de programa que se propagandeava pela internet (e que jáhavia, inclusive, descrito no blog como tinha sido desagradável a transacom ele, mesmo que não tenha citado nomes, minha regra ética). Ele foitolerante comigo. Aprendi, portanto, a ser com ele.A transa não foi das melhores; nem tinha como. Mas foi tranqüila e seriaanônima, assim como centenas que tive, não fosse por essa pequena trocaque foi além de nossa relação comercial. Acho que ambos aprendemos algonaquela tarde. Nunca mais ele me procurou. Às vezes, fantasio até mesmoque ele não tenha sido real, que foi alguém que só chegou a mim para meensinar uma pequena lição. Quem sabe?Porém, nem tudo o que diz respeito à tolerância, no meu caso, tem a vercom coisas estranhas. De qualquer modo, depois disso aprendi a respeitaras manias dos outros. Eu tenho tantas — e detesto que me julguem porelas... Por isso, vale o lema: cada um com suas manias. Isso não quer dizer,em absoluto, que não possa botar reparo...Um cliente que me chamou a atenção, com quem me controlei para ficarquieta e não dizer nada, é um caso meio estranho — engraçado, nãoesquisito. Foi uma das poucas vezes em que fiquei sem reação, sem saber oque fazer na hora de transar. Afinal, era uma profissional. Ele entrou no flate não quis papo. Foi logo ficando peladão, tirando minha roupa e colocandouma camisinha. Parece que ele já entrou com o p... duro.Partiu para cima de mim num papis e mamis e ficou fazendo o movimento,alucinado. Só que tem um detalhe: o p... dele não estava dentro da minhabu..., estava só roçando na minha virilha. Eu fiquei pensando o tempo todose ele não tinha percebido ou se essa era uma tara dele. Achei melhor nãoperguntar. E se ele ficasse ofendido? Será que ele vai pensar que estádentro de mim e que sou uma arrombada? Vai saber... E não é que elegozou assim? Mais estranho ainda: ele ficava perguntando "estágostando?". "Uma delícia", eu respondia. No final, veio a pergunta:"Gozou?". Acho que quem estava de gozação era ele... Mas entrei nabrincadeira e disse que sim. Se já é difícil mulher gozar com o p... dentrodela, imagine fora.Fugindo um pouco da sacanagem... Ter de me submeter a algumas coisasme fez entender melhor todas as pessoas que critiquei a vida toda. Sei quetenho minha opinião, minhas convicções, mas não posso esperar que todomundo veja o mundo sob minha ótica.Pode parecer bobo, dizendo assim, mas agora sei que essa tomada deconsciência é um rito de passagem indispensável para quem queria crescer,como eu.RottiinaO dia de trabalho de uma prostituta também tem rotina, como o de qualqueroutro profissional. No entanto, devo admitir que havia algumascompensações que ajudavam a segurar a barra. Eu, por exemplo, nuncacurti acordar cedo. O mínimo que eu podia fazer para me compensar dalabuta que tinha hora para começar, mas nunca para acabar — dependendodos programas noturnos em casas de swing —, era iniciar o expediente sódepois do almoço.Assim, eu me entregava aos lençóis até às 12 horas, do jeitinho que vim aomundo. O banho, mais do que uma rotina, era parte do meu trabalho. Tinhade ser demorado, cuidadoso (e que também se repetia depois de cadaprograma). Preguiça de cuidar das unhas e do cabelo? Nem pensar. Seriacomo uma comissária de bordo toda desarrumada. Você aceitaria algoservido por ela? Nem eu...Meus cabelos, na verdade, não dão muito trabalho, pois são naturalmentelisos. Eu tinha de estar pronta por volta da hora do almoço, vestida,maquiada, cheirosa e bonita. Mas nada de exageros. A roupa, ao contráriodo que muitos imaginam, precisa ser provocante sem ser vulgar. Insinuarem vez de mostrar. E ser fácil de tirar (ou de ser tirada). E mesmo muitomais excitante... Ah, como é essa roupa? Bem, geralmente uma saia curta,um top ou uma blusa curta, que deixasse o umbigo de fora. Nos pés, umadaquelas sandálias de salto, para impor um pouco mais de tamanho (nomeu caso — rs). Por baixo das roupas, nada de lingerie cheia de frescuras.Claro que eu não usava calçolas. Mas eu preferia ser básica: calcinha dealgodão, geralmente branca, talvez com um detalhe em renda, discreto. Eusou jovem e tinha de tirar proveito da tara que isso provoca nos homens.Claro que havia clientes que chegavam a me trazer lingeries de todos ostipos, para satisfazer as fantasias deles. Alguns clientes já pediam para eume vestir de um jeito tal ou tal para quando ele chegasse. Eram poucos,mas havia. O mais comum era pedir que eu me vestisse como uma colegial.Ah, a pedofilia...Uma coisa que aprendi nessa vida: o primeiro cliente, o das 13 horas, quasesempre é casado, tem entre 30 e 35 anos, e procura discrição — por issousa o horário de seu almoço para a pulada de cerca. O cuidado com quependura a roupa no cabide, ou a maneira de evitar qualquer contatoenquanto está vestido, mostra que é precavido. Por isso ele chega de leve.Eu me divertia muito nesses programas imaginando que aqueles carascasadoiros poderiam ser casados comigo. Faziam bem o meu tipo...Depois que o risco de deixar provas do crime nas roupas é eliminado, acoisa esquenta. Fico me perguntando por que eles não pegam suas mulheresdaquele jeito. Seria vergonha? Seria por timidez da esposa? Ou talvez ofogo tenha se apagado, mesmo que transas quentes assim já tivessem sidouma coisa normal entre eles? Será que as mulheres não curtem dar ereceber um bom sexo oral? Pois, comigo, eles faziam e recebiam de bomgrado, e com certa maestria. Passado o tempo de lambidas e chupadas, essehomem casado quer mesmo é experimentar todas as variações possíveis:ser cavalgado, comer minha bu... comigo de quatro ou mesmo experimentarum tempero diferente no feijáo-com-arroz do papis e mamis — que é comoele curte gozar.Após o tempo protocolar de recuperação (é muito raro, posso afirmar comprecisão científica, "dar duas sem sacar da moringa". E quem diz queconsegue ou mente ou apenas expressa um desejo), geralmente partimospara um 69 comigo por cima, para reanimarmos a partida até que chegue oprato principal: comer minha bundinha. Se as esposas, namoradas e afinstivessem disposição para aprender, garanto que a dor passa a ser prazerdepois de algum tempo. Mas tem de se liberar de preconceitos e relaxar —muito. Na hora da segunda gozada, ele quer que seja na minha boca(mulheres, também não é tão ruim como se imagina, apesar de eu só deixarcom camisinha). Fim de jogo. Lá vai o meu cliente tomar seu banho evestir-se novamente de trabalhador-marido-pai-padrão. Sei que o próximojá me aguarda, mas vou tomar meu banho e tirar cinco minutos de soneca.Ninguém é de ferro.O segundo, na maioria das vezes, ou é estudante ou tem uma profissão quelhe permite ficar na rua, tipo vendedor ou algo assim. Afinal, já são 14horas. Não sei por que, mas a maioria dos mimos que ganhei, como caixasde bombons e outros, foram dados pelo segundo cliente. Também, emgeral, é nesse horário que vêm os reincidentes, aqueles que estão nosegundo ou terceiro programa comigo. E, por não estarem mais tímidos,curtem uma boa putaria... Melhor para mim. Brincamos de tudo: punheta,espanhola, chupadas, carinhos, fio terra no meio do 69, momentos de sexoselvagem e outros de namoradinhos. Por estarem mais à vontade, algunschegavam mesmo a dar três durante um programa. Claro que não sobramuito tempo para papo, mas o negócio dele é produtividade, certo? Então,vamos nessa!Chega a hora da sessão da tarde. Digo isso pois quem bate à minha porta,nesse horário, normalmente é um garotão, bem novinho. Eu não curtomuito, para ser sincera. E uma questão de preferência, só isso. Mas não dápara deixar de atender aquele garoto: pele macia e rosada, quase sem barba.O grande barato, já que não faz meu tipo de homem, é fazer um favor àsfuturas mulheres que vão cruzar o caminho dele: ensino a chupar direito,guio a transa, baixo a ansiedade dele e o ajudo a descobrir que mulher não éfoto de revista nem boneca inflável: mulher de verdade é diferente. Porisso, a transa deve ser gostosa para os dois, numa boa. E ele foi um bomaluno, me fazendo gozar com sua boca jovem e sem a aspereza da barbados mais velhos. Parecia uma mulher me chupando, de tão suave que foi.Pena que, na hora da penetração, ele gozou rapidinho, pois já vinha de umachupeta gostosa na qual me apliquei especialmente. A segunda demorouum pouco para acontecer, pois ele voltou a ficar ansioso e o p... dele nãosubia. Depois que conseguiu, contudo, a coisa engrenou: foi uma transamais demorada, com ele me comendo no papis e mamis.As 16 horas foi a vez de uma dupla de garotões. Ganha um doce quemadivinhar o que eles querem experimentar... DP, claro. Sim, a famosa duplapenetração. O começo é sempre estranho para os caras. Não sei se ficamenvergonhados ou tímidos pela presença de outro homem nu na cama. Ou,vai ver, a proximidade do p... de outro homem é que intimida os maisinseguros, o medo da comparação ou de falhar. Coisas da cabeçamasculina.Chega uma hora, porém, em que o constrangimento da situação desaparecee eles descobrem o bom da festa, e então relaxam. Aí é que a coisa começaa ficar interessante. Sempre começo com um revezamento de chupetas.Dependendo do tamanho, sempre tento enfiar os dois juntos na boca, brincocom as bolas deles, punheto um enquanto chupo o outro.Hora do show! Escolho sempre o mais bem-dotado para colocar deitado decostas. É ele que vai comer minha bu... Depois, com cuidado para nãodeixar escapar, arrebito minha bundinha. Nesse dia, tive uma surpresa: ooutro cara resolveu dar um banho de língua no meu buraquinho antes de meinvadir. E olha que ele nem ficou muito intimidado com a proximidade doamigo que comia minha bu...Com algum esforço (não é fácil, mesmo), ele conseguiu se encaixar naminha bundinha. Isso me deixa plena, em todos os sentidos. Nas primeirasvezes, confesso, é um pouco incômodo. Porém, com o tempo e aexperiência, você aprende a relaxar bem o ânus e descobre a melhorposição. Você sente dois p... dentro de você, como se fosse um polvo,entrando por todos os seus buracos. Só não dá certo se um desses caras formuito ansioso. Isso porque tem de saber mexer um de cada vez, tudo emum ritmo muito próprio: um vai e o outro volta. E eu galopava gostoso,seguindo o ritmo, como em um galope de verdade: se não souber montar,fica batendo o cóccix na sela...Sabe que às vezes eu acho que homem curte DP porque não tem coragemde tocar no p... de outro e aproveita a oportunidade? Afinal, é uma paredebem fina que separa os dois dentro de você. Eu consigo sentir o esfregaesfregados dois p... dentro de mim. Eles também devem sentir. E é muitoengraçado ver como os dois ficam cuidando para não se encostar de jeitonenhum. Mas tem horas que não dá. Os garotões deste programa, porexemplo, pediam desculpas um ao outro cada vez que esbarravam na coxa,nas pernas, ou apenas na mão do outro. Como não tenho sonho nemvontade de ver dois homens se pegando, melhor para mim, certo?Perto do final da tarde, surge um casal de amantes. Não entendi direito sesão casados com outras pessoas. Disseram-me apenas que são "parceiros desexo". Acho a idéia muito moderna, de verdade. Sem envolvimentoemocional, assumem o tesão que sentem um pelo outro e buscam manteressa atração experimentando tudo juntos. E como experimentam!Ele queria se passar por voyeur de duas mulheres se pegando. Não acheinada mau atender a esse pedido. Até porque ela era muito interessante.Magra, com seios pequenos mas apetitosos, bem branquinha, sem ser"leitosa". Pelo jeito como as coisas começaram, percebi que não era aprimeira vez dela com outra mulher. Apesar de arfar muito, gozar váriasvezes, ela não fazia o tipo "filme pornô" — e a transa foi bem gostosa. Eunem me lembrava do cara, que ficou na beira da cama, se acabando numapunheta alucinada.Foi só depois de nós duas termos experimentado tudo uma com a outra,mas sem falos ou consolos, apenas com nossos dedos e línguas, que eleentrou na brincadeira. Nós duas fizemos dele um verdadeiro sultão, servidopor duas gatas já muito satisfeitas. Nem cheguei a transar com ele, já queela tratou de cuidar daquele p... enorme e muito duro. Ele comeu a bu...dela, que cavalgava gostoso, enquanto eu me coloquei de cócoras sobre suaboca, para ele me chupar gostoso. E nós duas ficamos livres para continuara brincar uma com o peito da outra, trocando beijos deliciosos. Mal vimoso tempo passar e já eram 19 horas. Game over. Eu tinha de descansar umpouco e me preparar para mais tarde fazer um programa com um cliente noswing. A noite prometia.Bem, essa era minha rotina — igual à de qualquer prostituta com umaagenda cheia de compromissos. Contei tudo isso por uma razão: paramostrar que, se você substituir os programas por tarefas de outras pessoas,um homem de negócios ou uma dona-de-casa, por exemplo, tudo no finalvira uma repetição meio sem fim. Duvida? Troque a palavra "programa"por reuniões de trabalho ou por arrumar-a-casa-levar-o-filho-à-escola-fazero-jantar. Quando a gente está fora de uma realidade, sempre tende aromantizar a do vizinho. No fundo, as coisas são todas muito parecidas.Mas não posso negar: aprendi que eu gostava do que fazia — o que sempreajuda a enfrentar o cotidiano.RelliigiiossiidadeDurante toda a minha vida, criada na tradicional fé cristã, acreditei emDeus, nos princípios do cristianismo — mesmo que não fosse praticante.Mas nada disso impediu que, assim como minha família, eu meaproximasse do espiritismo. Na verdade, não me vejo "praticando" umareligião, mas tendo fé nos seus princípios. Se Deus (ou Buda, ou outronome que cada cultura dá ao seu Ser Superior) é um denominador comum,sei que a fé chega até Ele.Desde pequena, meus pais me ensinaram que ter fé não significa ter crédito,aquela coisa de ficar pedindo, negociando coisas. Isso me fez uma pessoaque nunca rezou pedindo nada, para ninguém. A única vez que pedi algoem minhas orações foi para meus pais: queria que eles pudessem ficar bem,ser felizes, apesar de tudo o que eu vinha fazendo para eles.Se passamos por alguma dificuldade ou provação, temos de entender quetudo faz parte de um plano maior, que carregamos sob a forma de carma.Assim, segundo os preceitos do espiritismo, temos repetidas chances demodificar ou "resgatar" esse carma a cada encarnação — quandoreencontramos as pessoas de vidas passadas para poder "fazer diferente".Se isso é verdade, não sei. Não vou impor isso para ninguém. Mas, comoacredito nessas verdades da religião, por mais sofrimento que eu tenhapassado e feito outras pessoas passarem, sei que nada foi gratuito. Nada aver com "quem deve para quem". Contudo, essa intricada teia que seformou em torno da minha adoção, de tudo o que minha família e euvivemos, da chegada da Bruna e da sua própria história, está longe de sedesfazer.E é essa fé que me faz acreditar — e batalhar — na reaproximação commeus pais. Não quero deixar passar a chance de tentar, se não consertar, aomenos reiniciar nossa história, aproximando nossas vidas e finalmenteresgatando esse carma que nos colocou juntos. Isso, tenho certeza,independe do tipo de religião na qual cada um acredita. Se todas elas têmno aprimoramento do ser humano em sua passagem por esta vida seuspilares, a mensagem serve tanto para quem crê numa seqüência de vidasencadeadas quanto para os que vêem nesta existência sua chance paraterminá-la como seres humanos melhores.Com tudo o que vivi como a Raquel adolescente e a Bruna, sei que crieinovos "pecados", dos quais terei de me "redimir" de alguma maneira,desfazendo tudo de mau que minhas ações causaram às pessoas que mecercam. Eis um belo desafio que tenho pela frente. Conto com minha fépara conseguir ter forças para chegar lá. A lição que ficou é que não dá parapassar por essa vida impunemente.HomossssexualliidadeNunca tive muitos problemas com quem curte ir para a cama com pessoasdo mesmo sexo. Talvez seja porque eu mesma sempre tive muitacuriosidade (ok, vontade mesmo). No colégio, dava para ver quais eram osmeninos que levavam jeito, assim como as meninas. Mas eu conseguiaperceber, também, que isso não era determinante. Tem horas em que estarcom o sexo oposto é gostoso. Tem horas em que estar com o mesmo sexo égostoso. Ou com os dois ao mesmo tempo.Mesmo tendo experimentado muitas vezes o sexo com outra mulher (com amaioria delas em programas, e com algumas por gosto mesmo), há duasmemórias que eu nunca vou esquecer: a primeira vez, com minha amiga doBandeirantes, e certa noite, num swing. Nesta ocasião, havia todo o tesãode experimentar algo novo com alguém que conhecia e em quem confiava.Na segunda, o tesão bateu mesmo.Eu estava de bobeira com um cliente meio mala, que parecia não estar sedivertindo muito. Certamente não estava. Resolvi ir à luta por minha contae risco e inventei que tinha de ir ao banheiro. Então fui dar um role. Parapiorar as coisas, só tinha gente desinteressante, uns homens nada a ver eumas tias. Nunca me senti atraída por elas. Porém havia uma que mepareceu chamativa. Não pela aparência, mas pelo jeito com que me olhou.Ela me despiu com os olhos, no entanto não foi de um jeito vulgar. Difícilde descrever. Só sei que aquele olhar fez com que eu automaticamente meesquecesse de que ela era uma "tia" e fui ao seu encontro na sala onde elatinha os peitos sendo chupados por um coroa; acho que era o marido dela.Cheguei perto e fiquei apenas observando a cena. Meu cliente havia meseguido, apesar de eu nem ter notado sua presença. Ela me perguntou se eunão gostaria de participar da brincadeira. Sem nem piscar, disse que topariaqualquer coisa, desde que fosse apenas com ela. O parceiro dela e o meucliente, meio altos, sugeriram irmos para um dos reservados.Algo mágico aconteceu quando eu dei o primeiro beijo nela. Sabe aquelacoisa de o beijo combinar? Pois é... O nosso combinou como poucas vezesna minha vida. Um beijo com cheiro bom, textura da língua gostosa,movimento sedutor, saliva na medida certa, lábios aconchegantes. Se elabeijava assim na boca, imagina o que não faria na minha bu...Confesso que me entreguei. Não era a garota de programa que estava ali,mas uma mulher completamente seduzida por outra. Costumo serdominante, mandar. Naquele momento, porém, me deixei levar. Queria serservida. As mãos dela passearam por todo o meu corpo, com um toque nemtão delicado que não provocasse tesão, nem tão rude que me fizesseesquecer que estava com outra mulher.Suas mãos tocaram meus seios, massagearam meus mamilos, escorregarampela barriga e percorreram minha cintura até chegar à minha bundinha.Logo depois, uma língua com vida e vontade próprias perfazia o mesmocaminho, porém sem se desviar para as costas: seguia direto ao meu bemaparado monte de pêlos, brincando com eles como quem, ansiosa porencontrar refúgio, cavava seu caminho em direção a minha bu... Foi umchoque de alta voltagem. Mal ela tocou sua língua nos meus lábiosvaginais, senti minhas pernas estremecerem. Praticamente com ela colada amim, dei um jeito de me deitar. Com calma, mas também com firmeza, elame invadia como quem adivinhava meus pensamentos: bastava eu desejarpara ela ir mais devagar, mais depressa, mais fundo ou mais de leve, queela obedecia.Nos vários orgasmos que tive, devo ter arrancado muitos fios de cabelodela, já que segurava com força dois tufos, um em cada mão, como quemquer parir para dentro, tudo para fazer com que ela não desgrudasse de mimnem por um segundo.Sentir suas mãos delicadas segurando com força minhas coxas enquanto sedeliciava com minha bu... era um complemento perfeito. Nem me importeiem tentar retribuir tudo aquilo. Fiz mesmo o papel da menininha impotentediante de um ser dominador. Gozei muito naquela noite. Depois que nosdespedimos com um beijo delicado e um abraço quase apaixonado, apresença de meu cliente me fez voltar à realidade. Nós acabamos nemtransando, mas naquela noite ganhei duplamente: o dinheiro do programa euma transa inesquecível.Na vida que levei, aprendi que, quando a gente quer algo, tem de ir atrás, eque, na busca pelo prazer, não existe distinção de raça, cor, credo ou sexo.O máximo que vai acontecer, depois de uma abordagem, é você ouvir umnão. Ali, com aquela mulher e naquele ambiente, nenhuma das duas dissenem ouviu um não — cujo risco era mínimo. Claro que paquerar alguém domesmo sexo pode embutir um perigo extra: o de levar uns bons tabefes. Oque é mais comum entre homens, ao menos pelo que ouvi falar e pude ver.Se os homens se permitissem deixar a atração rolar desse jeito, não digoque todos curtissem ter uma relação homossexual, mas que teriam de secontrolar muito mais... ah, isso teriam, sim. Afinal, tesão não escolhe razão.É tudo química, não é?Homens, lembrem-se: todo mundo sabe que vocês, quando moleques ouadolescentes, não têm qualquer pudor em se masturbar uns na frente dosoutros, de medir o p... um do outro. Depois que viram adultos, ficaminseguros e implicam com essa coisa de mulheres indo juntas ao banheiro.Que insegurança! Eu sei que sou mulher, gosto de ser mulher e não mesinto menos mulher quando sou atraída por outra. Permitam-se mais,garotos. E se descobrir (nem sei se essas coisas a gente descobre ou jánasce sabendo, mas não admite) que gosta da coisa, vá à luta. O negócio éser feliz, completo. Mas sempre com camisinha, com respeito, com prazer.Isso vale para todo mundo, sempre.VergonhaToda vez que me perguntam se eu sinto vergonha do que fiz, a respostavem de bate-pronto: "não, não me envergonho". Sabe por quê?Particularmente, me envergonho muito mais das coisas que fiz com minhafamília, de ter roubado, enganado, mentido. Na prostituição, não existenada disso. É preto-no-branco, tudo combinado. E o combinado não é caronem barato, certo?Foram muito poucas as vezes em que me senti intimidada por alguém porcausa da minha profissão. Uma porque eu nunca deixei; sempre soube meimpor — diante de clientes, diante da sociedade. Outra por pensarexatamente isso: eu não estava trapaceando, não estava roubando, nãorecebia mensalão e vendia algo que sempre me pertenceu.Claro que, no começo da profissão, tinha um certo pudor de tirar a roupa nafrente de estranhos, de ver estranhos sem roupa etc. Mas isso durou pouco.Não há nada mais natural do que o corpo humano. Nem por isso a primeiravez deixa de ser algo estranho.Naquele quartinho do prive, com aquele cara que era metido aginecologista (veja a história em O doce veneno do escorpião), eu nãosabia direito o que fazer. Embora não fosse virgem, já havia me despidopara os namorados. Naquela situação, contudo, não tinha paixão algumaenvolvida. Não sabia o que esperar: se eu tirava tudo e ficava esperando, sedeixava rolar um clima e ele tirar a minha roupa. Muito estranho...Eu tinha de, ao menos, fingir que dominava a situação. Como o cara nãofez menção de tomar a iniciativa, percebi que seria do jeito mais inusitado:ele tirava a roupa dele e eu a minha, bem "profissional" (depois de algumtempo descobri como fazer do striptease um algo a mais no programa).Fiquei meio na dúvida se pendurava a roupa, já que o meu cliente semostrou bem preocupado em não amassar a dele. Clima zero... Por maisque soubesse exatamente o que estávamos fazendo ali, as mãos subiramautomaticamente para os seios, enquanto minha calcinha sobrava em meucorpo. Da mesma maneira, não pude evitar aquele olhar de avaliação sobreo corpo dele. Nada era sexy. Apesar de as meias não terem furos, nadaprovocava excitação. A cueca dele era normal, azul-marinho (eu tenho tarapelas brancas). Mas não eram as minhas vontades que mandavam ali. Decueca mesmo (ainda bem que tirou as meias. Não há nada mais brochantepara uma mulher, seja ela GP ou não, do que cara que transa de meia.HOMENS, POR FAVOR !!!).O corpo dele estava longe de ser feio. Porém, em igual distância estava doque me "acende" na cama. E as minhas mãos insistiam em ficar nadefensiva. Quando finalmente consegui baixá-las, éramos dois estranhos,quase totalmente nus, frente a frente. Por fim, ele tomou a iniciativa e mepediu para deitar; tratou de tirar minha calcinha. Daí para a frente, já queaquilo tudo era inevitável, eu queria mesmo era relaxar (na medida dopossível na situação) e gozar (ou deixar ele gozar, pois a festa era dele).Afinal, a última coisa que o cliente faz é julgar você. Por isso, a vergonhapassa logo. Estamos todos no mesmo barco.Algumas coisas conseguiam me deixar, talvez não envergonhada, mastímida. Principalmente quando algum cliente me pedia algo que eu nuncahavia feito. Foi assim quando o primeiro me pediu para ser o "bruninho".Claro que eu já sabia que isso existia, mas saber é uma coisa — fazer éoutra bem diferente.Eu até tinha achado o cara interessante, apesar de ele ser bem tímido. Pelaaliança, vi que era casado. Achei que, na hora em que ele soltasse o"monstro" de dentro dele, teríamos um programa alucinante. No começoaté foi. Muito oral, de ambas as partes; muita pegação forte. Quandoestávamos embalados no meio de um 69, ele enfiou um dedo no meu c...Deixei. Mas, de repente, ele puxou minha mão em direção à bunda dele(linda, por sinal). Comecei a pegar nela, mas ele insistiu em guiar minhasmãos e entendi: hora de fazer fio terra. E lá foi meu dedo cumprir a missão,na boa. Não era o primeiro que me pedia.Quando partimos para a transa, ele me pegou de jeito e meteu em mim dequatro. Depois que gozou, falou diretamente pela primeira vez: "você topame comer?". "Se você deseja", respondi disfarçando bem a surpresa. Nadaa ver com julgamentos, de imaginar o cara como gay, nada. Já me armeicom o cinto especial, aquele que vem com um p... acoplado, ele ficou dequatro e eu o comi, sem-cerimônia. E não é que o cara agüentou tudo naboa, sem reclamar?Mas não ficou gemendo nem fazendo frescuras. Foi macho do começo aofim.Com a freqüência com que isso passou a acontecer, logo virou rotina, coisabanal. Outras novidades foram se somando ao cardápio de taras no meudia-a-dia. Foi a mesma coisa quando um cliente me pediu para fazer achuva dourada em cima dele. O máximo foi quando um cliente me pediuuma chuva negra. Tive de fazer um esforço muito grande para satisfazer avontade dele (já que eu não estava com vontade nenhuma). Conseguirespirar fundo e vencer aquilo de alguma maneira. Até garotas de programatêm de manter o mínimo de privacidade e de pudor em alguma coisa. Nocaso das prostitutas, aprendi, nesse dia, que nem isso era permitido. Eu atésabia que isso existia, mas esperava nunca ter de encarar... Confesso quetive de vencer minha vergonha, me concentrar muito e lembrar, para mimmesma, que aquilo não era eu. Tinha de tentar manter o mínimo desanidade para passar por aquilo sem ter de correr depois para puxar umasduas carreiras bem batidas de pó.Outro dia li que há muitos médicos e executivos que usam droga por causado trabalho. Deve existir um correspondente à chuva negra no dia-a-diadesses caras, com certeza. Olha lá eu, já mudando de assunto de novo.Pensando bem, não estou mudando de assunto. Por alguma razão, por maisque fosse o meu cliente quem quisesse ser humilhado — e tirar prazerdessa estranha humilhação —, eu estava indo muito além dos meus limites.O resumo da ópera é que fiz, sim. E isso me fez muito mal. Também mesenti humilhada. Primeiro, porque tive de fazer um esforço muito grandepara vencer minhas próprias barreiras. Depois, porque essa é uma dascoisas que gostaria, se fosse possível, de apagar da minha memória. Nãome envergonho de ter feito, mas senti vergonha de precisar ter feito.Entendeu? Acho que nem eu.EmpreendoriissmoDesde sempre, gosto de dinheiro. Assumo. Quem não gostar que atire aprimeira moeda (de preferência, perto do meu cofrinho). Tive uma fasedifícil, é verdade, que envolveu uma relação meio doentia com o vil metal,que vinha desde a infância. Afinal, foi por conta dela que acabeiaprontando com meus pais, vendendo escondido as jóias da minha mãepara poder comprar drogas e outras bobagens, apanhando muito por causadisso e quase indo parar na Febem. O final dessa história foi eu sair de casapara cair na vida.Se eu já era meio rebelde quando ganhava o meu sem precisar fazer muitacoisa, na casa dos meus pais, imagina o choque de ter de trabalhar numprive, enfrentar todo tipo de cliente (se não topasse o programa tinha depagar do bolso a parte que caberia à casa) e dar metade de tudo o que euganhava a uma cafetina. Tudo bem que havia a casa, a estrutura, asegurança e algumas comodidades. Mas eu não nasci para ter chefe — quedirá sócios. Ao menos não um do tipo que deixasse a parte dura do trabalhopara mim.Senti que eu tinha dentro de mim a semente do empreendedorismo. Resolvialugar um flat e, mais uma vez, saí de casa — dessa vez deixando para trás,em vez de meus pais, uma cafetina. Hoje vejo que não planejei muito, poiso que eu queria era sair do prive. Foi tudo muito impulsivo, concordo. Nãorecomendo isso a ninguém, pois a chance de dar errado é muito grande. Eunão tinha idéia de quanto eu precisava ganhar para levar uma vidaequilibrada (financeiramente falando). Enfim, era bem amadora. Tanto que,passado o "salto no escuro", caiu a ficha: agora, tudo era por minha conta erisco. Só aí me ocorreu que era preciso fazer contas. Sim, tinha de saberquanto eu realmente precisava para pagar os meus "custos fixos": aluguel econdomínio do flat, despesas de alimentação, cuidados médicos e de beleza(os dois últimos básicos para o meu "negócio"), transporte e como investira receita. Foi quando tive o primeiro susto: teria de trabalhar muito paracobrir essas despesas e, de saída, ainda cortar alguns supérfluos. No meucaso, eram as drogas — responsáveis por boa parte dos meus gastos.Enquanto estive no prive, mal me importava em cheirar no final da noitequase tudo o que ganhava durante o dia: no dia seguinte viria mais. Agora,era diferente...Conversei com alguns amigos e também com clientes que pudessem me daralgum toque. Eu não sabia sequer o que fazer com o dinheiro. Por váriosmeses eu o guardei em um saquinho, pois nem sabia como abrir uma contano banco. Durante muito tempo passei pelo medo de estar com o dinheiro.Mas isso logo se resolveu. O maior problema, mesmo, era dominarcompletamente o negócio. Agora, tudo era comigo: os brinquedinhos paraos clientes, bem como camisinhas, toalhas limpas, sabonete líquido (paranenhum cliente correr o risco de encontrar pêlos de outro cara no sabonete)e todo o resto, o agendamento dos programas, o gerenciamento de custos."Abrir as pernas", na maioria dos programas, era a parte mais fácil.Algumas vezes, por exemplo, eu me esquecia de checar o estoque detoalhas limpas, me descontrolava. Resultado: tinha de comprar novas, poisnão podia interromper o atendimento. No fim da minha carreira, tinha maisde oitenta toalhas brancas. Dava para abrir um bazar. Um verdadeirodesperdício de capital.Para os negócios propriamente ditos, fiz também uma pesquisa informal,basicamente um bate-papo com as "primas", para saber como cada uma sevirava. No fim das contas, eu teria de escolher entre dois "posicionamentosempresariais" dentro do negócio: ter alto giro, oferecendo serviços por umcusto menor, ou girar menos, mas ganhar mais a cada programa.Dei uma sondada com algumas primas desse último time. Elas chegavam acobrar até 500 reais por um programa simples. E tinham clientes, apesar dopreço. Segundo elas, havia muito tempo de sobra, trabalho picado empoucas sessões por semana. Porém, eu detesto ficar sem fazer nada e játinha colocado em mente ganhar o máximo possível no menor espaço detempo. Esse ramo é como o futebol ou a vida de modelo: tem prazo devalidade — e bem curto. Além disso, minha personalidade agitada nãoservia para essa coisa de "ficar esperando". Eu queria que as coisasacontecessem depressa. Fui para o giro rápido.Espero que ninguém imagine que isso significava serviço ruim, impessoal,do tipo fast-food. Longe disso: não é só preço que conta no meu ramo. Sevocê aliar qualidade a um custo razoável e souber fazer seu marketing,você se torna imbatível. Hoje eu sei, mas na época foi puro instinto. Comonão queria morrer fazendo programa, por mais que estivesse ganhandobem, precisava colocar uma meta. A minha era parar de me prostituir. Issome levou a um outro ponto: quanto quero ganhar e em quanto tempo? Equanto eu consigo de lucro (o tal "receita menos despesas")? Eu já tinha emmente a vontade de parar de fazer programas, não sem antes conseguirjuntar uma boa quantia. Tudo dependeria, então, do meu planejamentoestratégico.Foi aí que inventei a história de fazer uma lista de tudo o que eu queria paramim, somar o preço dos itens e pegar o total que eu queria conseguir meprostituindo. Deu uma grana preta. Mesmo assim, resolvi dividir omontante em quinhentas cotas. Cada vez que atingia uma dessas cotas,depositava em um banco e riscava no meu caderno o númerocorrespondente à cota alcançada. Isso facilitou atingir o objetivo: nãopensar na meta final, mas ter diversas metas menores ao longo do caminho.Deve funcionar em qualquer situação e, quando eu quiser poupar paraconseguir algo, vou repetir a dose.Próximo desafio: eu tinha de me fazer conhecer para além dos clientes queme acompanharam do prive. Se a propaganda é a alma do negócio, no meucaso ela era o corpo também. Acabei anunciando em alguns sites. Dão bomresultado, mas é tudo meio loteria. Explico: uma das vantagens que vocêtem ao trabalhar para alguém é que tudo é responsabilidade do chefe, nomeu caso, do cafetão. E como um emprego normal. Se falta toalha, vocêcobra do cafetão. Se acabou o sabonete para os clientes, reclame. Se umcliente ameaça você, chame pelo chefe (ou pelo segurança). Se os negóciosnão vão bem, culpa do chefe. Se vão bem, como sou "a boa".Algum tempo depois que me transferi para o flat, numa das minhas noitesde depressão, comecei a procurar na internet algum blog que falasse sobregarotas de programa. No começo, queria apenas ver se todas passavampelas mesmas coisas que eu. Para minha surpresa, não havia muita coisasobre GPs além de sites com ofertas de serviços e outras bobagens. Uni oútil ao agradável: sempre tive tara pela internet, amo computadores e passohoras navegando. Já que não existia nenhuma GP disposta a contar sua vidaem um blog, então que eu fosse a primeira. Bingo! Ser a pioneira, como aexperiência se revelou depois, trouxe frutos que eu não esperava, deverdade.Na prostituição, o boca a boca conta muito (não é sexo, pô, é quando asnotícias se espalham...). Homens, apesar de dizerem que as mulheres têm alíngua solta, não resistem a contar aos outros suas transas e também acontar vantagens. Isso já funcionava muito bem comigo, pois sempre vinhaalguém querendo conhecer a garota que foi tão elogiada por fulano oubeltrano. Porém, quando comecei o blog descrevendo meu dia-a-dia,minhas transas com clientes, atribuindo-lhes notas e tudo, a coisa virouuma febre.Em pouco mais de dois meses, o meu blog era um dos maiores sucessos dainternet. Isso fez muito bem para os negócios... Os clientes vinham atémim, sem eu ter de correr atrás deles. Sei que isso não serve para qualquerramo de atividade. Mas qual GP imaginaria que a internet fosse funcionartão bem? A gente nunca deve desprezar nenhuma idéia, por mais estúpidaque ela pareça à primeira vista. Admito que eu mesma achei isso nocomeço.Talvez inovar seja um sinônimo para empreender. Nem sei se tem a vercom as "bíblias" de marketing essa minha idéia — mas estamos aquifalando de instinto, de iniciativa, de aceitar os riscos e aprender sempre. E,no fundo, de fazer aquilo que você acredita que esteja certo, tendo, porém,clareza de saber se está fazendo bobagem e corrigir a tempo.Resspeiitto e Amor--própriioEis uma coisa que todo mundo precisa saber: respeito é a base de tudo. Seique as prostitutas estão no ponto mais baixo da "cadeia alimentar" dasociedade humana. Mas não estamos sós: já vi cada barbaridade cometidapor gente muito "fina" contra garçons, arrumadeiras, motoristas de táxi... Alista é longa.O caminho mais fácil para deixar essas coisas acontecerem é simplesmentedeixar que elas aconteçam. O caminho mais rápido para isso é a falta deamor-próprio. Nada como ser humilde ou saber qual é o seu lugar — coisaque escutei muito durante minha vida toda. Sabe aquela coisa de alguémem posição subalterna puxar conversa e depois alguém perguntar: "será queele não sabe o lugar dele?". As pessoas não sabem como se portar diante depessoas que se respeitam e têm amor-próprio.Explicando: na vida de todo mundo, sempre aparece alguém que, para sesentir melhor, humilha o primeiro que encontra. É a teoria do "chutar ocachorro". O sujeito leva uma comida do chefe, desconta na secretária. Ela,por sua vez, resolve salvar o dia dela ralhando com o boy — que por suavez chega em casa e solta a raiva no irmão menor. O coitadinho, na falta dealguém menos graduado, chuta o rabo do cachorro da casa.Quando você está sozinha em um quarto com um homem estranho, vocênão tem como "levantar a ficha", ficar fazendo inventário do estado deespírito do cliente. Como saber se o sujeito está a fim de humilhá-la, defazê-la ser o "cachorro" da história? Para evitar saber a resposta, o negócioé se impor. Não com arrogância, mas deixando claro que estamos nomesmo patamar: duas pessoas que estão ali para fazer a mesma coisa.Nunca trabalhei em uma empresa, por exemplo, mas acho que nãoabandonaria minha tática.Nas poucas vezes em que aconteceu um desrespeito comigo nas casas ondetrabalhei, simplesmente saí. Nas ruas, ando com um pouco de receio,confesso.Imaginem se alguém começar a me chamar de puta no meio dosupermercado? Mas isso não vai acontecer, por causa da postura. Paraquem imagina que uma ex-garota de programa é um bicho, o negócio ésurpreender: ser o mais comum possível, vestida como qualquer garota deminha idade, comportando-me como qualquer garota.É verdade que tive muitas primas que não enxergavam assim, e faziam desua agressividade um escudo. Era a tática de "o ataque é a melhor defesa".Já vi muito isso acontecer também com amigos gays. Eles fazem questãode, sob uma falsa capa de ser assumido, agredir antes que alguém agrida,soltando a franga a qualquer tempo e em qualquer lugar; fazem questão debeijar o namorado na frente de quem quer que seja. Imaginem uma garotade programa agindo o tempo todo como uma... garota de programa.Chamar de tesão o caixa do supermercado, elogiar a bunda do passageiroao lado no metrô, chegar junto e oferecer um programa por tantos reais.Sei lá, acho que tudo deve ter hora e lugar. Nunca me senti ameaçadaenquanto fiz programas. Teve até um cara que — eu não sabia antes — erasádico e gostava de bater nas garotas de programa com quem ia para acama. Felizmente, só soube disso depois da transa: ele confessou, dizendoque não tinha tido coragem de me bater, pois eu parecia uma garota"normal"; disse que no dia seguinte ia pegar uma puta para dar uns bonstapas. Bem, se essa desavisada não se deu o respeito, não tem amor-próprioa ponto de não se impor, certamente realizou a fantasia do meu cliente... Eolha que nem precisa ser GP para se impor mesmo. O que eu já ouvi dehistórias de mulheres, namoradas, amantes e outras que são humilhadas,não dá para contar. GP ou não, sou e tenho de ser mais eu.MarkettiingDesde que entrei na vida de putaria, já sabia que aquela situação teria umcurto prazo de validade. Esse era apenas o primeiro passo para que eupudesse ser eu mesma, trilhar um caminho próprio. Meio pretensiosoquando você simplesmente abandonou o colegial, não tem nenhum preparopara exercer profissão nenhuma ou a menor idéia do que vai fazer da vida.Toda vez que converso com adolescentes, percebo hoje que aquele desejoque eu tinha de ser dona do meu nariz não foi uma exclusividade daRaquel. Ainda assim, fui dar a cara para bater. E apanhei muito, podemacreditar. O prive foi o caminho que eu escolhi, na absoluta falta de outro.De cara, percebi que as coisas não seriam muito fáceis, o que só fezapressar minha decisão de sair dessa vida. Porém, aquele era apenas oprimeiro dia.Por mais que a fantasia de fazer sexo com um grande número de pessoas,homens e mulheres diferentes, realmente me excitasse, não queria fazerdaquilo a minha profissão. Mas aí é que entra a sinuca de bico na qual memeti. De um lado, o prazer desenfreado de uma vida sem limites:literalmente, sexo, drogas e rock-'n'-roll — não necessariamente nessaordem. E grana entrando todos os dias. De outro, uma menina infeliz, massem coragem de pedir arrego para os pais, já acostumada (ou seriaresignada?) com tudo aquilo. Eu não tinha chegado até ali para nada.Quando eu finalmente encontrei no blog uma maneira de me expressar, decontar para as pessoas um pouco mais de mim, descobri que o que euqueria, de verdade, era ser reconhecida. Não que eu quisesse ser uma popstar.Porém, já que estava naquela vida, queria ser a melhor. De algumamaneira, isso me faria diferente, menos "um pedaço de carne" ou apenasalguém com uma história que os outros queriam ouvir. Sim, eu queriaatenção.No momento em que o blog virou uma febre, levei um susto. De repente,pessoas roubavam minha senha, colocavam coisas piratas no blog,tentavam se passar por mim. Que loucura! Chegou até a circular umahistória de que eu não existia. Pode? Isso mesmo: começaram a dizer que,na verdade, aquelas histórias todas do blog eram invenção, que a Brunanunca existiu, ou que talvez eu fosse um garoto, inventando tudo aquilo sóde sarro — e, mesmo que fosse uma garota, não passava de balela, quenunca havia me prostituído. Repentinamente, virei a "loira do banheiro",quase uma lenda urbana, daquelas que "um primo de um vizinho do amigodo meu colega de academia" tinha presenciado. Por mais que eucontinuasse a fazer de cinco a seis programas por dia. Não deixava de terseu lado engraçado...Para alguém que só queria ser ouvida, a coisa saiu melhor do que aencomenda. Mas acendeu também uma pequena luz no final do túnel: omedo de parar com os programas deixava de ter sentido. Eu ainda não sabiadireito como, mas tinha certeza de que o dia estava próximo.Escrever no blog todos os dias virou um prazer maior do que todos osoutros. A droga já estava no passado. Os sentimentos confusos com relaçãoa meus pais e minha história, também. Eu voltei a me sentir uma pessoa deverdade — e ainda por cima querida, de certo modo.De tanto ouvir de um monte de gente (clientes, inclusive) que eu tinha umacabeça marqueteira, achei que eu poderia usar a própria prostituição parasair dela. Como? Exatamente do jeito que eu, instintivamente, já vinhafazendo: contando minha história na putaria.Daí nasceu o desejo de escrever o primeiro livro. Ironicamente, sabia queao lançar O doce veneno do escorpião eu estaria de alguma maneiradizendo adeus à "vida fácil". Não fazia mais sentido nenhum eu continuarnela. Parar de fazer programas exatamente na época do lançamento do livroera a única coisa a fazer.Todo mundo sabe (e eu vim a saber depois) que, no mundo dos negócios,todo produto tem um ápice e, depois dele, só há a decadência. Para semanter lá no topo é muito difícil. Mas esse era o momento da virada demesa. Se eu queria novas oportunidades para sair, tinha de ser no auge. Seeu queria uma oportunidade para realizar outra coisa na minha vida, tinhaque ser nesse momento.O inesperado sucesso do livro me abriu uma série de portas, por meio dasquais minhas idéias podiam florescer. Falo de me tornar uma businesswoman,licenciando minha marca, criando a linha de sabonetes, tendotempo para pensar em palestras. Mesmo que eu tivesse voltado a ser aRaquel, aprendi que tinha um produto que todo mundo queria: BrunaSurfistinha. Também sabia que, depois disso, ela não precisava mais seprostituir.Sei que essa coisa de fama é passageira. Cabe a mim, então, concretizarprojetos para que ela continue andando. A chance para dar o primeiroimpulso foi dada. Vou agarrá-la com todas as minhas forças, com meuinstinto e, claro, com o marketing. Sei que muita gente acredita que (ealguns até torcem para) eu vá tropeçar. Pode até acontecer. Ninguém sabe odia de amanhã. Mas podem acreditar: voltar para a prostituição seria aúltima alternativa — e não a primeira, como aconteceu aos 17 anos.E estranho saber que as pessoas querem saber tudo sobre você. Basta ver acuriosidade em torno do filme que vão fazer com base no livro O doceveneno do escorpião. Minha maior preocupação, hoje, é viver isso semdeixar que tome conta de mim, me deslumbre, interfira na minha vida como João Paulo. Talvez eu tenha me livrado dos programas, mas não sei sepoderei, algum dia, deixar de ser uma "personagem", que é quem viveráesse lado do glamour. Enquanto isso, Raquel continuará a levar sua vida dojeito que gosta: amando e sendo amada, rindo, brincando, chorando,sentindo saudades, procurando redenção. Como qualquer ser humano sobrea face da Terra.CompenssaçõessUm dos maiores enganos que cometi na vida foi entrar naquelas de me"compensar" por tudo de ruim que me acontecesse. Com certeza não énenhum pecado mortal você se dar algo de presente depois de um dia ruim.Sei lá, comprar um chocolate e sair da dieta, ir a um bom restaurante,comprar uma roupinha nova. Mas isso, no meu caso, virou uma coisacotidiana, como se todos os meus dias fossem ruins (e alguns eram, comoos de qualquer pessoa). Minha vida se transformou numa seqüência de"365 dias ruins por ano" — que se refletiam, também, nas minhas finançaspelos 12 meses seguintes. Demorei a entender isso — e quem pagou o patofoi minha conta bancária, fato que também quase me custou a vida.Porém, pior do que abrir um rombo nas minhas contas, eu perigosamentecriei uma falsa contabilidade para a minha vida. Como nem comidinhasnem os presentinhos que me dava regularmente tinham mais o efeito dealiviar a barra, a droga virou o ponto de equilíbrio no balanço diário daminha vida. Enfim, eu estava infeliz todos os dias. E todos os dias eurecorria às drogas.A passagem da maconha do Bandeirantes para a cocaína nos outroscolégios foi um pulo que nem eu sei precisar muito bem. A primeira vez foiuma pilha só. Eu estava extasiada pelo efeito, pelo brilho, pelo jeito de acocaína deixar você ligado. Claro que isso tudo deve ter se potencializadocom a explosão de hormônios própria da adolescência, quando seu corpo esua mente reagem ao extremo a qualquer estímulo com a violência de umtsunami.Mas a ladeira desenfreada que eu desci só foi acontecer mesmo no prive.Até porque, lá, eu ganhava para sustentar o vício. Um programa ruim?Drogas. Ficou de bode? Drogas. Recebeu um olhar atravessado de algumaprima? Drogas. Sempre escondida, como se o que eu fizesse para ganhar avida, também escondida, já não fosse o bastante. Que ironia: criar umesconderijo dentro do esconderijo. Caso para análise na veia. Ops, no diva.Cada carreira que eu cheirava e cada beck que eu queimava me tiravam darealidade momentaneamente, me faziam esquecer um pouco tudo o queacabara de viver. O que eu realmente gostava nas drogas, naquele ponto daminha vida, não era a loucura, mas o torpor. Conseguia sair de dentro demim mesma por alguns instantes.Lá no prive tudo era organizado, por mais que a cafetina não soubesse —ou fingisse não saber: o mesmo traficante, conhecido de todas nós, faziaentregas regulares, sem perigo. Eu nem precisava sair: as drogas chegavamaté mim. No máximo, ia buscar na esquina. Mesmo quando eu estava semdinheiro, elas vinham — e eu me endividava. Mas não queria nem saber.Eu precisava daquilo como de oxigênio. Um dia sem drogas era ummartírio absurdo. E eu "viajava", mergulhava de cabeça naquela sensaçãolouca. Muitas vezes, eu viajava imaginando que nada na minha vida tinhaacontecido de verdade. O real passava a ser o estado de barato total, e avida, uma bad trip.Na verdade, nem sempre era bom. Tinha as bad trips de drogas também,bem mais comuns do que as good trips. Demorou muito tempo até eu terclareza de que se drogar quando você não está bem só reforça o mal-estar.Mas eu perseguia, claro, a sensação única da primeira vez. Mesmo assim,eu já havia sido pega pelos dois pés e não conseguia me mover ummilímetro de onde me encontrava paralisada.Eu perdia o controle sobre mim, sem a menor condição de reagir, só de medeixar levar. Quando eu voltava, estava um caco, não gostava nem de meolhar no espelho, pois aquilo não era eu nem o que eu queria ser ou parecer.No entanto, tudo aquilo foi, durante muito tempo, mais forte do que eu. Atéque me decidi, depois de um grande susto, a parar de vez.Quando voltei à consciência, depois de uma over-dose, cheguei a imaginarque tivesse morrido e ido para o céu. Quem segurou essa barra comigo foi aGabi, uma grande amiga, de verdade. Depois eu falo um pouco mais dela.Tive vontade de me jogar pela janela, tive ímpetos de quebrar tudo. Pareciao Taz, aquele bicho do desenho animado. Quando passava o pico daparanóia, e mesmo durante os surtos, Gabi esteve lá. Isso foi muitoimportante. Claro, ela também foi muito corajosa.Nessa ocasião eu aprendi, do jeito mais doloroso, que o caminho de volta éainda pior que o de ida para as drogas. Afinal, não havia nada que metirasse, nem mesmo momentaneamente, daquele inferno da abstinência quese somasse às minhas neuras preexistentes. Foram visões, desesperos eaflições infundadas, boca seca, corpo trêmulo, você não consegue nemcomandar seus pensamentos, que viajam por tudo isso sem que você possafazer nada. Era um pesadelo, eu sabia que era um pesadelo, mas, aocontrário dos pesadelos, eu não acordava quando descobria que era apenasum pesadelo. Tudo aquilo era real.Quando as drogas se tornaram página virada na minha vida, eu sabiatambém que teria de colocar um ponto final na prostituição. Por mais queolhar para a frente e não enxergar uma saída fácil, e, mesmo assim,caminhar em direção a esse cenário desconhecido possa parecer suicídio.Era exatamente o contrário. Eu precisava deixar tudo isso para trás — agrana fácil (no sentido de que vinha todos os dias), os horários flexíveis,entre outras pequenas vantagens que me escravizavam — e pensar no restoda minha vida.Fico imaginando as pessoas que, em vez de se afundarem no pó ou emoutros entorpecentes, enfiam o pé na jaca com comida ou outrascompulsões. Igualmente devastador... Até mesmo amor demais pode teresse efeito destrutivo. Conheci pessoas que se anularam por causa de amor— mesmo que migalhas de atenção, recebidas em doses homeopáticas desuas "paixões", fosse tudo o que tivessem de volta. Mas era o bastante paraelas — ou assim preferiam acreditar. Tudo muito parecido com o efêmeroprazer das drogas: por um instante, elas tinham o dom de me tirar do olhodo furacão, que era ser eu mesma.Uma coisa que me empurrava para essa espiral maluca das drogas commuita força era um fato que eu, na verdade, deveria comemorar: a entradade grana todos os dias. Se eu me drogava para esquecer como era o meudia, eu dependia exatamente dessa vida para ter o "alívio" das drogas. Epermanecia um pensamento de que "sempre haverá mais amanhã". Maisprostituição, mais grana e mais drogas.O que mais vicia na prostituição, ao menos com garota de programa comagenda cheia, é o dinheiro que entra todos os dias. Basta querer trabalhar.Tudo bem que, em alguns casos, das poucas amigas que fiz durante minhacarreira de GP, mudar de vida virou um pesadelo ainda maior. Imagina terde sustentar família, por exemplo, e ganhar 600 reais por mês numa loja deshopping — quando isso você conseguia em uma tarde de trabalho. Sei quea minha trajetória para mudar de vida não é parâmetro. Tem a questão dolivro, da fama, coisas que abrem portas para saídas mais honrosas e queajudam a ganhar a vida sem perder tanto nos rendimentos. No entanto, paraessas poucas amigas... Olha eu mudando de assunto de novo!No mundo em que vivi, cansei de ver gente tentando, a qualquer custo, dar"a cartada", aquele golpe de sorte para garantir grana e vida realmentefáceis. Sempre tem alguém tentando passar o outro para trás. No caso dasprimas, o velho e bom sonho de encontrar um cara mais velho (depreferência beeem mais velho), rico e que, mesmo sem muito fôlego para orala-e-rola, caia de amores por ela, a ponto de "adotá-la" ou literalmentecasar com ela. Quando isso não acontecia, bastava tirar grana da bolsa deuma prima mais descuidada — como eu, por exemplo. Por isso não dá parafazer amizades. Ou pelas diferenças pessoais, como em qualquer trabalho,seja pela inveja, sempre presente, seja pelo simples fato de que há mundosmuito diferentes, mesmo dentro dos limites de um clube prive recheado deprostitutas.O que lamento nessa roda-viva é o fato de que, se não fosse a "loucura" dasdrogas, eu teria conseguido juntar muito mais do que juntei. Isso vale paratodo mundo. Sabe aquela coisa de "crediário a perder de vista?". Pois é: agente nunca pensa em quanto está gastando, mas apenas em seconseguimos pagar a bendita prestação. Isso tira da gente (ao menos tiroude mim, por muito tempo) a perspectiva de longo prazo. Acabamos nosrendendo ao prazer imediato, ao aqui e agora, se compensar com umafelicidade fugaz — e não percebemos que apostar no futuro pode valer apena. Vale o velho ditado: vem fácil, vai fácil. Por mais que o "vem fácil"não seja de todo tão "fácil"...DiiverssãoA gente ganha pouco, mas se diverte. Bem, não era esse o meu caso, já quelevantava bons rendimentos com o meu trabalho. Mas o lado da diversãofoi realidade. Eu entrei sem muita experiência no negócio (para não dizerquase nenhuma). Imaginem a quantidade de fantasias que povoavam minhacabeça de 17 anos quando descobri que poderia também realizar as minhasfantasias — sempre quando se encaixavam na fantasia do cliente. Afinal, ocliente é quem manda.Uma das minhas fantasias eu só consegui realizar depois de uma pequenaintervenção do bisturi. Sim, foi quando coloquei o silicone e pude,finalmente, oferecer a tal "espanhola". Morria de inveja das mais fornidas,que eram escolhidas pelos clientes apenas por aquele atributo — mesmoque não fossem as mais bonitas, nem as mais gostosas, nem as maisaplicadas na arte do sexo profissional.Tudo bem que, depois de algumas vezes, confesso que perdeu um pouco agraça. Mas foi uma fantasia realizada. É muito curioso você ver o p... duroaparecer e sumir entre os seus peitos, como se você estivesse vendo umatransa de dentro da vagina. Fora que a mulher se sente realmente poderosa,segurando os seios, apertando para que eles fiquem bem juntinhos para umatransa completa.Outra fantasia que realizei no exercício da profissão foi a suruba. Nuncateria coragem de juntar um bando de amigos e fazer uma — nem em sonho.Então, que seja com um bando de clientes e, na pior das hipóteses, tambémcom outras primas. E assim foi. Eu me senti a cerveja mais gelada da praianaquela hora. Um monte de p... duros por minha causa, p... por todos oslados. Um em cada mão, um na boca, um na bu... e, às vezes, um tambémno c... Não digo que seja uma coisa para se fazer todos os dias, mas quetodas as vezes em que rolou valeu a pena, ah, isso valeu.Eu nem desconfiava que tivesse esse fetiche, pois realmente nunca haviame passado pela cabeça: dominação. Não, eu não curto ser dominada.Descobri que prefiro dominar. Nada de dor, coisas hard. Porém, naprimeira vez em que um cliente me pediu para xingá-lo, para bater nele,comecei meio tímida. De repente, me senti poderosa. Arranhei, dei tapas,xinguei, dei ordens. "Me chupa", dizia, enquanto pegava com as unhas acabeça dele e enfiava no meio das minhas pernas, apertando até sentir queele sufocaria sem ar. Depois, dominava a transa, prendendo os braços delepara não poder se mexer nem se defender. E um tesão muito diferente teralguém à sua mercê. E mandar ele não gozar enquanto você não gozar — eele obedecer. Nem sei direito o que me deu, mas a sensação foimaravilhosa.Representar o papel de bruninho, mesmo que não fosse, ao menos paramim, o mais excitante, foi uma fantasia que me agradou. Nas vezes em quedei minha bundinha, ficava pensando se o cara seria tão "enérgico" edesajeitado se soubesse como pode ser dolorido, se não for feito direito,com jeito e com carinho. Cada vez que me pediam o bruninho, a sensaçãode dominação batia de novo. E lá ia eu, sempre poderosa. Claro que nuncamachuquei ninguém (não tenho essa fantasia, mesmo). Mas que bate umasensação de poder, isso bate.No fim do meu tempo como GP, posso dizer, com toda segurança, querealizei também as minhas fantasias. Não vou dizer que eram muitas emprincípio, porém se tornaram fetiches a partir do momento em que, aocolocá-las em prática, descobri prazeres insuspeitos.Fattalliidade"Isso nunca me aconteceu antes." Costumo brincar que dinheiro fácil nãoexiste nem quando o cliente brocha. Afinal, você precisa tentar até o fimfazer com que funcione... Mas não queria chorar pitangas. Era outra coisaque eu queria contar.Eu realmente não acreditava que homens podiam falhar. Nas minhaspoucas experiências com homens antes de virar GP, todos sempre mepareceram ter nascido de p... duro. Quando isso aconteceu comigo pelaprimeira vez (e só aconteceu comigo profissionalmente), não entendi. Pormais que eu fizesse, que chupasse o cara, que tentasse masturbá-lo, quefizesse tudo o que estivesse ao meu alcance, tive minha estréia na cena do"isso nunca aconteceu comigo antes".Na hora, é bem verdade que passei do estado de saco cheio a um poucoinsegura. Será que eu estava fazendo algo errado? Seria como uma mulherir ao salão de beleza e sair mais feia e desarrumada do que havia entrado.Senti um misto de pena e de frustração. Conversei com algumas primas,mas elas definitivamente não tinham sensibilidade para discutir seriamenteo assunto. "Larga a mão de ser boba. Se o cara brochou, melhor para você,que ganha sem trabalhar", dizia uma. "O cara não dá no couro e fica seenganando, vindo em um puteiro", criticava outra.Eu sabia bem o que era transar sem estar com vontade ou com tesão.Porém, no meu caso, valia a velha máxima de "abrir as pernas" (óbvio quedepois de chupar, ser chupada, masturbar...). Confesso que sentia pena,mesmo, de um cliente quando isso acontecia. Eu, ao menos, não tinha de"ficar de pé" na hora de transar...Imagino o que passa pela cabeça de um homem quando isso acontece...porque é a ocasião em que ele saca a pior das frases. Sim, aquela do "issonunca...". Sei lá, o cara podia estar estressado, com problemas, realmente afim de uma boa trepada, mas "as cabeças" não ajudaram. Fiquei um poucoincomodada com a postura das primas, mas sei que é quase a mesma quetêm namoradas, esposas, amantes e afins: diminuir o homem. Caramba, seum cara brocha comigo na cama, vamos evitar essa saia-justa, sem fazerdrama, sem esticar a conversa. Tem tantas coisas que são gostosas de fazerantes e depois do sexo.Eu criei um método muito pessoal (e profissional) de encarar essassituações: eu simplesmente fingia que estava tudo bem, continuavainvestindo nas preliminares, deixava o cara à vontade para continuar mechupando na bu..., na bundinha, nos peitos, e tudo virava uma brincadeira.Sempre funcionou. Depois, engatava um papo para descontrair, caso nãochegássemos mesmo às vias de fato. Conversa light, sem chegar a tocarnesse assunto tão delicado.Era raro um cliente que brochasse comigo não voltar uma segunda vez,mais seguro, disposto e, claro, duro. Ainda não aconteceu isso na minhavida "civil". Mas, se acontecer, já sei como lidar.PreconceiittoEu sinto o preconceito na pele, desde a infância. Por ter sido uma criançaobesa, cresci escutando piadinhas e apelidos maldosos das pessoas ao meuredor. Quando somos crianças, a nossa ingenuidade não nos permitecompreender o motivo pelo qual as pessoas não nos aceitam do jeito quesomos. Para falar a verdade, muitas pessoas também não aceitam asdiferenças dos outros, mesmo quando adultas. Eu tinha poucos amigos e,pelo fato de não ter auto-estima, também não procurava conviver numgrande círculo de amigos. Não era convidada para brincar na hora dorecreio e as crianças me isolavam.Quando coloquei na cabeça que precisava emagrecer para ser aceita, perdipouco mais de vinte quilos. Passei a ser um padrão de beleza, como aspessoas costumam dizer, mas eu não era feliz. A minha felicidade eracomer horrores e sentir prazer com a comida. Na adolescência tive bulimiapor causa deste trauma que carreguei da infância. Mudei minha maneira deser por causa das pessoas ao meu redor.Quando nos mudamos para São Paulo e fui estudar no colégioBandeirantes, me tornei patricinha (vulgo patty), usava apenas roupascaras, da moda e de "marca". Senti o preconceito novamente na pele,embora eu reconheça o quanto era metida, pois queria mostrar para aspessoas que eu era filhinha de papai. Eu era feliz assim, gostava de abrir omeu armário e apreciar as minhas roupas. Eu andava apenas com pessoasque, se não eram patricinhas ou mauricinhos legítimos, se consideravamcomo tal. Mas ouvia comentários maldosos das turminhas que não faziamparte da minha. Nessa época eu nem me importava, empinava o nariz e saiaandando.No entanto, continuava não entendendo o porquê de as pessoas nãorespeitarem o modo de viver dos outros.Alguns anos depois, me tornei garota de programa e, dessa vez, senti overdadeiro preconceito na pele. Ser considerada apenas um "pedaço decarne", vagabunda e sem caráter, foi algo que doeu no inicio, até queapertei o botãozinho do "foda-se". Hoje tenho autoconfiança e sei que nãosou nada disso.No final, quando eu já estava na mídia, os clientes passaram a me respeitarmais, pois viram que existia um ser humano atrás da Bruna, a prostituta queeles usaram. Os comentários que ouço, os milhares de e-mails que recebo,são muito gratificantes para mim. Ainda mais quando comentam que, apóslerem o meu livro, mudaram de opinião quanto à prostituição. Muitosdizem que eu consegui acabar com o preconceito deles.Por outro lado, o preconceito ainda existe. Mesmo quando eu ainda eraprostituta, sei que muitos clientes enchiam a boca numa mesa de bar entreamigos (principalmente quando havia mulher por perto) e falavam mal dasprostitutas, xingavam-nas de todas as maneiras possíveis, mas quando acabeça de baixo falava mais alto, lá iam eles procurar por algumaprofissional.No fórum GP Guia, onde eu sempre estive em evidência, os homenscompetem com quem é mais macho. Ao mesmo tempo que considero algohilário, acaba sendo patético. Palavras escritas por eles acabam se tornandouma grande contradição. Num tópico aberto um tempo atrás tinha o título:"E se você descobrir que a sua filha é GP?". Eram respostas horrendas,Deus me livre ter um pai como esses! Embora o meu pai não tenha tidouma atitude muito diferente.A verdade é que muitos homens pagam por sexo, na maioria casados e comfilhos, mas não aceitariam de maneira alguma a possibilidade de ter umafilha prostituta. Saber que a mulher que eles escolheram para subir ao altare a quem juraram fidelidade e amor até que a morte os separe, foi, nopassado, antes de conhecê-lo, uma profissional do sexo? Nem pensar! Paraa maioria desses homens é como se tivessem levantado a tampa do caixão.E esse preconceito é muito estranho porque quem não gosta dehomossexuais não freqüenta boates GLS; por outro lado, quem não aceitauma prostituta na família, freqüenta o mundinho da prostituição com amaior cara-de-pau.Eu tinha preconceito com a prostituição até sentir na pele o que é ser uma.Tive de aprender que a vida de uma garota de programa não é tão fácilquanto parece ser.Talvez estes homens não aceitem um parente que venda o corpo, porquesabem o quanto que esta opção de vida seja difícil. Muitos tratam asprostitutas como objetos e não gostariam de imaginar a filhinha tendo omesmo tipo de tratamento. Essa talvez seja a explicação mais fácil, ou pelomenos, a que eu prefiro acreditar.Para quem não faz parte da prostituição, seja de forma direta ou indireta, émuito fácil julgar. Nestes longos quatro anos, percebi que o preconceitodiminuiu bastante, talvez eu tenha uma ponta de culpa nisso. Fico feliz cadavez que escuto: "Eu tinha preconceito, mas depois de ler o seu livro,comecei a respeitar as prostitutas".Mesmo assim, quem ainda julga ou critica acaba pegando muito pesado naforma de se expressar. Apesar de não ser mais garota de programa, aindasofro esse preconceito, seja por pessoas que não acreditam que existam"ex-prostitutas", seja por pessoas que ainda condenam o meu passado.Além disso, percebo que muitas pessoas ficaram chocadas com o meusucesso. "Mas como assim?" — se perguntam. "Como pode ter alcançado osucesso por ter sido prostituta?" Eu li vários comentários em que diziam amesma coisa: "Este mundo está perdido!".Eu e o João Paulo também sofremos preconceito por causa da nossarelação. Mas posso dizer que tem sido muito bom, pois é o que fortalece onosso amor. Muitos amigos, que se diziam amigos dele, nos criticaram.Mas esse obstáculo que enfrentamos juntos é uma prova de amor. Se eleestá comigo, independentemente da aprovação das pessoas, é porque elerealmente me ama.O preconceito ainda existe, seja por cor, ética, crença ou opção de vida.Mas é preciso mudar, pois ninguém é melhor do que ninguém.Na verdade, e sendo muito sincera, o preconceito atual não me incomoda.Eu vivo a minha vida e nunca deixaria de agir naturalmente só porque hápreconceituosos de plantão. Continuo com a mesma opinião de quandoainda me prostituía: Ninguém paga as minhas contas, sou feliz da maneiraque vivo, o corpo é meu, a vida é minha, me abalar por quê? Assumo queno começo não foi fácil, demorei para aprender que é impossível agradar atodos.O que me incomoda de verdade é a hipocrisia das pessoas. Isso me tira dosério. O que mais vejo são seres humanos que se fazem de santos. Tudobem que são santos do pau oco, porque duvido que alguém tenha umpassado limpo, sem nenhum erro cometido. E acaba até sendo engraçado, eaté patético, saber que esses "santos" são os que mais me criticam.E isso envolve tudo, desde mulheres que se prostituem por debaixo dospanos, que estão na mídia, mas se fazem de sonsas quando o assunto éprostituição. Eu não faço auê, finjo que não sei de nada, mas fico pasmacom tanta hipocrisia! Mas olho querendo dizer: "Eu sei, querida, que você éprima. Você não me engana!". E não me engana mesmo. Eu poderiaescrever uma lista dessas mulheres, algumas tenho como provar, já outrasnão, e até explicar que focinho de porco não é tomada, estarei respondendopor processos. Sim, porque estas mulheres morrerão sem ter assumido.Também não acho justo dar nome aos bois ou às vacas, como queiram.Brincadeirinha. A vida é delas, se querem ser santas para a sociedade, quesejam felizes desta maneira, desde que não fiquem jogando pedrinhas emmim, pois são as que menos me atingem. E digo mais: quem tem teto devidro, pelo que eu saiba, não pode jogar pedras nos outros...Quantas pessoas criticam, enchem a boca para falar mal das prostitutas,mas não sabem que muitas vezes têm uma pessoa querida que é, masesconde. No mundo da prostituição trabalhei com muitas meninas que eramcasadas ou que tinham algum parceiro que desconheciam sobre a profissãodelas. A maioria das meninas, na realidade, esconde dos familiares e dospróprios amigos. Há algumas mulheres que atualmente são casadas, vivemde modo completamente diferente. Então, antes de criticarem, tenham acerteza de que não há nenhuma pessoa que você considera querida que nãoseja. E fácil criticar as vidas alheias sem olhar para o nosso próprio umbigoou ao nosso redor....Ninguém até hoje teve a coragem de me criticar olhando nos meus olhos,por que será? Covardes essas pessoas, não?Além disso, a mídia, quando a "bomba" surgiu de que eu teria participadode uma traição, tratou da situação como se fosse o único caso do mundo,como se ninguém nunca tivesse escutado a palavra "traição" oudesconhecesse o significado. O preconceito entra novamente, fizeram danossa relação uma questão que abala a sociedade: "Você trocaria a suaesposa por uma prostituta?". Me poupem, né? Então se eu tivesse sido aestagiária, secretária ou sei-lá-o-quê dele, tudo bem ele ter traído? Teriasido mais normal para você?O que nós mais vemos nas revistas de fofocas são casos de traição. Em vezdisso, por que não se preocupam em passar informações sobre comosuperar problemas conjugais, como haver conquistas diárias numa relação?Sim, porque num relacionamento estável ninguém pode se acomodar, épreciso haver conquistas diárias. Ou, então, por que não passam dicassexuais, de comportamento, orientação para que as relações fixas se tornemmelhores? Enfim, que passem aos casais informações positivas para queninguém desista do amor. Não seria mais digno?Quanto a esta situação que vivo, só posso dizer que estou com aconsciência totalmente tranqüila. Não roubei marido de ninguém. Aimpressão que dá é a de que, certo dia, eu toquei a campainha doapartamento do casal, amordacei a fulana, puxei o marido à força paramorar comigo. E a realidade é completamente diferente. Para começar, nãonos apaixonamos da noite para o dia, e o nosso amor também não nasceudo nada. Foram quase cinco meses de uma amizade linda, com muitacumplicidade, coincidências (para não falar destino) e muitas conversas.Sabíamos que alguém sairia machucado desta história, mas resolvemos,juntos, seguir o nosso coração.A nossa história é muito bonita, não chega a ser um conto de fadas, masposso dizer que nos reencontramos. Seguimos caminhos diferentes durantealgumas décadas e nos encontramos.Além disso, eu tenho uma teoria: Quem ama, cuida. E quem ama, não trai.E para um bom entendedor, nesse caso, uma frase basta.Ninguém queira se fazer de coitadinho ou de injustiçado. Ninguém émelhor do que ninguém. Chorar pitangas pra quê? O mundo dá muitasvoltas...FamaUma das coisas que aprendi muito rápido sobre a fama, além de ela serabsolutamente efêmera e muito gostosa, é que até mesmo as pessoas queajudaram você a chegar lá vão trabalhar para derrubá-lo. Tem outra: nemtodo mundo que lhe sorri é seu amigo; não existe freio para a invasão desua privacidade — e por aí vai.Eu nunca quis expor ninguém. Não citei o nome de pessoa alguma no meuprimeiro livro. Mas sempre chega alguém para pegar carona no seu bondejá em movimento — e para sentar na janelinha. Tudo bem que qualquerhistória tem dois lados. Porém, há coisas que me deixaram muito triste,abalada.Eu estava tentando me reaproximar de meus pais por intermédio de meucunhado. Um processo delicado, dolorido, em que as vitórias vêm aospoucos e demoram uma eternidade para acontecer. Por isso, queria deixálosafastados de toda aquela avalanche que havia tomado conta da minhavida. Se eu resolvi me mostrar para o mundo todo, ninguém tinha de passarpelos constrangimentos que vêm em decorrência disso. Principalmentemeus pais.Houve uma passagem totalmente desonesta da produção de um programade TV. Eu sempre tive muito cuidado para não deixar que pessoas que nãofossem de minha total confiança soubessem que o Pedro se chama JoãoPaulo, o nome real da Gabi, minha melhor amiga, e o dos meus pais. Nocaso dos dois primeiros, a coisa é até fácil. Mas o nome dos meus pais estános meus documentos...Por causa desse pequeno detalhe, toda vez que eu precisava enviar meusdocumentos para algum programa, para autorizar o uso de imagem, porexemplo, eu tomava o cuidado de enviar uma fotocópia, com o nome delescoberto. No caso de fax, tomava a mesma precaução. Mas houve um dia emque cheguei em uma emissora e me disseram que, por alguma razão,precisariam do original. Na hora, meio sem saber o que fazer ou dizer,entreguei. Nunca imaginei que eles pudessem usar aquela informação deforma tão baixa...Pois não é que, alguns dias depois, ao falar com meu primo, soube que cadamilímetro de avanço que havia feito na direção de me reaproximar de meuspais havia sido tragado pela produção daquele programa que, com o nomede meus pais, fizera uma busca na lista telefônica e havia tentado fazercontato?A coisa ficou ainda pior quando duas viaturas, uma da Rede TV! e outra daBandeirantes passaram a ficar estacionadas na porta do prédio dos meuspais, esperando um furo de reportagem, flagrar alguém da minha família ouaté mesmo conversar com eles. Ainda bem que, com o tempo, desistiram.Porém, o estrago estava feito. Os mínimos avanços que eu pudesse ter feitoforam todos por água abaixo. Claro, e com toda razão, meus pais achavamque eu é que os estava expondo. Eu pensaria a mesma coisa.Minha tristeza também não foi menor quando tentaram expor a vida doJoão Paulo, levar seu nome e de sua família para a lama, fato que tevecaráter tão íntimo. Se o João Paulo quisesse contar para o mundo todos osdetalhes de sua vida antes de estarmos juntos — ou mesmo de nossa vidaem comum —, caberia a ele fazê-lo.Um dos primeiros programas ao qual fui logo que O doce veneno doescorpião foi lançado foi o do Jô Soares. E o João Paulo foi comigo. Nosbastidores, ficou acertado com a produção que ele não apareceria. Na horade gravar, ele foi levado pela produção até a platéia e o colocaram em umacadeira, como qualquer outro. Fiquei em pânico quando vi que havia umacâmera bem ao lado dele, naquela escadinha da platéia. Mas resolvi nãoencanar. Afinal, esse era o combinado. E o combinado não é caro nembarato; apenas o combinado.A entrevista foi tensa, pois admito que não fico à vontade na TV — e o Jônão ajudou nem um pouco. O pior ainda estava por acontecer: o Jôpergunta sobre o Pedro. Respondi que estávamos juntos. Não é que o Jôresolve perguntar se ele estava na platéia? Sacanagem. Ali, naquelemomento, se eu tivesse um pouco mais de presença de espírito e nãoestivesse tão nervosa, pediria para parar a entrevista. Aquele não era ocombinado.João Paulo foi apanhado de surpresa, assim como eu. Nem deu tempo dedizer se ele estava ou não na platéia e eu já vi o rosto dele no monitor. Dojeito como o Jô conduziu a conversa forçada com ele, ele acabou mentindoa respeito de sua profissão: disse que era empresário. O Jô ajudou para quetudo parecesse pior. Da maneira como brincou com o termo "empresário",o João Paulo ficou parecendo meu cafetão...Na seqüência dessa exposição em cadeia nacional, não foi difícil chegar àex-mulher dele. Ela tem todo o direito de ir aonde bem entender, se exporda maneira que bem entender. Eu realmente consigo compreender osofrimento dela. Mas nunca tripudiei ou fiz algo parecido. Nem o nomeverdadeiro do Pedro as pessoas sabiam naquela época. Tampouco o nomede qualquer pessoa que citei no livro. Respeitei tudo isso.Ela acabou sendo "descoberta" pela mídia, posando para a Playboy, numafoto bem produzida, de bom gosto, para uma matéria que expunha a todosnós (ela como vítima, o João Paulo como um vilão ou uma vítima de umaprostituta, e eu, claro, como a própria), com o título: "Você trocaria estagata por uma garota de programa?". Eu realmente não tenho nada contra odesejo dela de expor a própria versão da história — mesmo que eu nãotenha falado nada sobre ela em entrevistas ou no primeiro livro. Eu haviatomado todos os cuidados possíveis para que ninguém se machucasse... Odoce veneno do escorpião nem de longe fala dela ou do fim do seucasamento. Enfim...Eu havia ido ao programa da Luciana Gimenez e batera recordes deaudiência. Tanto que o programa foi reprisado algumas vezes, com sucesso.Ela tocou no assunto de traição, entre outros. E não é que ela usou tudo issocontra mim, quando levou a ex-mulher do João Paulo ao programa?Caramba, eu virei a madrasta da Branca de Neve ao vivo, em rede nacional.O que mais me deixou abismada foi a capacidade de a Luciana fazer caras ebocas de espanto com a história que ela contou. Logo ela, que também"destruíra" um casamento de anos ao engravidar de um roqueiro! Não queeu ache isso anormal. Essas coisas acontecem. Mas querer subir o Ibope àcusta de hipocrisia? Sem comentários...Aliás, hipocrisia é o que não falta nesse mundinho da fama. Teve outroapresentador que também me deixou apavorada quando fui responder aalgumas perguntas no seu programa. E olha que, mais uma vez, o Ibope foialto.Pois bem, ele me perguntou sobre muitas coisas que estavam no livro econfrontou várias declarações que dei em diversas entrevistas. Mas haviauma pergunta que eu achei que ele não faria. E ele fez. Acho que até minhapressão caiu, porque eu senti um frio absurdo, mesmo dentro de um estúdioe com um monte de refletores em cima de mim.Ah, você quer saber qual era a pergunta? Era uma pergunta simples. Em Odoce veneno do escorpião, eu conto sobre uma transa com um apresentadorde televisão. E ele queria saber quem era. Eu deveria ter sido mais corajosae dito: "Vai dizer que você não se lembra?". Não tive coragem na hora...Não se trata de vingança; apenas para mim nada disso tem importância.Principalmente no meu caso, que assumo absolutamente tudo o que faço enão jogo com a verdade de ninguém.O tal apresentador não entrou em contato diretamente comigo. Alguém daprodução ligou e ficou me azucrinando até a data marcada. Todos os dias,essa pessoa ligava e dizia que eu precisaria ser muito discreta e que nãopoderia comentar nossa transa com ninguém. Até entendo a preocupaçãodo sujeito, mas será que precisava ligar para dizer a mesma coisa todos osdias? Bem, o programa com o apresentador foi extremamente estranho,supermecânico. Eu detestei. Não aconteceu nada de mais picante oudiferente. O curioso é que, depois de tanta amolação, todos os funcionáriosdo flat viram ele ali... E todos sabiam para que, né?Atendi a vários famosos, mas não gosto de ficar falando sobre isso. Jáconversei com outras garotas de programa sobre essa história de atender acelebridades. O que não faltam são histórias, mas não dá para saber setodas são verdadeiras ou não. Muitas meninas adoram encher a boca parafalar que transaram com algum famoso. Há alguns deles que se destacamna putaria. Como já ouvi muitas histórias parecidas, contadas por primasdiferentes, acredito que sejam verdadeiras.Mas esse deslumbramento não faz a minha cabeça. Sempre tratei todos osmeus clientes, famosos ou não, da mesma maneira. Já tive até problemaspor causa disso. Um jogador de futebol ficou chateado porque eu não oreconheci quando ele chegou ao meu apartamento. Foi uma cena patética.Preciso dizer que eu tinha a ilusão de que homem famoso não precisavaprocurar garota de programa. Por serem celebridades, imaginava, elesteriam as mulheres que quisessem rastejando atrás deles. Mas não é bemassim... Quando saí com o primeiro famoso, notei que ele tinha umcomplexo. Complexo de p... pequeno. Um cara bonito, que faz muitasmulheres babarem na TV, mas com p... pequeno. Para mim e para muitasmulheres, isso não é problema. Mas para ele era. Depois, conversando, ogalã me contou que muitas mulheres que foram para a cama com elefizeram cara de decepção na hora em que ele tirou a roupa. Ah, meninas,que maldade!Outros famosos, que são casados, preferem sair com garotas de programapor questão de sigilo. As prostitutas são mais confiáveis, guardam segredo,ao contrário de uma mulher "normal". Sei de mulheres que até avisam aimprensa de que sairão com algum cara conhecido. A revista manda umfotógrafo e flagra o casal de amantes... O cara que não quer se arriscar a servítima de alguma fofoqueira de plantão prefere as garotas de programa,lógico.Agora, o mais curioso é descobrir que tem muito bonitão na TV que pagade macho, mas que sai com garota de programa apenas para saciar o seulado feminino. Se é que posso dizer assim... Eles pagam para serempenetrados. Isso é que é confiar na lealdade de uma prostituta, não? Fiquemcalmos: jamais revelaria a identidade de meus clientes. Soube de gente queficou muito preocupada quando soube que eu estava escrevendo um livro.Durante um tempo, eu morei no mesmo flat de um famoso que paga demachão na televisão. Longe da telinha, no entanto, a principal diversão deleera pegar travestis quando estava em São Paulo. Certa vez, rolou o maiorbafafá no apartamento dele. O travesti desceu para a recepção e começou adar escândalo. Ele foi motivo de comentários dos moradores do flat duranteum bom tempo. A mídia não ficou sabendo — ou deixou por isso mesmo.Para que estragar a fantasia de tantas fãs, não é mesmo?Hiipocriissiia"Pimenta nos olhos dos outros é refresco." Você já deve ter lido ou ouvidoesse ditado um milhão de vezes. Pois, nesse último ano, não cansaram dejogar pimenta nos meus olhos. O mais grotesco foi feito pela Rede TV!,que tenta conseguir pontos no Ibope à custa da desgraça alheia.Cansei de ser acusada de "destruidora de lares" no Superpop e em outrosprogramas que nem me recordo o nome, sempre da Rede TV! Aapresentadora do programa colocou lenha na fogueira de minha relaçãocom o João Paulo. "Como é que ele abandonou uma família para ficar coma Bruna? Ohhh-hhh, mas que coisa mais absurda." A apresentadora temmemória curta, afinal, ela também foi vítima de várias acusações naimprensa nacional e estrangeira. Numa pesquisa rápida pelo Google,qualquer pessoa vai encontrar notícias assim:Às vésperas de completar 60 anos, Mick Jagger,cantor da banda britânica Rolling Stones, afirmou ementrevista ao semanário inglês The Observer, publicadaneste domingo, que um de seus maiores arrependimentosna vida foi ter namorado a modelo e apresentadoraLuciana Gimenez. A relação durou três meses e gerou ofilho Lucas Jagger — hoje com quatro anos e devidamenteassumido pelo pai — e apressou o fim do casamento deduas décadas com a ex-modelo Jerry Hall, mãe de quatrodos sete filhos do cantor."O relacionamento com Luciana foi um erro e admitoisso", disse Jagger, que em seguida mudou o tom. "Masentão eu digo isso e, daqui a alguns anos, o Lucas lê aentrevista e pensa: 'Ah, eu fui um erro'. Então, tenho deacrescentar que ele é realmente um menino muito bacana.Do contrário, pareceria horrível", disse à repórter MariellaFrostrup.Jagger mantém uma relação cordial com Luciana,mas parece não ter esquecido a confusão em que se viumetido ao se ver processado pela pensão do filho."Luciana não precisava ter me processado. Ela nem medeu a chance de lhe dar qualquer dinheiro. Ela apenascontratou um advogado marqueteiro que não estava nemum pouco interessado em um acordo, apenas napublicidade que poderia conseguir para si mesmo. Agoraela percebe que foi um erro", falou.Diário de S.Paulo, 2003Luciana Gimenez ganhou fama repentina quandocomeçaram a surgir os rumores de que estava grávida deMickjagger, em 1998. Ela morava fora do país desde os 17anos, e por aqui o público sabia que ela era uma modelo eque teve um caso com o cantor Rod Stewart. Aapresentadora conheceu Mick Jagger em uma festa no Riode Janeiro, quando o roqueiro estava no país com a turnêBridges to Babylon. Os dois saíram juntos por algunsmeses, sendo que o astro ainda era casado com a modeloJerry Hall.Em nenhum momento da gravidez Luciana Gimenezconfirmou quem era o pai da criança. A imprensaespeculou, ela foi a programas de TV, mas nunca dissenada. Durante a maior parte da gestação, permaneceufora do país. A criança, registrada como Lucas MauricieMorad Jagger, nasceu em maio de 1999, em Nova York. Amãe de Luciana, a atriz Vera Gimenez, acompanhou tudo.Foi um escândalo mundial, e que abalou o casamento deJagger. No começo, o cantor negou, mas o exame de DNAcomprovou a paternidade do garoto. A imprensa, naépoca, publicou que o cantor foi obrigado a pagarinicialmente a quantia de 14 milhões de reais e vai ter queenviar 53 mil reais por mês até o filho completar 21 anos.Luciana Gimenez não dá declarações sobre o assunto.Reportagem de Marianne Nishihata,do portal Abril.com.brQuando Jagger e Jerry Hall se separaram, tinham um filho de apenas doisanos de idade. Será que é o caso de se falar mais sobre traição? Então,vamos ler a notícia publicada pelo jornalista Ricardo Feltrin, no dia 12 deoutubro de 2004, em sua coluna na Folha Online:Após meses de investigação, a revista Contigo! revelanesta quarta-feira quem é o namorado de LucianaGimenez: trata-se de Marcelo de Carvalho, vice-presidenteda Rede TV!. A coluna Ooops! mostra agora em primeiramão a capa da revista. Em uma das fotos, Marcelo eLuciana estão em uma festa em São Paulo. Em fotomenor, o paparazzo André Nogueira, da Contigo!, flagrou ocasal abraçado deixando o restaurante Galetos deAlphaville (Barueri, Grande SP). A revista trará muitasoutras fotos exclusivas do casal — inclusive internacionais.Os rumores sobre o namoro entre Luciana GimenezMorad, 34, e o executivo Marcelo de Carvalho Fragali, 42,já eram antigos na chamada "imprensa de celebridades".No entanto, sempre foram negados pelo casal. Faltava aconfirmação fotográfica — que a revista conseguiu.Luciana é solteira, e tem um filho, Lucas, com o "stone"Mickjagger.No final de julho, Carvalho conseguiu impedir a revistaContigo!, por via judicial, de publicar uma entrevista comsua ex-mulher, Mariana Fragali, com quem tem três filhos.Sim, Bruna Surfistinha me ensinou que os poderosos pagam advogadospara impedir que a sua intimidade seja exposta. Mas os cidadãos comuns,como eu e você, são atirados aos leões. Tudo em nome da audiência. Valeconferir outro assunto que, obviamente, a Rede TV! não noticiou.A edição da semana passada da revista Contigo!, daEditora Abril, teve uma de suas matérias censurada.Medida cautelar concedida pelo juiz Antônio Dias Carneiro,da 2a Vara Cível do Fórum de Pinheiros, em São Paulo,impediu que o semanário publicasse reportagem baseadaem duas entrevistas realizadas com Mariana Papa Fragali,mulher do vice-presidente da RedeTV!, Marcelo deCarvalho Fragali. A revista acatou a decisão, nãocomentou o teor da entrevista, mas prometeu, em umachamada na capa, recorrer da decisão e publicar a matériana "próxima edição". Até o julgamento do recurso, porém,todas as revistas da Abril estão proibidas de divulgarreportagens sobre a vida privada do casal Fragali.Segundo informações prestadas pelo diretor deredação da Contigo!, Edson Rossi, ao jornal O Estado deS. Paulo, Mariana foi entrevistada no dia 21 pela repórterMarianne Piamonte. Teriam sido duas entrevistas — umapessoalmente, outra por telefone. Na conversa, elaenveredou pelo tópico "proibido de ser publicado" e pediupara desligar o gravador, mas continuou falando sobre oassunto. No dia seguinte, porém, Mariana Fragali teriatelefonado para a revista, preocupada com a repercussãoque a reportagem teria.Na sexta-feira, dia 23, a revista recebeu a ordemjudicial impedindo a publicação. O pedido foi assinado pelocasal, que alegava que a matéria poderia causar "danos àsua imagem e à sua honra", e a multa por desacato seriade 1 milhão de reais.Artigo de Luiz Antônio Magalhães,no Observatório da ImprensaVocê não acha que o público da Rede TV! adoraria saber mais sobre otópico "proibido de ser publicado"? O colunista e escritor Eliziário Goulartde Rocha, no site coletiva.net, deu uma pista no dia 28 de julho de 2004.A revista Contigo! que chegou às bancas nestaquarta-feira 28 de julho foi censurada. A decisão foi do juizAntônio Dias Cruz Carneiro, da 2a Vara Cível do Fórum dePinheiros, em São Paulo, que já havia feito o mesmo coma Você S. A. por causa de uma denúncia contra umaempresa de recolocação profissional. Desta vez o alvo éuma entrevista com Mariana Papa Fragali, mulher do vicepresidenteda Rede TV!, Marcelo de Carvalho Fragali.Sabe-se lá o que ela contou, mas, de acordo com o"Comunique-se", envolvia uma estrela da emissora.Arrependida, ou pressionada, a (ex?) mulher voltou atrás eassinou, com o ex?) marido, um pedido de suspensão dareportagem. O juiz aceitou a tese dos advogados deFragali de que a publicação poderia causar "danosirreparáveis à sua imagem e à sua honra".Se a decisão judicial atingisse a Veja, a Folho de S.Paulo ou algum outro veículo considerado "sério" — o queé altamente discutível — a reação da mídia seria imediatae avassaladora. Como se trata de uma "revista de fofoca",o caso corre o risco de ser esquecido rapidamente. Masnão deveria. A opinião dos jornalistas "sérios" sobre aContigo! pouco importa. Censura é sempre ruim, e além domais o caso abre um precedente perigoso. É disso que setrata.Aceita a tese, qualquer juiz pode alegar, eabsolutamente dentro da lei, que a divulgação dedeterminados fatos causa, com certeza, "danosirreparáveis à imagem e à honra" de Paulo Maluf,Salvatore Cacciola, Ricardo Mansur, Valdomiro Diniz,Nicolau dos Santos Neto e miríades de outras "vítimas damídia".Ah, grita o promotor, mas a questão é bem diferente: aContigo! provavelmente publicaria questões pessoais combase no depoimento de uma mulher ressentida. Mas essenão foi o caso de Nicéia Pitta, entre tantas outras? Mas ah,volta o promotor, ali se tratavam de questões relevantes, enão de problemas íntimos do casal.Tudo bem, a defesa retira. Mas em seguida entra comum recurso pedindo que se use o precedente para tirar doar a Rede TV!, dirigida por Fragali, cujos apresentadores,liderados por João Kleber — sem falar em LucianaGimenez e outros menos prestigiados — costumam exporà humilhação pública pessoas sem discernimento paraentender o quanto estão sendo usadas de forma vil embusca de meio ponto no Ibope. Kleber faz diariamente oque nem revistas bem piores que a Contigo! ousariamfazer.O ponto principal é que são os leitores de Contigo!,como os telespectadores da Rede TV!, que devem decidiro que é ou não baixaria. E num país em que aposentadosmorrem de fome à espera da decisão de processos que searrastam há décadas, é curiosa a agilidade judicial emcasos como esse.Todas as vezes em que fui atacada, recebi inúmeras mensagens de apoio deleitores. Acredito que a apresentadora tenha sofrido tanto quanto eu pelasnotícias que foram publicadas a seu respeito. A Bruna Surfistinha meensinou a nunca julgar ninguém, portanto, tire você mesmo as suasconclusões.CllonagemA ex-mulher do João Paulo resolveu ganhar seus 15 minutos de fama àminha custa. Ela resolveu encarnar o papel de vítima de uma garota deprograma. No caso, eu. Criou até um blog para me atacar. Só que, ironiadas ironias, a melhor "amiga" dela é uma... garota de programa. Ela fez olançamento de seu livro em conjunto com uma moça que se apresenta comogarota de programa. Sim, é isso mesmo que você leu. Ela me chama de"destruidora de lares" e vira "amiguinha de infância" de uma mulher quefazia o mesmo que eu. Alguém consegue me explicar qual é a lógica?Prostitutas são ótimas pessoas... desde que não transem com seu marido? Éassim que ela pensa? Por favor, alguém me explique, pois eu não conseguientender. Ela ataca uma garota de programa e faz uma festa com outra! Asduas fizeram até fotos juntas. Uma está na página do Orkut da outra. Não écômico?Bem, existe outra possibilidade: a tal garota de programa, que tambémapareceu para tentar tirar uma casquinha do meu sucesso, pode não ser umagarota de programa de verdade. Pelo menos, eu me diverti muito naspoucas vezes em que ela deu entrevistas. Nunca vi tanta mentira junta.Quem foi garota de programa de verdade sabe que ela é uma grande farsa.Não dá para fazer tantos programas quantos ela disse que fazia, cuidar deuma filha e ainda escrever um livro.A tal "garota de programa" ficou divulgando que fez cinco mil programasao longo da carreira para dizer que tinha mais experiência do que eu. Essaquestão foi levantada no fórum para debate no site www.gpguia.net. Olhasó o que o moderador escreveu:Duvido que esta garota seja GP Assim como não eraGP a garota que fez o Superpop na primeira apariçãopública da Bruna Surfistinha de cara limpa na TV. Quemse lembra, era uma loirinha que mostrava o rosto e falavao tempo todo.Vamos então fazer uma prova matemática de que adita-cuja mentiu.Segundo o testemunho público da mesma, ela teriafeito ao longo da carreira 5 mil programas. Vamos estimaro tempo de estrada da mesma.1 - Considerando uma média de quatro programas pordia, que é uma ótima média para garotas que anunciamem jornal. Lembro que estou considerando quatro umamédia ao longo de toda a carreira.5.000 / 4 = 1.250 dias de trabalho2 - Vamos considerar que ela trabalhou seis dias porsemana. Mesmo que tenha trabalhado sete, sempre temuns dias parados (puta também tem feriado e resfriado),logo seis dias é mais que bom.1.250/6 = 208,33 semanas de trabalho3 - Considerando agora que um ano tem 52 semanas208,33/52 = 4 anos trabalhando.Não vi se ela falou quanto tempo ficou trabalhando,mas esta é uma estimativa bem favorável a ela. Será queem quatro anos trabalhando ninguém do GP Guia pegouesta mulher?Veja que não é difícil comprovar que os testemunhosda tal prima-escritora são inconsistentes. Ainda maistrabalhando fora de São Paulo. Aqui já seria difícil mantera média necessária para atingir o volume que ela afirmater atendido, mesmo com boa fama, agora imagine emuma cidade turística que tem movimento durante trêsmeses por ano.A minha opinião é que, mesmo que esta garota tenharealmente feito programas um dia, tem muita coisa que elafala que não bate. Acredito que tenha feito uma pesquisa(ou fizeram para ela) e decidiu embarcar na carona dosucesso da Bruna Surfistinha.Garotas independentes têm picos de atendimento nacarreira e poucas conseguem manter um volume altocomo a Bruna, neste caso um volume alto fica entre seis esete programas por dia. Normalmente este volume éatingido pelas top-tops que são muito conceituadas e bemdivulgadas.O debate rendeu muitos comentários. Selecioneialguns:• Sou antigo da área, sempre acompanhei putas nanet, mas não estou lembrando dessa perva. Ela estáfalando que fez 5 mil programas. Vamos dizer que elacobrava uma média de 150 paus — ela faturou, então, 750mil reais. É grana pra cacete... e ela aparece agora comum livrinho. Alguém lembra dessa ruiva?• Também estou curioso... Alguém já comeu esta GPque apareceu no Superpop? Ela falou um monte debobagem, mas a gente que REALMENTE entende doassunto não faz papel de otário....• Quem viu o programa achou que a gente é tonto,que pagamos para as GPs esnobarem a gente comliçãozinha de moral! E pelo jeitão, se ela for GP mesmo,deve ser uma das mais ruizinhas...• Eu gostaria de fazer umas perguntas básicas praessa GP... Que pra mim não é GP... Ninguém nunca ouviufalar nela. Se ela era viciada em internet, por queanunciava em jornal apenas?Outra lição que Bruna Surfistinha me ensinou: as iguais se atraem. Etambém se merecem.Porn ssttarEu nunca tive problema nenhum em fazer sexo em troca de dinheiro. Euencarava tudo aquilo como um negócio, um trabalho mesmo — por maisque, aqui e ali, sempre desse para tirar uma casquinha e até me divertir.Porém, nunca pensei que fazer sexo na frente de um monte de gente e comuma câmera ligada fosse ser tão desastroso.Quando me chamaram para fazer o filme, não pensei muito: aceitei. Acheique ia ser uma experiência como outra qualquer, como as que eu fazia todosanto dia, ao menos cinco vezes. E eu não tinha nada a perder. O cachê eramesmo ridículo: 500 reais. Mas, quem sabe, eu podia curtir e me dar bemcom aquele negócio?No dia marcado, fui até o local indicado e vi que a coisa era meiobagaceira. Não tinha nada daquilo que eu imaginava que seria umafilmagem. Era tudo meio improvisado e as pessoas não me pareciam muitoentusiasmadas com nada daquilo. Não fui tratada nem bem nem mal, porémcom indiferença, pela equipe. Estava ansiosa, pois não sabia direito o queesperar."Vamos gravar!", disse o "diretor". Mas o que eu tenho de fazer, tenhofalas, preciso decorar alguma coisa, como é que vai ser? "Não esquenta,minha filha: a coisa vai acontecendo e a gente vai dando uns toquesenquanto rola." Eu esperava ao menos um roteiro, alguma direção, umensaio, sei lá. A única coisa que vi foram atores o tempo todo mexendo nop..., para ele endurecer ou não amolecer. Não deu para notar se havia algumremedinho por ali. Fiquei meio envergonhada de perguntar como elesfaziam.Para quem esperava um clima um pouco mais hollywoodiano, de equipe defilmagem, aquilo me pareceu mais uma fábrica de fazer qualquer coisa. Nocaso, filmes pornôs. Gente pelada, ninguém reparando, os caras de p... duropor todos os lados, enquanto o cara da iluminação pedia para ficar na marcapara ele "ver as sombras".Claro que aquilo tudo, apesar dos pesares, despertava minha curiosidade— e também minha ansiedade. Fazer programa é uma coisa. Trepar parauma câmera é outra, bem diferente. Algumas indicações do diretor (maispara o posicionamento da câmera do que para os "atores"), gritos de"vamos gravar", aquele silêncio e... É HORA DO SHOW!Enquanto fica todo mundo ali, à sua volta, olhando para você, o diretor falapara começar a transa assim, chupar assado, tomar cuidado para o cabelonão encobrir o rosto, coisas muito mecânicas. Haja tesão para transar eprestar atenção em tudo isso... Eu dei meu jeitinho. Não estava nem umpouco excitada, mas tinha que parecer. Meus dedinhos nunca trabalharamtanto (rs). Eu me concentrava na minha bu... para fazer a famosa forçainterior funcionar.Não me senti muito confortável com aquele monte de gente olhando, comaquela coisa de o diretor gritar as ordens, ficar impaciente quando algo nãosaía do jeito que ele queria. "Corta!", ele berrava. "Minha filha, o povo querver sua cara, quer ver sua bu... É filme de sexo explícito, entendeu?"E lá íamos nós. Levanta mais a perna, agora geme, revira os olhos, pára,muda de posição, faz cara de tesão, acerta a luz, não olha para a câmera,pára de novo, volta na posição anterior, geme mais alto, acelera, diminui,chupa, enfia... Ufa! Por 500 reais eu estava trabalhando mais do que seestivesse transando com uma porção de clientes. E sem ser "dirigida".Eu vi algumas das cenas que gravei e não curti nada. Estava mesmo poucoà vontade, não achei excitante ver aquilo. Nem sei se as pessoas que viramacharam excitante. Eu tinha uma idéia meio romântica de um set defilmagem, com um clima bacana para que a transa fosse o mais naturalpossível. Mas nada disso batia com a realidade."Corta", "levanta a bunda", "tira tudo e enfia de novo, bem devagar".Parecia mais uma aula braba de ginástica. Bato palmas para quem conseguefazer disso seu dia-a-dia. Tem de ser ator de verdade em uma coisa na qualé praticamente impossível fingir tudo. Eles conseguem e chegam aconvencer.Fico meio puta de ver que, apesar de eu ter assinado o contrato apenascomo Bruna, eles terem apanhado minhas cenas, picotado em um monte defilminhos, como se eu tivesse participado de um monte deles, colocando onome Bruna Surfistinha na capa e vendido como se eu fosse uma grandeporn star. Bem, essa é uma outra discussão. O que posso dizer é uma coisasó: esse episódio representa duas vezes a minha carreira diante dascâmeras. A primeira e a última.AparênciiaNo mundo da putaria, aprendi que as aparências enganam — 90% dasvezes. A primeira vez que peguei um cliente lindo de morrer, tipo galã,cabelos lindos, corpo sarado, cara de homem, voz sensual, imaginei queaquela seria a transa da minha vida. Eu estava muito entusiasmada e meentreguei de corpo e alma às preliminares.Fiz questão de despir meu deus grego pessoalmente, abrir sua camisa,passar a mão pelo peito definido dele, abrir o cinto da calça, baixar o zíper.Uau! O tamanho do pacote indicava que o presente era dos grandes. O caraera perfeito! Logo descobri que até demais.Não houve jeito de fazer o cara se entusiasmar. Tentei chupá-lo, masturbálo,deixá-lo me chupar (o que ele fazia mais ou menos) e... nada. Como euestava com muita vontade de transar — e muito a fim de gozar —, fiquei navontade. Aquele que prometia ser tudo e um pouco mais acabou sendo umnada total.Por coincidência, naquela mesma tarde, atendi um casal meio esquisito que,se tivesse visto numa casa de swing, não chegaria nem perto. Ele era meiofeioso, meio gorducho, meio calvo, com um cabelo meio ensebado, sei lá.Definitivamente, não era meu tipo de homem. A mulher era estilo botijão,baixinha, gordinha e com jeito de quem não mandava bem na cama. Eusugeri um banho antes da transa. Enquanto o marido foi tomar o dele, elaainda veio com uns papos nada a ver, que me deixaram um pouco irritada.Só respondia "hum-hum", "sim", "não". Quando ela foi tomar um banho, omarido ficou lá no quarto, peladão, mas quieto, aguardando a patroa paracomeçar a brincadeira. Eu estava com o saco cheio, mesmo sem ter feitonada.Assim que a mulher voltou, o negócio pareceu incêndio em mato seco: nãosei de onde aqueles dois tiraram tanto fogo. Ela me chupou com tantotalento que eu nem lembrava mais que não havia curtido o visual dos dois.A gordinha era muito sexy e entendia muito bem o que estava fazendo. Omaridão não ficava atrás: seu p... era perfeito no tamanho e na grossura,bonito mesmo. E ele também chupava divinamente. Não precisei encenarnem fazer nenhum esforço interno para gozar três vezes com eles. E olhaque o cara nem me comeu. Ficou claro que eu era um presente para ela.Sabe que eu terminei esse programa orgulhosa de mim mesma? Foi umadas melhores transas que já tive com casal: animada, tesuda, natural. Nemparecia que estávamos fazendo um programa. Pois é, mais uma vez, asaparências me enganaram...Por falar em aparência, de tanto ver gente nua ao meu lado, fui criando umpequeno dicionário para designar os tipos físicos. Nada ofensivo, poisnunca disse nada a ninguém. Mas eu usava para tentar adivinhardeterminadas coisas e, na hora do "vamos ver", checava se tinha acertadoou não. Eu também tenho direito a brincar em serviço...Com os homens, a brincadeira mais óbvia era tentar adivinhar o tamanhodo p... pelo volume na calça. Para aqueles que já chegavam com o pacoteapertado, era covardia, pois era o mesmo que fazer palavras-cruzadasolhando as respostas. Esses eu chamava de "malão". Mesmo assim, muitasdas malas, na verdade, tinham mais ovos do que p...Para aqueles que chegavam com roupas menos óbvias, como calças deprega, tipo social, era mais difícil. Eu os chamava de "almoço executivo":às vezes, o prato era bonito, mas não tinha substância, como quandoarrumam artisticamente as batatas fritas no prato para parecer que temmais; em outras, era um PF (prato feito), daqueles que surpreendem esatisfazem, apesar de a aparência não ser tão tentadora.A prostituição me ajudou a derrubar muitos tabus e me ensinou coisas queeu até poderia aprender, mas levaria muito mais tempo. Uma delas dizrespeito ao famigerado "tamanho" do p... Não, nada a ver com aquelepapinho babaca de revista feminina, com aquele monte de mulheres falandoque "o importante não é o tamanho da varinha, mas a mágica que elaproduz".Tudo bem que isso tem uma boa dose de verdade. Mas que mulher nãocurte ver um p... bonito, agradável aos olhos e ao tato? Todas fazem isso.Depois dizem que olham primeiro o sorriso. Hã-hã... Deve ser porque nãotiveram ainda como conferir o recheio (seja de frente ou de trás, pois bundade homem também conta).Pois bem, no meu exercício diário de profissional do sexo, eu precisavaarrumar algum passatempo para somar pequenas graças à rotina. Uma delasera tentar adivinhar o que vinha dentro da embalagem. E, depois de abri-la,quando o cara ainda não estava excitado, imaginar como seria o "show docrescimento", o poder do aumento do produto interno bruto.Virei catedrática no assunto por causa disso — e também pelo acesso fácilque tinha ao material de pesquisa. Aqueles que, com o p... mole, nãoprometiam nada tinham duas categorias: os bolos solados, iguais àquelesbolos que não crescem por falta de fermento, e os "vitaminados", que nãochamam a atenção à primeira vista mas que, com um pouco de mão namassa, crescem que é uma beleza. Esses são mais raros: a prática me dizque um p... pequeno dificilmente cresce muito. Já os gigantes adormecidos,quando funcionam a contento, também não têm mais surpresas a oferecer.Mas tem muitos que não passam de gigante adormecido. Cansei de tertransas meia-bomba, por causa de carrões que precisam de muito maiscombustível por quilômetro rodado.Os formatos também são um capítulo à parte. Vamos dizer que se trata deum desmembramento das teorias da Bruna Surfistinha após vasta pesquisade campo. Afinal, tive todos eles nas minhas mãos, na minha boca, naminha bu..., na minha bundinha e onde mais a sua imaginação possaencaixar a peça.O padrão mais comum é o que mede cerca de 15 ou 16 centímetros e nãosão muito grossos. A maioria se encaixa nessa categoria. O que pode mudaré a presença do prepúcio ou não, no caso dos que são circuncidados. Apresença ou não dessa pele sobre a cabeça faz diferença. Os que não têm jámostram todas as armas de cara. Como não tem nada para encobrir, seuformato não será uma surpresa. Geralmente cheiram melhor, pois nãoacumulam suor ou outros fluidos. Por isso, me parecem mais limpinhos. Acabeça tem uma pele mais rústica, acho que até mais resistente, já que nãofica protegida como as outras.Aqueles que têm o prepúcio são os que mais enganam. Como a peleenvolve a cabeça, pode fazer com que elas pareçam maiores do querealmente são. Isso quando a deixam sair totalmente, quando o p... estáduro. Tem muitos homens que não conseguem puxar a pele toda parabaixo, expondo a cabeça. E, na hora do banho, precisam ficar bem atentos àlimpeza da área (ouviram, rapazes?).Bem, já que estou falando disso, vou continuar. Até porque vou prestar umserviço a todas as mulheres que não têm a chance de, com eu, dar uma deSão Tome. As cabeças são bastante diversificadas. As mais interessantessão aquelas que parecem um morango: são harmoniosas, com um designbem equilibrado. Algumas parecem um enorme cogumelo, bem maior queo próprio corpo do pênis, que geralmente fica aparentemente fino pertodela. Tem umas que lembram um foguetinho ou uma seta: são pontudinhase afinam muito na ponta.Tem alguns p... que são pequenos e finos. Isso não quer dizer queprejudiquem a performance. Mas, como disse, o fator visual e tátil os deixaem desvantagem — o que exige do dono um esforço extra para apagar essaprimeira impressão. Outros assustam pela grossura, mesmo que não sejamavantajados no comprimento. Há os tortos (geralmente para a direita, que épara o lado que a maioria dos homens deve arrumar o dito-cujo dentro dacueca, talvez), os que são grossos na base e afinam em direção à cabeça, osque fazem o caminho inverso. Ainda existem os que, mesmo quando duros,são bem flexíveis, proporcionando uma variedade maior de posições nahora do sexo, e outros que, de tão duros e empinados, deixam apenas opapis e mamis como opção confortável.O resto do pacote também merece atenção. Sim, o saco. Tem aqueles quemal se notam e os que, de tão volumosos, roubam a atenção de todo o resto.Percebi que, no frio, os testículos sobem, diminuindo o volume da região.Já com relação aos pêlos, tem os que aparam (o que realmente ajuda a fazero p... parecer maior), os que deixam o mato crescer solto (nem sempre aaparência é legal) e aqueles que simplesmente têm poucos pêlosnaturalmente.Para finalizar, e já que estou falando tudo mesmo, vou falar, sempreconceito, daquelas crenças étnicas. Lição aprendida: nem todo negro éum monumento, nem todo japonês é compacto, nem todo machão trepabem e nem todo tímido trepa pedindo desculpas. Precisa explicar?Ellass vss.. EllassSe com os homens há várias maneiras de "checar o material", com asmulheres as coisas são ainda mais difíceis de prever. Hoje entendo melhoro que significam aquelas expressões "falsa magra" e "falsa gorda". A modaajuda muito as mulheres que sabem tirar partido dela. Claro que aquelasque usam calças de cintura baixa e deixam à mostra uma verdadeiraborracharia são muito óbvias. Mas não é dessas que eu estou falando.Há muitos tipos de mulher no universo do swing. O mais comum é aqueleque eu chamo de "loucas por liquidação". Sabe aquelas que, mesmo quenão precisem de um fogão de vinte bocas, saem estapeando quem estiver nafrente para comprar em liquidação só porque está mais barato? Pois é, noswing elas agem do mesmo modo: não importa que o homem que a estejacortejando seja feio, pareça desagradável ou algo do gênero, pois ela quer émais. De repente, ela está cercada de homens para os quais nem vai olhar,mas está feliz da vida, como se tivesse saído de um saldão 90% off de umshopping center...Tem as que eu chamo de come-quieta. Elas parecem tímidas, virginais,mostram-se sempre assustadas ou chocadas com o que estão vendo,procurando no braço do marido ou companheiro uma tábua de salvação.Basta um olhar mais provocante ou uma cantada bem dada que elas serevelam. E precisa ser muito homem para ser comido por elas: asquietinhas são as mais famintas.Nem sempre as bonitas são as melhores. Digo isso por experiência própria.Já me surpreendi com o furacão solto por muitas das menos favorecidas,enquanto algumas lindas ficam parecendo aquelas maçãs enormes,vermelhas, brilhantes que, na primeira mordida, deixam um gosto insossona boca.Com relação ao físico, existem alguns detalhes que também chamam aatenção pela diversidade. Sim, estou falando das bu... As mais interessantesde olhar são, sem dúvida, aquelas mais cheinhas, com os grandes lábiosbem carnudos, a ponto de esconder totalmente o prato principal. Na outraponta, coloco aquelas que se abrem como uma orquídea selvagem, com osgrandes lábios expondo totalmente a vagina.O clitóris, em ambos os casos, independe do conjunto da obra. Devoadmitir, contudo, que, algumas vezes, pensei estar diante de umhermafrodita, tão avantajados eram alguns clitóris. Pareciam pequenospênis, pintinhos durinhos encaixados estrategicamente no alto da bu... Nempor isso deixam de merecer ser tocados com delicadeza.Se, em um homem, para mim tanto faz o estado dos pêlos (apesar de nãocurtir os totalmente raspados), nas mulheres isso faz toda a diferença. Aomenos para mim. Uma depilação bacana, com um formato que valorize oconjunto, me parece bem mais excitante. Fica parecendo desleixo quandofica aquele monte de pêlos rebeldes, que uma calcinha um pouco maiscavada não consegue esconder. Tem de ser uma mulher muito segura de si(ou muito gostosa) para não precisar recorrer a uma depilação... Alémdisso, há as totalmente "carecas", que parece ser uma tara masculinabastante comum. Já tentei, mas ainda prefiro deixar alguma coisinha.CoragemEu imaginava que coragem era não sentir medo. Mas aprendi que não ébem assim. A coragem é mais, é vencer o medo que está ali, o tempo todo.Eu sempre tive muito medo de ficar sozinha, nunca suportei. Ficar em casasozinha me deixava em pânico. Logo, percebi que estar fisicamenteacompanhada não diminui o medo de estar sozinha. A solidão era algomaior... Por mais que estivesse sempre cercada de pessoas, trabalhando noprive, atendendo clientes e convivendo com as primas, no fundo era apenaseu comigo mesma. No meu medo, recorri às drogas, trabalhando de diapara cheirar tudo à noite.Demorou. Mas, quando caiu a ficha de que, no fundo, eu estava merendendo ao medo, fazendo de tudo para esquecê-lo por alguns instantes,tomei uma decisão, essa sim, corajosa: dar um basta.E uma decisão íntima muito importante, mas é apenas um primeiro passo.A vontade, no meio do caminho, vira coadjuvante da necessidade física.Uma crise de abstinência coloca você frente a frente, ironicamente, com ador do "lado do bem" e o alívio do "lado do mal". Quem é que curte sofrersabendo que o fim daquilo é tão fácil de conseguir? Confesso que eumesma sucumbi algumas vezes.Nessa trajetória, além da vontade de parar, era preciso coragem paraenfrentar a abstinência, para bater os pés no fundo do poço, tomar impulsoe começar a voltar à tona. Engraçado que, hoje, tenho consciência de que oprocesso é bem parecido com o fim de um romance, quando você aindaestá apaixonada. A dor da ausência é física. Chega a doer no corpo. Comodizem que paixão também é reação química, acho que deve ser mesmoverdade.Como já contei, tive uma ajuda inestimável nesse processo de isolamento:Gabi, minha melhor amiga, um anjo da guarda que se trancou comigo emmeu apartamento nas semanas que durou esse purgatório. Mas isso não eraapenas pelo que eu vivia naquele momento — vinha de longe.Na adolescência, vivi com muito medo. Tanto que pensei mesmo em mematar algumas vezes — e cheguei a tentar em duas ocasiões. Na primeiravez, me vi com a arma do meu pai em punho, mas não encontrei as balas.Na segunda, cheguei a subir no parapeito da janela, pronta para voar.Faltou coragem, ou, sei lá, não tive coragem de continuar. Eis que me vicom vinte anos, milhares de programas feitos, pensando o que eu poderiafazer depois de tanta loucura. Foi aí que tive coragem de admitir queprecisava dar um passo atrás para poder voltar a andar para a frente.Reconhecer isso não é fácil. Eu estava mesmo decidida a largar aprostituição, voltar a estudar, terminar o segundo grau e finalmente fazeruma faculdade, de Psicologia.Tive muita sorte de encontrar apoio de alguém muito especial — eigualmente corajoso: o João Paulo. Eu sempre fui meio contra a traição, eaté hoje não consigo entendê-la bem. Mas ele estava infeliz no seucasamento (como, aliás, declaravam 99% dos homens casados quepassaram pela minha cama — mas que nunca moveram uma palha paramudar a situação).Porém, ele tinha algo a mais: coragem. Quando percebeu que estávamosnos apaixonando de verdade, foi realmente destemido. Saiu de casa eassumiu nosso romance, mesmo que eu ainda fizesse programas.Ainda estamos juntos, apesar de tantos obstáculos. Para aqueles queapostavam no fim rápido da nossa história, aviso que nossa vida juntos estáapenas começando. É preciso mais do que amor para fazê-la durar tanto: épreciso dedicação, aprendizado e, claro, coragem — de ambas as partes.PssiicollogiiaO sonho de ser psicóloga surgiu quando eu tive depressão. Comecei a acharincrível como os profissionais desta área são capazes de escutaratentamente, compreender, falar a coisa certa na hora certa, devolver aauto-estima aos pacientes que, muitas vezes, já estão sem esperança.Comecei a sentir que eu nasci para ser psicóloga, para ajudar as pessoasque precisam ser compreendidas. O ser humano é muito carente, por maisque tenha muitos amigos ao redor, sempre acaba guardando coisas para si,seja por vergonha ou por medo de desabafar tudo o que sente ou o que vive.Considero a psicologia e a psiquiatria profissões muito bonitas, poisajudam o ser humano a dar a volta por cima e se livrar de tudo o que oincomoda. Para muitas pessoas, o terapeuta acaba sendo o melhor amigo.Nos três anos de prostituição fui psicóloga também. Ah, como eu gostavade escutar os desabafos, de compreender e de dar conselhos. Brinco atéhoje que já fiz o meu estágio.Eu quero muito entender mais sobre o cérebro humano, principalmentesobre algumas atitudes dos homens. Se o ser humano é um ser racional, poroutro lado, muitas vezes age como se fosse irracional. Muitas vezes mepergunto: como é que alguém é capaz de matar outra pessoa a sangue frio?O que passa na cabeça dessas pessoas cruéis?Ao mesmo tempo em que desejo ter meu próprio consultório, tenho osonho de trabalhar voluntariamente, em algum presídio. Pode até parecerloucura da minha parte, mas quero entender mais sobre o mundinho docrime, ajudá-los e tentar compreender o que se passa na cabeça deles nahora do crime, o por que de agirem como irracionais. E, principalmente,descobrir o que a vida significa para eles.Claro que também quero entender as minhas próprias atitudes. Por que fuicleptomaníaca e por que não soube viver em harmonia com a minhafamília? E quem já deitou na minha cama, pode ter a certeza de que um diadeitará no meu divã.LiiberdadeNa noite de autógrafos de O doce veneno do escorpião, me diverti muito.Eu e o Jorge Tarquini, o jornalista que tomou meus depoimentos para olivro, comentávamos tudo o que acontecia ao nosso redor. Tinha tantagente, alguns curiosos para me ver de perto, outros me olhando como se eufosse uma ET e outros ainda queriam contar que eram leitores do blog, queestudavam no Bandeirantes ou simplesmente gostariam de ter tido aoportunidade de fazer um programa comigo — o que ficaria apenas navontade, pois ali eu já havia "pendurado as chuteiras" e deixado a vida deGP.Uma hora, chegou uma senhora com o livro em mãos, para a genteautografar, e eu perguntei para quem seria o autógrafo. Ela me disse queera para o marido dela. Antes de me dizer o nome dele, fez questão decontar que ele havia sido meu cliente e que, em viagem de negócios, ligoupara ela pedindo que fosse à livraria naquela noite. Foi muito gentil. Fiqueiimaginando que os programas que o marido dela fez comigo devem terrendido bons frutos para o casamento deles.Um outro chegou com o livro já aberto em uma das páginas negras, ondeeu conto algumas histórias de programas mais, digamos, peculiares. Elequeria que o autógrafo fosse dado ali, naquela página específica. Pergunteipor quê. "Esse daqui sou eu", respondeu, com o maior orgulho. Eu e oJorge ficamos meio sem reação e rimos muito da situação. Eu me lembravada história, tanto que ela fora contada, mas nem me recordava direito dorosto dele. A noite, contudo, ainda guardava outras surpresas...Chegou um casal à nossa frente, todo sorridente, com aquele ar de "lembrade nós?" estampado no rosto. Eu me lembrei. Esse casal já havia feitoalguns programas comigo. E eles me disseram que ficaram chateadosporque nenhum dos programas deles comigo tinha saído no livro. Mas semdramas. Para reparar a injustiça, faço isso agora.Quando eles me procuraram a primeira vez, foi o rapaz quem fez o contato.Muito tímido, perguntou se eu atendia também casais e se eu tinha algumareserva em me relacionar com a mulher. Respondi que não, que atendiacasais. Marcamos para o dia seguinte, uma quarta-feira, às 15 horas. Pelohorário, logo imaginei que não eram casados. Ao menos, não um com ooutro. Mas isso não fazia a menor diferença para mim.Quando chegaram, fui recebê-los como faço com todos os meus clientes:totalmente vestida, como quem aguarda uma visita. Não pude deixar denotar o olhar de decepção, principalmente dela. Talvez ela estivesseesperando por uma garota nua, que iria puxá-los para dentro já arrancandosuas roupas. Perguntei se gostariam de tomar alguma coisa e ela me pediuágua.Fiquei meio sem jeito. Nós três ali, sentados no sofá, meio sem assunto, enada de a coisa acontecer. "E nossa primeira vez com outra pessoa nacama", ele me disse meio sem jeito. "Tudo bem", respondi. "E o que vocêstêm em mente?" Depois de um silêncio um tanto constrangedor, que melevou a crer que eles pediriam algo totalmente inusitado, eis que ela resolveesclarecer as coisas: "Viemos aqui pois acho que também gosto de mulher".Bem, estava desfeito o mistério...Sugeri que ele tomasse banho primeiro, para poder ficar com ela e ajudar adescontrair. Ela era de poucas palavras, mas já deixava perceber que,debaixo daquela timidez, poderia haver um vulcão adormecido. Todomundo de banho tomado, era hora de algo acontecer.Ela estava enrolada na toalha e a segurava como uma tábua de salvação.Achei que era uma boa deixa para começar. Cheguei perto dela e puxei atoalha, deixando-a nua e esfregando seus braços, pois estava um pouco friomesmo. Deu para ver que a pele ficou toda arrepiada. Seu corpo não eraescultural, mas era firme, com uma pele macia. Do abraço para um beijodemorou pouco.Enquanto nos beijávamos, o rapaz veio se juntar a nós, em um abraçotriplo. Ela beijava muito bem, com uma fome absurda, enfiando sua línguadentro da minha boca como se ali estivesse um segredo oculto. Quando nosdeitamos, ela permaneceu imóvel, me deixando comandar tudo. A cadatoque, a cada respiração sobre sua pele, ela ficava mais e mais trêmula —por causa do frio, do medo e do tesão.Desci com a língua em busca da bu... dela, percorri o caminho passandopelos seios pequenos, pela barriga, e continuei descendo. Quando chegueino alvo, senti suas coxas me prendendo a cabeça com força, como se nuncamais conseguisse sair dali. Caprichei no tratamento.Enquanto eu fazia um oral nela, o rapaz a beijava e a tocava nos seios,prendia seus braços para cima, deixando-a ainda mais vulnerável etotalmente entregue a mim. Não sei dizer quantas vezes ela gozou apenascomigo chupando sua bu... Só sei que o fato não se repetiu quando eleresolveu penetrá-la, enquanto continuávamos nos beijando.Depois de gozar dentro dela, foi nossa vez de ajudá-lo a se reanimar.Dividimos o p... dele numa gostosa chupeta — que estava gostosaexatamente por nossas bocas se encontrarem. Inevitável. Eu sabia que elenão queria sair dali sem transar comigo. E assim foi feito: ela me chupoucom vontade, mas meio sem jeito, e continuou me beijando os seios e aboca enquanto eu cavalgava sobre ele.Não foi uma transa especialmente inesquecível ou diferente, mas fiqueifeliz por ter realizado essa fantasia dela. Não sei nem quero saber se ela érealmente lésbica, se são casados ou não. O fato é que, nas outras duasvezes em que fizemos programa juntos, ela estava bem mais solta e dandoconta cada vez melhor de mim.Bem, por que eu contei tudo isso? Só para não esquecer que essas pessoas,independentemente de terem sido bons programas ou não, me ensinaramuma coisa básica: ninguém tem o direito de tolher a liberdade do outro, sejaa esposa do meu cliente, o rapaz cujo programa foi eternizado nas páginasnegras do livro ou o casal de amantes que costumava me procurar. Eles nãodeviam nada para ninguém. Fiquei realmente feliz por ver pessoas livres,de bem com suas decisões e suas vontades, com liberdade para fazer tudo oque desejam sem se importar muito com o que os outros vão pensar. Quepensem. O pensar é livre.TranssparênciiaO primeiro programa do qual participei na televisão, para ser entrevistada,foi o Superpop, em 2004. Eu havia concordado em dar entrevista, desdeque pudesse aparecer com um capuz cobrindo meu rosto. Devo confessarque tinha sim uma certa vergonha, medo, não sei bem o que era. Para se teruma idéia, nem no flat em que eu morava naquele tempo as pessoas sabiamo que eu realmente fazia. Talvez desconfiassem, mas não podiam tercerteza. Eu sempre fui discreta.Naquela noite, quando o carro da Rede TV! chegou para me apanhar, oporteiro me perguntou se eu ia aparecer na TV. "Mais ou menos", respondi.Afinal, com o rosto coberto, era assim que eu ia mais ou menos "aparecer".Quando cheguei ao estúdio, fiquei sabendo que uma das meninas que ia daro depoimento sem usar o tal capuz não havia aparecido. Perguntaram se eutopava entrar no lugar dela, com o rosto descoberto. Acabei topando.Com o coração batendo na boca, fiquei me perguntando onde é que euestava com a cabeça quando tinha aceitado fazer isso. O que as pessoas iampensar. Imaginava meus pais, meus amigos... Passado o susto, cheguei àconclusão de que era hora de ser transparente. Eu não tinha do que meenvergonhar. Afinal, se eu era uma puta, qual o problema de o mundosaber? Eu nunca havia ouvido essa expressão, transparência, mas hoje eujulgo aquele ímpeto uma transparência.Enquanto estava no ar, mostrando minha cara para o Brasil inteiro,assumindo que eu era uma GP, que eu cobrava para fazer sexo com quemestivesse disposto a pagar, em vez de imaginar o choque dostelespectadores, pensava que, dessa forma, mostraria para meus pais queestava bem, que estava saudável, que estava me cuidando, apesar de tudo.Não queria que eles imaginassem minha vida na prostituição como algodecadente, decrépito, eu vestida como aquelas putas que sempre víamospelas ruas, se oferecendo a quem passasse e se abrigando na agressividadepara se defender da ignorância e da violência gratuitas.Na volta para o flat, reparei que todos me olhavam de maneira diferente.Até o gerente, que nunca havia dito nada, chegou com um papo de que avizinhança estava reclamando do entra-e-sai de homens do meuapartamento. Passei a imaginar que todo mundo que cruzava o olharcomigo, na rua, no supermercado, em qualquer lugar, estava mereconhecendo e me julgando.Apesar do medo que senti no início, com o tempo fui ficando mais e maisconvencida de que havia feito a coisa certa. Comecei a ser convidada parafalar em outros lugares, a dar entrevistas. Eu não tinha nada a esconder.Quando estávamos trabalhando nos depoimentos para O doce veneno doescorpião, só havia uma coisa que ninguém sabia a meu respeito: a históriado roubo das jóias.Naquela ocasião, eu estava no pico de uma compulsão por drogas e porcompras e acabei roubando um conjunto de jóias que meu pai dera depresente de aniversário de casamento para minha mãe. Foi por causa dessapassagem que levei a maior surra de toda a minha vida, enfrentei o silênciodos meus pais, que não conversaram mais comigo até o dia em que saí decasa, e cheguei às barras do tribunal, diante de uma juíza, acusada de ladra,e quase fui parar na Febem. Foi assim que se rompeu o último elo familiarantes de eu sair de casa para ir trabalhar no prive.Pensei muito sobre se eu contaria ou não tudo isso no livro. A resposta veiorápido: se eu havia escolhido a tal transparência para ser um norte na minhavida, não fazia sentido esconder. Daquele dia em diante, coloquei isso emmente: por pior que tenha sido, faça algo de bom por você mesma e sejaverdadeira.Sempre me perguntam se um dia vou contar minha história aos meus filhos.A resposta é sim. Sei que a repercussão de tudo o que expus é muitogrande. Prefiro que eles saibam por mim, que vou dizer a eles a verdadesem nenhuma segunda intenção que não a de ser transparente.AmiizadessAo longo da minha vida, conheci muita gente. Mas não soube distinguirentre "conhecidos" e amigos de verdade. Um erro básico que muita gentecomete — mas uma lição dolorida de aprender.Eu achava o máximo fazer parte da "turma do mal" no colégio. Era muitobom zonear, conversar durante as aulas (aquelas que não cabulávamos),escapar da escola para ir beber, fumar, se drogar e ser vista pelos outrosalunos como uma pessoa in. Para mim, amigos eram aqueles que meentendiam e me aceitavam do jeito que eu era. Na verdade, eu é que metransformei naquilo que eles queriam que eu fosse — simplesmente paraser aceita. Para alguém que não tem amor-próprio, tudo é negócio para ser"aceita". Até deixar de ser você para ser alguém idealizado pelo modelo dogrupo.Depois que me encrenquei com a história de ter chupado um garoto doBandeirantes, a repentina fama de galinha que ganhei no colégio assustouaquelas pessoas descoladas que eu imaginava serem meus amigos.Ninguém nem olhava na minha cara.Quando fui parar no prive, logo percebi que no ambiente de trabalho não dápara ser amigo de ninguém. Você tem bons e maus relacionamentos"forçados" pela convivência do dia-a-dia. Ironicamente, apesar daquelaconcorrência, do serpentário que se abria cada vez que uma de nós nãoestava por perto, foi nesse meio que descobri o sentido verdadeiro deamizade. Talvez tenha sido exatamente por essa atmosfera tão poucofavorável que ela nasceu tão forte.Eu não tinha muito a oferecer, além de minha amizade. Hoje, sei que atéela foi pouco para tentar devolver a essa minha amiga tudo o que ela fezpor mim. Ela parou de trabalhar como GP e virou uma espécie de anjo daguarda da Bruna. Ajudava a agendar os programas, era minha confidente,me protegia quando eu estava deprimida. Mas a maior prova de amizadeque ela poderia ter me dado foi quando resolvi parar com as drogas. Foi elaquem agüentou o tranco das crises de abstinência comigo, sem me deixarfraquejar, vendo o meu lado mais frágil e, ao mesmo tempo, mais violento.Uma relação de amizade baseada no comprometimento, na compreensão eno total desinteresse. É assim que defino minha amizade por ela. Aliás, éassim que eu defino amizade. Hoje, com esse quinhão de fama com que fuiagraciada, tem muita gente que se aproxima para tirar sua casquinha. Noentanto, não me deixo mais enganar. Gente para o oba-oba, para estar a seulado no melhor, é fácil conseguir. Mas alguém que está ali para o que der evier, de verdade, sem julgamentos — também sem complacência —, é algoraro.Uma garota de programa nunca vai ser amiga de verdade da outra, por maisque a convivência seja boa, que você até goste da companhia. A razão? Ociúme, a disputa pelo melhor faturamento. Amizade requerdesprendimento. Talvez seja melhor falar em "aliadas" em um momento ououtro. Ser preterida por um cliente, conseguir menos dinheiro do que aoutra, ser mais ou menos bonita... Tudo leva à concorrência. Sacanear umaà outra era coisa normal. Não sou santa e também aprontei das minhas. Omais comum era, quando aparecia um cliente com quem ninguém queria ir,dar um jeito de deixar apenas a vítima disponível — e sem poder dizer não.Nada disso, porém, chega aos pés do que significa roubar uma prima.Todas sabíamos quanto custava ganhar cada centavo. Eu fui vítima de umadessas enquanto estava caindo de bêbada numa balada. Fui tirar satisfaçãocom a desgraçada e acabamos brigando feio, de deixar marca.Claro que o fato de eu me destacar de alguma forma sempre gerou ciúme edesconforto entre as demais garotas. Eu era muito jovem, sempre me cuideibem, tratava todos com educação e fugia ao máximo daquela imagem daputa fatal, devoradora de homens. E isso atraía os clientes, principalmenteaqueles mais tranqüilos. Cheguei a ouvir muita coisa pelas minhas costas,mas preferia fingir que não percebia. Cheguei a ter momentos dedescontração e até de cumplicidade.Por ter sido a garota que sempre trabalhou melhor nas casas por ondepassei, eu tive a sorte de ser mimada pelas gerentes e cafetinas. Tudo bemque era na maior falsidade. Isso eu percebia, mas sabia tirar proveito dasituação.Mesmo sendo a "queridinha", tinha de entregar os 60% do que eu ganhavanos programas, como todo mundo. Reconheço que a Joana, gerente doprive na alameda Franca, foi como uma mãe para mim. Conversávamosmuito e tínhamos uma cumplicidade imensa. Ela era muito engraçada, noschamava de putas sem que soasse humilhante. Nós todas ríamos muito comela."Vamos colocar ordem neste puteiro!", ela gritava quando estávamosfazendo muita bagunça. A Joana era uma mulher simples, mãe solteira deduas crianças pequenas. Fazia de tudo para dar o melhor aos filhos.Ganhava 10% do lucro da casa. Era uma pessoa triste, mas poucas vezesdeixou transparecer: estava sempre sorrindo e falando besteiras que nosfaziam rir. E como era bom rir de verdade naqueles dias...Eu percebia que ela gostava muito de mim, fazia tudo o que eu pedia.Passava a mão na minha cabeça e me dava algumas exclusividades.Quando o movimento na casa estava excelente e eu subia com algumcliente que tinha combinado comigo o período de uma hora, ela interfonavadepois de quarenta minutos. Tudo porque ela não queria que nenhumhomem fosse embora por não poder me esperar — e sabia que eu estava alipara ganhar dinheiro. Se tempo é dinheiro, trabalhando como garota deprograma, então... O procedimento era o mesmo quando eu subia comalgum cliente de que não gostava: ela interfonava depois de quarentaminutos.Quando eu estava estressada, e dizia que ia embora para nunca mais voltar,ela ficava realmente com medo de que eu estivesse falando a verdade — e,no fundo, eu estava — ela dizia: "Tira folga amanhã". Ela chegou até a mesurpreender, quando disse para eu tirar uma semana inteira de folga.Naquela época, ela já me dizia: "Bruna, você não nasceu para ser puta,você é muito inteligente e bonita, não precisaria ganhar dinheiro assim".Espero que, hoje, ela esteja feliz por mim. Gostaria que ela soubesse que euescutei essas palavras e, por mais que ficasse com 10% do que eu ganhava,ela foi como uma mãe para mim.Na segunda vez que voltei a trabalhar nessa casa, impus uma condição: eupoderia começar a trabalhar a partir da 1 da tarde e ficaria até a casa fechar.A Joana e a Larissa aceitaram. Naquela época, as outras meninas nãoficaram enciumadas, pois eu já tinha conquistado o respeito de todas. Eu jáera considerada uma psicóloga: era eu quem ouvia os problemas de cadauma, que consolava e as fazia parar de chorar.Ao mesmo tempo, eu era considerada a irmã caçula e, por sempre ser amais nova das casas, todas confiavam em mim. Claro que tive muitoscontratempos com algumas meninas que entravam na casa, e quando viamque eu trabalhava muito, viravam as costas para mim e sequer conversavamcomigo.Lembro-me de que, no prive da Michigan, tinha uma prostituta que foiodiada por muitas. Por mim, inclusive. Nossos santos nunca bateram, edisputávamos os clientes. Eu sempre ganhava (rs). Sentia-me muito malquando ela me olhava: a única coisa que eu queria era que ela não meolhasse com aqueles olhos ruins. As más línguas diziam que ela eramacumbeira, algo de que não duvido.Aliás, macumba era uma coisa comum. Algumas meninas faziam-na paraatrair clientes ou então como oferenda para à pombajira com os maisdiversos pedidos. Não sei se dá certo, porque eu nunca fiz. Para falar averdade, nunca precisei me preocupar em não ter clientes.Havia dias em que eu não trabalhava muito bem. Com o passar do tempo,quando eu não estava bem comigo mesma e desanimada para trabalhar, osclientes percebiam durante a apresentação. O olhar safado chama muito aatenção dos homens. Já a aparência de desânimo os afasta.Por muito tempo trabalhei nos prives apenas por causa das meninas, dacompanhia que eu tanto gostava. Não conseguia me imaginar trabalhandosem cafetão, sozinha num flat, esperando algum homem me querer. Batiainsegurança.A alameda Franca foi o lugar onde mais gostei de trabalhar: eu consideravaas meninas como irmãs — por mais que eu soubesse que, numas de "ou euou elas", a irmandade que fosse para a casa do chapéu. Eu também sentimuita falta da Joana quando não estava lá. Apesar de tudo, foi onde euconheci mais pessoas bacanas, de garotas de programas a clientes.Já o prive do Brooklin, na rua Michigan, foi o lugar mais bacana em quetrabalhei. Era uma casa ampla, bonita e aconchegante. Se tivesse prêmiospara dar aos cafetões ou cafetinas, eu entregaria um à cafetina dessa casa.Ela passava quase todas as tardes conosco, conversava bastante e, por maisque estivesse nos explorando, sempre demonstrou muita preocupação.Quando percebia que alguém não estava bem psicologicamente, chamavapara conversar. Ela queria que todas as meninas que estivessemtrabalhando se sentissem bem. Ela nunca ficou devendo um centavo paraninguém; pagava-nos todos os dias e não nos explorava muito. Já não possodizer o mesmo da Larissa, que ficou me devendo um pouco mais de 3 milreais. Trabalhei quase um mês de graça para ela! Foi por causa disso quesaí do prive dela, para nunca mais voltar!Mas há coisas na vida que são muito engraçadas: a Larissa sempre foi umapessoa muito ruim, nunca nos pagou em dia. Ela era uma mulher com umpouco mais de quarenta anos, casada com um cara bem mais novo do queela. Ele era lindo, e ela morria de ciúmes dele. Ele não podia entrar na casade jeito nenhum: ela não deixava. Às vezes, ele entrava rapidinho e nosolhava com um ar de safado.Após ela ter feito muitas meninas sofrer, a vida dela teve uma reviravoltaimensa. Um pouco antes de sair da prostituição, fiquei sabendo que elaperdera o prive, ficara tão endividada, não sei a razão, e dera a casa parapagar as dívidas. O marido tinha ido embora, pois era nítido que ele estavacom ela por causa do dinheiro (que homem se casaria com uma bruxadaquelas?). Ele não trabalhava e era ela quem o bancava. Já que ela haviaperdido a maior renda, ele se mandara. Pois é: aqui se faz, aqui se paga.Essa fase de prives passou logo, pois fui atender em flat e o problemadesapareceu. Mas surgiram outros. Aconteceu comigo de um cara mepaquerar na balada e, depois de transarmos "à paisana", ele me dizer queestava feliz por ter transado com a Bruna Surfistinha. Filho-da-puta, não?Quem estava ali era a Raquel, que tem todo o direito de se divertir e dormircom quem quiser.Isso foi gerando em mim um certo pânico da aproximação das pessoas.Depois do sucesso do primeiro livro, então, fica sempre difícil saber quemse aproxima de você por interesse ou por amizade. Na dúvida, a receita ésimples: precaução e caldo de galinha — que não fazem mal a ninguém.Sexo CiiviillMuita gente tem curiosidade em saber como é minha vida sexual depois daBruna Surfistinha. Afinal, eu transei com tanta gente, realizei tantasfantasias (minhas e de meus clientes), que todo mundo deve imaginar que épreciso ser um super-homem para me satisfazer na cama. Bem, vamos porpartes.Quando você tem uma rotina como a que a Bruna tinha, de transar mais deseis vezes ao dia, é preciso mesmo variar o cardápio, para não deixar apeteca cair. É um pouco como teatro: os atores falam os mesmos textostodos os dias, andam para cá e para lá na mesma ordem. Mas tem sempreuma coisa diferente: ou a platéia é mais séria ou mais descontraída, vocêpode estar bem ou não. Então, a saída é mesmo achar pequenas e grandesgraças novas a cada dia.Por isso, como aquele era meu dia-a-dia, é claro que novidades diárias eramuma brisa nova, que me excitava e me alimentava. Aquilo que mais meexcitava eu dava um jeito de incorporar na minha vida, para apimentarmeus relacionamentos "civis".Quando eu e o João Paulo realmente nos entendemos, e ele veio morarcomigo, eu tive um certo receio de não parecer sincera quando tomava ainiciativa; temia parecer falsa. Por isso, tivemos um cuidado especial:deixamos as coisas acontecerem naturalmente.Isso só acontece porque nos dispusemos realmente a ter intimidade — aocontrário de alguns clientes casados, que dava para perceber de cara quenão podiam pedir algo diferente para a esposa. Isso eu chamo de falta deintimidade. Não existe um roteiro pronto para as nossas transas. Podecomeçar com um beijo inocente no sofá da sala, enquanto vemos um filme,ou numa brincadeira na cozinha depois de lavarmos a louça. Não pensamosem sexo 24 horas por dia, nem parecemos dois bichos no cio, que malpodem se olhar para a coisa esquentar. Porém, quando rola, fazemosexatamente o que temos vontade. Se um dos dois passa o sinal do limite dooutro, o que é mesmo muito raro, fica parecendo telepatia.Conhecer as reações dele é uma arte que devo à Bruna. Não que eu fique sópreocupada com o prazer dele. Mas não custa nada ser generosa e prestaratenção nos sinais. E lógico que espero reciprocidade nessa atenção.O mais importante é que não temos jogos de pudor, não fazemos c... doceum com o outro. Isso faz com que a cama seja uma brincadeira de prazer ede completude: somos duas pessoas que se amam e que se respeitam — nassuas vontades, nos seus desejos e no cuidado que temos um com o outro.A Bruna me fez ter menos barreiras, sem dúvida. Não me envergonho domeu prazer e de dizer o que me dá prazer. Isso não cria obrigações para oJoão Paulo, mas abre uma porta para ele também expressar os seus desejos.Fica sempre aquele clima de descoberta, como quando estamos no começode namoro e ficamos buscando coisas em comum. São pequenas afinidades,como "Ah, você curte U2? Eu também!", "Que coincidência: você tambémtorce para o Corinthians?" ou "Então, você é como eu: um chocólatra".A falta de barreiras na cama pode não garantir que um dos dois se sintaatraído por outra pessoa, até porque atração é natural. Porém, quando existeuma sintonia completa, principalmente na cama, a curiosidade cai pelametade.Eu conheci tantos homens e mulheres como Bruna e, mesmo assim, comoRaquel não senti nenhuma necessidade de buscar em outro homemqualquer realização sexual. Não posso responder pelo João Paulo, mas tudoindica que ele sente o mesmo.Nosso sexo não tem nada de depravação, como muita gente imagina. Nãonos sentimos obrigados a conferir todas as posições do Kama Sutra nemexperimentar nenhuma tara que a gente não queira.Com certeza coisas que qualquer mortal pode fazer, como o pompoarismo(o controle da musculatura vaginal durante o sexo), invenções na hora dosexo oral, descobrir novas zonas erógenas de parte a parte são coisas que,se não fosse a Bruna, a Raquel poderia até aprender, mas levaria umbocado de tempo a mais.Se somos mais liberais do que outros casais? Não sei responder. Só sei quetudo o que fazemos na cama é bom, conhecemos as reações um do outro enão sentimos nenhuma vergonha por fazermos o que de bom o sexo podeoferecer. Eu não vou ficar aqui contando como são nossas transas.Primeiro, porque não acho bacana para nós dois. Segundo, são coisas quenão se aprende nos livros: é preciso viver para entender. Uma coisa possodizer: aprendi que sexo não é um bicho-de-sete-cabeças no relacionamentode um casal. E que estamos juntos não só por ele, mas por uma vida inteiraa ser compartilhada — com sexo, amor, carinho, compreensão, amizade...AmorDurante o tempo em que fui garota de programa, nunca desisti dos meussonhos. Eram (e ainda são) muitos. Um deles era o de encontrar um amor.Não tinha aquela coisa de achar alguém para "me tirar dessa vida". Euqueria mesmo amar e ser amada. Parece bobo, mas não é. Se já está difícillevando uma vida normal, imagina com a que eu levava.Não faltaram clientes com os quais eu pensei: "com esse eu casava". Eramhomens que me agradavam muito, com quem tinha química, transavambem. Mas certamente não iam querer nada sério com uma prostituta.Depois de transas maravilhosas, eles voltavam para suas namoradas, noivase esposas, como se nada tivesse acontecido. Lavou, está novo.Para quem pensa que eu também estava atrás da "grande cartada", contoque tive um cliente já de idade, que queria que eu fosse viver com ele —em troca de dinheiro, óbvio. Não aceitei. Aquilo que seria um sonho paramuitas primas, para mim não valia a pena. Eu havia largado o amor dosmeus pais, das minhas irmãs e dos meus amigos para levar essa vida. Sabiaque tinha de aprender algo. Aceitar isso, sem dúvida, não ia me deixaraprender o que era preciso. Se tivesse de ir com alguém, que fosse comquem eu amava de verdade. E que me amasse também.Nos três anos em que fiz programas, continuei perseguindo esse sonho.Fiquei com alguns garotos, tive alguns namoros, como qualquer meninaque vai à balada. Mas eu não contava para todos: "Olha, só tem uma coisa,sou uma puta". Já imaginou? Às vezes eu inventava alguma coisa, mentiamesmo. Mas quando passava de uma ficada, eu não podia esconder o jogo.Apaixonei-me, sim. E ele também. Foi o único relacionamento que euposso chamar de NAMORO, assim mesmo, em letras maiúsculas.Passamos por um tempo feliz, no qual minha profissão não interferia emnada. Às vezes, sentia que ele não estava muito a fim de sair e ficávamosem casa — transando. Mas isso não me incomodava. Ele era gentil, eusentia que ele realmente gostava de mim. No entanto, queria mais. E foiexatamente nessa hora em que estávamos em um daqueles pontos cruciaisde um relacionamento, do "o que será daqui para a frente?", que os fatoscomeçaram a se precipitar: programas de TV, entrevistas, o nome BrunaSurfistinha passou a fazer sentido para um público maior. Tudo issopoderia somar dificuldades ao nosso namoro. Mas eu achava queconseguiríamos tirar isso tudo de letra, juntos. Sim, o mesmo papo deamizade, cumplicidade, compreensão... Eu realmente me esforçava parafazer funcionar.No entanto, ele passou a ter reações estranhas, que não eram apenas deciúmes por eu transar profissionalmente. Bad trip total. Por mais que eledissesse que estava firme, que seguraria a barra da minha profissão,infelizmente não foi verdade. E acabou porque tinha de acabar. Fiqueimuito triste, deprimida, sozinha. Mas como o jeito mais fácil de voltar àtona é bater os pés no fundo da piscina, experimentei mais esse momentode inferno pessoal.Eu não me dei por vencida. Sempre batia uma certa insegurança, o medo dea juventude ir embora naquele trabalho e eu virar uma daquelas putas semesperança, que vão ficando para escanteio... Depois que esse namoroterminou, passei um tempo fechada para balanço. Não queria saber deninguém e isso afastava qualquer possibilidade de relacionamento. Erapreciso estar aberta para que as coisas voltassem a acontecer.Quinta-feira ?O primeiro programa do dia foi com um daqueles tipos "para casar".Tanto que ele já era casado. Confesso que dei um chá-de-cadeira nocoitado: mais de uma hora. Eu estava com uma certa preguiça,torcendo para que ele fosse embora. Era a sua primeira vez comigo. E,soube depois, a primeira com uma GP (ao menos foi o que ele disse) eque ficou curioso por me ver na internet. Deu para perceber que o queele estava precisando era mais de um bom papo do que de uma transa.Mesmo assim, foi gostosa, rolou gostoso, como se já nosconhecêssemos, em clima de namoradinhos.Em janeiro de 2005, acabei fazendo um programa bem bacana, que rolounuma boa. Até porque o cara parecia gostar mais de conversar do quetransar (apesar de fazê-lo muitíssimo bem e de ser do jeitinho que eugostava: grandão, bonito, gentil, gostoso). Na verdade, ele precisava maisde companhia e de um bom bate-papo do que de sexo, naquele momento.Mal sabia eu que aquele seria o primeiro de sete programas, sendo que noúltimo nem transaríamos, pois não havia clima para os negócios. Essecliente era o Pedro. Ou melhor, o João Paulo.Ele me disse que nunca havia saído com uma garota de programa e quetambém nunca havia ouvido falar de mim. Estava navegando pela internetquando cruzou com o meu blog e ficou curioso com o que leu e tambémcom as fotos que estavam ali. Acabou indo buscar referências no GP Guia(um guia de garotas de programa em que há alguns fóruns de discussão e osclientes comentam das garotas. Eu, modéstia à parte, sempre estive bemcotada nele, sempre que entrei para xeretar) e decidiu experimentar, já quetrabalhava e morava em Moema na época e estava bem pertinho do meuflat.Na hora em que ele telefonou, eu só tinha livre o horário da 1 da tarde. Eele lá embaixo, na recepção do flat, esperando. Depois soube que ele quasefoi embora — ele realmente não é um cara que ficaria esperando do jeitoque ficou naquele dia. Pois é, nada acontece por acaso.Na primeira vez em que ele veio fazer um programa comigo, não houvenada de especial. A transa foi tranqüila e até rápida. Ele foi tomar umbanho e eu fiquei no quarto, como sempre, antes de um programa. Quandoele saiu, foi muito carinhoso, como se buscasse em mim algo que ele haviaperdido, um carinho, uma reciprocidade. Mas eu era uma profissional. Elenão teve problema nenhum em, com muita delicadeza, explorar meu corpointeiro com seus lábios e sua língua. Como percebi que ele estavaprecisando de atenção e relax, deixei-o deitado de costas, enquantocavalgava até ele gozar.Para minha surpresa, engatamos uma conversa agradável e acabamos nempartindo para o segundo tempo. Quando vimos, uma hora já havia sepassado e ele precisava ir embora. Senti algo diferente, mas nem presteiatenção. Tanto que achei que ele nunca mais iria voltar. Pareceu-me ter idoaté lá apenas para extravasar de alguma maneira, para relaxar dos seusproblemas — que eu desconhecia.Depois que ele foi embora, tirei minha soneca regulamentar de algunsminutos entre um programa e outro, e a vida continuou. Após algumassemanas, veio a segunda vez. Ele me contou que tinha ficado na dúvida seme procurava ou não, se repetiria um programa comigo ou não. E aindateve chance de desistir, pois havia marcado das 16 às 17 horas, e acabouficando quase uma hora me esperando antes de eu poder atendê-lo.Quarta-feira ?Hoje tive uma surpresa agradável: a volta de um cliente com quemcurti muito fazer programa. De cara, eu nem havia me tocado, mas,quando abri a porta, saquei que seria um bom programa. E olha que eudeixei o coitado, mais uma vez, plantado mais de uma hora à minhaespera. Mesmo assim, eu ainda ganhei um presente: o livro A vida ébela. Não sei dizer a razão, mas, por melhor que fosse o programa, eume sentia estranha com ele, que insistia em se abrir comigo. Não sei setorço para ele voltar outras vezes ou não.Ele chegou com um livro nas mãos, dizendo que, na verdade, queria trazero filme de presente, mas ele não tinha achado. Era A vida é bela. E aindariu da história da espera. "Ainda bem que era um livro: deu para ficar lendoenquanto esperava", disse. Continuou: "eu não queria vir, depois não queriaficar, queria desistir de esperar, mas não consegui".Mais uma vez, a transa foi apenas um pretexto. "Eu não tenho hábito defazer programa, mas fiquei muito curioso para conhecer a pessoa por trásdaquele blog", me disse com sinceridade. "Sinto que eu já te conheço hámuito tempo, por mais estranho que isso possa parecer." E parecia...Eu me sentia vampirizada. Realmente acredito que a energia negativa dosclientes ficava comigo e a minha positiva ia embora com eles. Com ele nãofoi diferente. Conversamos muito, mais do que transamos. Ele viu a minhapastinha com as reportagens sobre a mesa e comentou alguma coisa. Eurespondi apenas "é...". Apesar da minha frieza, ele continuou se abrindo,dizendo que sempre foi uma pessoa de poucos amigos, embora tivessemuitos conhecidos. E que, comigo, se sentia à vontade para se abrir. "Maisum para me vampirizar", pensava comigo mesma, embora sem julgá-lo. Eleme falou da perda do seu irmão, que havia morrido na madrugada do Natalde 2004, das dúvidas sobre os rumos de sua vida e do seu casamento, quese reforçaram depois disso. Contou ainda das duas filhas e um pouco do seutrabalho. Enfim, mais uma vez eu era depositária do desabafo de umcliente. Faz parte do jogo.Terça-feira ?Hoje fiz meu terceiro programa com um dos meus clientes casados.Não sei explicar, mas parece que a gente se conhecia havia muitotempo. Se ele não fosse casado e não soubesse o que eu faço da vida,dava até para pensar.Na terceira vez em que ele me procurou para fazermos um programa, osexo já tinha um sabor bem diferente, tranqüilo, pois eu parecia realmenteconhecer aquele homem de um jeito diferente. Mas eu não queria e não iame apaixonar. Não tinha nada a ver. Se por um lado ele era um homem quetinha tudo o que eu procurava, ele também tinha tudo aquilo que eu nãoprocurava. Eu queria que o homem da minha vida não soubesse que eufazia programa — e ele sabia. Nunca quis um homem casado — e ele era.Desejava um homem sem filhos — e ele tinha. E, além disso tudo, eu nãoqueria me apaixonar — ao menos não naquele momento.Foi a Gabi quem primeiro me abriu os olhos para a paixão que estavanascendo. Nem dei ouvidos. Mas cedia em algumas coisas, faziaconcessões e confissões. Como contar que não era eu realmente quematendia ao celular, mas a Gabi, minha "duble de voz"? Afinal, telefone deputa não pode dar ocupado nem cair na caixa postal, para não perderprograma. E realmente é fácil de nos confundir ao telefone. Cada vezmenos o sexo importava nos nossos programas, que pareciam maisencontros. Rolava sexo, era gostoso (ele costumava dizer que sempreparecia ser a primeira vez), no entanto as conversas ficavam cada vez maispróximas, necessárias.Aquilo parecia coisa de adolescente, mesmo. Nenhum dos dois abria ojogo, por mais que já estivesse meio que na cara o interesse mútuo. Dequalquer modo, quando ele vinha era um programa, e eu tinha dedesempenhar meu papel: fazer sexo com ele — por mais que rolasse umaconversa gostosa depois, no lugar do segundo tempo.Sexta-feira ?Hoje recebi um vaso de flores, mas não sei quem mandou, pois ocartão apenas agradecia minha paciência e não estava assinado. Nãocostumo ficar com as flores que recebo. Ou por não serem do meuagrado ou pelo remetente não ser do meu agrado. Mas dessas eugostei. Um vasinho com umas flores plantadas que eu não sei o nome.Vou deixar aqui na sala do flat.Um dia, recebi um vaso de flores que achei bonito (nem todos eram e eunão pensava duas vezes antes de jogá-los fora) e acabei deixando-o na sala.Junto havia um cartão anônimo, agradecendo pela paciência em ouvir seusproblemas e aconselhar com tanta clareza, mas dizendo que nunca mais nosveríamos. Eu nem desconfiava quem poderia ser esse cliente. Como disse,receber flores fazia parte da rotina. Nem o cartão me intrigou muito, paraser honesta. Na semana seguinte, quando ele entrou para fazermos umprograma, uma voz soprou no meu ouvido: "foi ele". Fiquei com muitomedo de perguntar. Mais uma vez, sexo rapidinho e dá-lhe conversa, ouvirmúsica e apenas deixar ficar.Foram ao todo sete programas. No último, nem eu nem ele queríamos maisaquele contato profissional. Era hora de tomar fôlego e coragem e tocar noassunto: o que seria dali para a frente? Eu não curto fazer programa comcaras que viram meus amigos. Este era o caso. Então, tínhamos de colocartudo em pratos limpos.Fiquei chateada, pois ele não tomava a iniciativa. Comigo meio frustrada,subimos para o quarto, tiramos nossas roupas, ele tomou banho econversamos. Eu continuei me portando como uma garota de programa,olhando para o relógio para fazê-lo gozar no tempo regulamentar esimplesmente ir embora. Quando percebi que a coisa não ia funcionar,perguntei se ele ia transar e a resposta foi não.Acabamos apenas conversando, decidindo como nosso caso ia ficar. Nãodava mais para ele ser meu cliente. Imaginem, até problema com meu blogele já tinha ajudado a resolver, quando registraram obrunasurfistinha.com.br. E ainda foi atrás da burocracia quando meu CPFfoi cancelado. Eu estava virando cliente dele, como advogado. Mas ele nãoqueria cobrar. Mais uma razão para a história dos programas ter seu fimdecretado.DomingoHoje eu tive um sonho estranho. Sonhei que eu tinha um filho epasseava de mãos dadas com ele. Muito estranho...Ficamos um tempo sem nos falar. Uma noite, sonhei conosco de mãosdadas com um menininho - meu filho no sonho. Acordei meio perturbada.Como estava com problemas no meu computador, fui postar o blog em umalan-house. Sem saber direito a razão, comecei a escrever um e-mail paraele, para dizer que não queria me envolver. De repente, um vulto seaproxima de mim por trás. Era ele!Tive muita dificuldade em ficar daquele jeito, apaixonada, sem entenderdireito o que estava acontecendo. Nunca pedi nada a ele. Mas precisavadefinir a minha vida, independentemente de ele resolver ou não a dele.No final de semana, eu fiquei doente, com dor de ouvido. Ele me telefonouno sábado para saber de mim e, no domingo, apareceu em casa para melevar remédios e a Folha de S.Paulo, que trazia de brinde um filme.Adivinha qual era? A vida é bela. Foi depois disso que as coisas seprecipitaram. Estávamos quase no meio do ano, nossa história se arrastavadesde janeiro, e eu querendo loucamente falar com ele todos os dias.Inventava motivos apenas para poder ligar. Menos nos finais de semana,claro, pois sabia que ele estava com a família — e eu respeito muito isso.Chegou um domingo e eu não agüentei: liguei. Ele atendeu de modo muitoestranho — depois fiquei sabendo que a mulher estava por perto. Fiqueipéssima com essa bola fora. Mas ele mesmo já havia dito que o casamento,depois de cinco anos e meio, estava muito abalado. E Deus é testemunha deque eu sempre disse para ele tentar até o fim, não desistir, buscar saídas.Por mais que, intimamente, e sem deixá-lo perceber, o que eu queriamesmo era estar com ele. A iniciativa, em nome do que é certo, tinha de serdele, sem qualquer interferência minha ou de quem quer que fosse.Domingo, 12 de junho (Dia dos Namorados) ??Fui pedida em namoro!!! O Pedro (vamos chamá-lo assim, ok?),depois de fazermos sete programas e termos desistido de nossa relaçãoGP/cliente, me pediu em namoro. Acho que nem eu acredito ainda.Nessa ocasião ele tocou no assunto diretamente pela primeira vez: "voulargar tudo para ficar com você". Eu gostava dele, mas não podia deixar deabrir seus olhos com relação a tudo o que isso iria representar, darepercussão na família, os amigos, as filhas... Engraçado, pois até aquelemomento, nós nunca havíamos nos beijado na boca, em nenhum dosprogramas que tínhamos feito. Nem foi nesse dia que rolou a primeira vez.Quando conversamos sobre isso, algum tempo depois, rimos muito. Euestava com medo de ir para cima dele e ele entender tudo errado. Ele, commedo de vir para cima e ferrar tudo.Claro que ele chegou em casa tarde e a mulher dele quebrou o pau. Elejuntou suas coisas e saiu de casa. Eu não sabia de nada, até ele me ligar, meconvidar para almoçar e contar sobre a decisão. Fomos para minha casa eassistimos juntos A vida é bela. Tanto ele quanto eu estávamos muitoconfusos. Não é para menos. Afinal, eu precisava aprender a me relacionarcom ele não mais como uma GP — e ele não mais como cliente. Tínhamosum novo período de adaptação, de descobertas: sermos nós dois.A mulher dele ligava no celular e ele não atendia. Aquilo me deixavaansiosa por um lado, mas feliz por outro. Ele queria ficar ali comigo.Chamou-me para irmos à Love Story dançar. Eu não queria. Fingi estar umpouco alta. Ele foi para a varanda e eu fiquei sozinha na sala. Quando o viali, de costas, olhando para a rua, senti que seria um bom momento para meaproximar. Abracei-o por trás (nós nunca tínhamos tido nenhum contatofísico que não o dos programas) e rolou o primeiro beijo. Senti-me com 16anos de novo.Saímos, fomos dançar e, por mais que outros meninos se aproximassem demim, eu fazia questão de mostrar que era com ele que eu queria ficar. Devolta para casa, ele veio me dar um beijo de despedida. Acabamostransando como namorados pela primeira vez.Foi tudo tão diferente... Eu queria. Ele queria. Eu tinha tesão por ele e elepor mim, coisa que eu nunca havia sentido em nenhum dos programas quefizemos juntos. Era uma coisa de corpo e alma. Não precisava mais fazernenhum malabarismo, nem procurar agradar a todo custo: éramos duaspessoas apaixonadas, transando pela vontade de sermos um só, sem pressa,sem pudores, sem jogos de sedução ou truques profissionais. Foi como se omundo parasse de girar.Apesar de tudo, naquele momento eu tinha sim uma preocupação: dissociara Raquel da Bruna, fazê-la desaparecer. Fiquei feliz por perceber que ali,naquele momento, fazendo amor, estava mesmo a Raquel, com todas assuas inseguranças e ansiedades, ainda que a Bruna tenha me ensinado muitacoisa.No domingo, quando acordei, liguei para a Gabi muito encucada: tinhamedo de que tudo aquilo pesasse demais para ele e ele sumisse de vez. E seele fosse mais um que quisesse um "troféu" e nada mais? Fiquei péssima,até a hora em que ele mandou um torpedo para o meu celular: "Bongiorno,Principesa", igualzinho ao protagonista de A vida é bela, que falava assimpara sua amada. Depois disso, não tive mais dúvidas.Para ele não deve ter sido fácil, pois todo mundo começou a perguntarquem era o moleque que estava com a Bruna Surfistinha, a julgar por seucomportamento. Eu nunca escondi o jogo para ele: mesmo sabendo que euqueria parar de fazer programas, isso ainda ia levar um tempo. E ele tevetoda a paciência do mundo. Foi uma prova de amor.Ele enfrentou o preconceito da família dele; toda a carga emocional, atécerto ponto justificável, mesmo, da ex-mulher; o olhar torto da sociedade; ojulgamento moral e muitas calúnias. Chegaram até a dizer que eleparticipava dos programas comigo e que, na verdade, ele era meu cafetão.Quando não, chamavam-no de corno manso e de chupador de p... portabela, por me beijar. Sem comentários.Eu tentava, quando ele chegava em casa, fazer de tudo para ele nãoperceber sinais de nada, por mais que ele soubesse desde sempre qual era omeu trabalho. Só duas vezes ele soube o que havia rolado. A primeira foiquando um cliente me agrediu, eu liguei para ele enquanto o dito-cujoestava no banho. Ele veio ao meu encontro para tirar satisfação com oinfeliz. A segunda ocorreu na minha última transa. Ele ficou no Fran's Caféem frente do meu flat me esperando. Quando o cliente saiu, liguei para elechorando e disse: "Acabou".Ele subiu e ficamos um tempão nos abraçando e chorando. "Sou só sua",disse, enquanto tirava o chip do celular, no qual registrava o número dosclientes, e dei para ele. Fomos jantar e na volta transamos. Foi ainda maisdiferente.Certamente não sou mais aquela menina inexperiente, mas transar com oJoão Paulo como mulher dele é totalmente diferente. Estamos realmente emsintonia, ele não tem pressa nenhuma de voltar para ninguém ou lugaralgum, sabemos muito sobre o outro e tudo o que fazemos não é paraimpressionar, mas para tirar o máximo de prazer do sexo entre duas pessoasque se gostam muito, estão apaixonadas e vivendo uma história de amor.SeparaçãoHoje, eu acho engraçado quando perguntam ao João Paulo por que eletrocou sua mulher pela Bruna Surfistinha. Toda vez que leio alguma revistade fofocas, o que mais vejo é fulano trocando fulana por sicrana; quemterminou o romance na semana passada, nesta já está desfilando com umnovo par, declarando "amor eterno".Não faz tempo, um famoso ator da Globo foi flagrado aos beijos com umagarota em uma balada, enquanto a mulher dele estava fora, em viagem detrabalho. Sim, deu o maior bafafá, foi notícia, mas ninguém teve peito deperguntar para ele por que ele fez isso, de aproveitar a brecha para trocar,mesmo que por uma noitada, a mulher por uma fã. Ah, talvez seja porqueeu fui prostituta... Isso justifica, não é mesmo? E como o político que falaque ele roubou, mas roubou menos do que o outro. Santa cara-de-pau, não?Nessa minha recente carreira de escritora, tenho recebido vários e-mails dehomens que me contam terem se apaixonado por uma prostituta. Algunsforam em frente e se casaram com elas. Outros apenas curtiram uma paixãoa distância. A única diferença da história deles para a do João Paulo é queeles são anônimos — assim como o passado de suas esposas. E ninguémtem mesmo de saber do passado de ninguém. Porém, no meu caso, isso éimpossível. Talvez todo o barulho que se formou em torno da nossa históriaseja pelo simples fato de que nós materializamos um mito urbano. Sim,algo parecido com o fantasma da ópera. Todo mundo sabe de um primo dairmã da vizinha do cunhado que viu. Nós dois fomos lá e assumimos: "nóssomos o fantasma da ópera".No começo, me assustei muito com essa coisa da exposição pública.Questionei-me sobre se sou mesmo um monstro que destruiu um lar, sobreo porquê de ele ter trocado sua esposa por mim. Fui perguntar a ele."Porque eu amo demais você."Sem hipocrisia, sinto pena da ex-mulher dele. Ou ela pirava completamenteou começava a jogar pesado no sentido de me fazer parecer um monstro —e ela, a coitadinha que foi trocada. Talvez para se preservar, por ser maisfácil ou por não saber fazer diferente, ela preferiu a segunda opção.Não sei até onde as aparições dela nos programas de TV foram ou nãoeditadas, mas ao comentar um e-mail que lhe enviei, claramente umpequeno pedaço foi tirado do contexto e, isolado, fazia parecer que eu ahumilhava — quando tentava fazer exatamente o contrário. Afinal, ela é amãe das duas filhas do João Paulo. Eu nunca o impediria de ver as filhasdele, como tentaram fazer parecer. Só sei dizer que toda a discussão foirealmente patética...Eu nunca impediria o João Paulo de ver as filhas, pois elas não têm culpade nada que aconteceu. No início do ano, elas começaram a passar um finalde semana a cada quinze dias conosco. Elas se dão muito bem comigo e eucom elas. Parece mesmo que elas me adoram. Eu não as trato como filhas,pois não sou a mãe delas. Sinto-me muito nova para fazer papel demadrasta. Digamos que somos quase como irmãs; elas, pequenas, e eu umairmã mais velha. Porém, em vez de brigarmos, brincamos. Hoje, ao ver amãe delas na TV tentando desmentir isso, colocando fogo no circo, eu jáconsigo rir da situação. Sei a verdade, o João Paulo sabe a verdade, asmeninas sabem a verdade — e ela sabe a verdade.Nada disso conseguiu mudar o amor que sentimos um pelo outro. Aocontrário: as adversidades fortaleceram nosso relacionamento e nossossentimentos. Se ele estivesse arrependido do que fez, não estaria maiscomigo — ou, talvez, me tivesse apenas como uma amante. Ou não.Como futura psicóloga, observo que ela ainda fica muito perturbada com asituação, sem superá-la, reagindo até com um jeito adolescente de lidarcom os fatos. É um pouco aquela história do "ah, ele terminou comigo?Então, vou fazer de tudo para ele ver que sou melhor do que a outra e elevai se arrepender". Geralmente, é quando não estamos mais com alguémque o conhecemos melhor, pois as máscaras caem.Ninguém está livre de uma traição. Nem eu. É preciso não apontar o defeitodo outro, mas também se perguntar: onde foi que eu errei? Ninguém trai oué traído sem motivo. Seja a busca por algo a mais que faltava norelacionamento, no dia-a-dia, seja a solidão que às vezes as pessoasexperimentam — mesmo estando com alguém. Quando não estamossatisfeitos, buscamos o que nos falta. E do ser humano.Ao percebermos que aquele caminho não é mais o que queremos trilhar, omais digno é colocar as cartas sobre a mesa, ser honesto com a outrapessoa, pegar o chapéu e ir embora, se essa for a decisão. Reconheço que éjusto e de direito alimentar esperanças de que o relacionamento melhorealgum dia e que a crise passe. Mas isso não acontece por mágica: dátrabalho, para ambas as partes. Se ficarmos apenas na esperança sem aação, o mais honesto é terminar. E sem jogar a culpa (se é que ela existecomo a compreendemos) no outro. Fazer uma auto-analise, reconhecer ospróprios erros, nos faz tirar o melhor de uma experiência dolorosa comouma separação.Por isso, hoje fico tranqüila para entender que esse amor que temos umpelo outro só existe porque "a outra" não ocupa mais aquele lugar. Nãohaveria motivo para "trocar" uma pela outra. Ainda mais quando a "outra"tem o passado que eu tenho. Ele não enfrentaria o preconceito da sociedadese não fosse em nome desse amor.Desejo a ela toda a sorte do mundo — assim como a todas que passaram,passam e passarão pelo que ela viveu. Não sei se chamo isso de destino, devontade de Deus ou simplesmente de imponderável. Cada um que respondasegundo suas crenças (no destino, em Deus ou no imponderável).De volltta para cassaDepois de toda essa epopéia, talvez a lição que falte aprender é a que vaime abrir novamente as portas para a vida familiar. Venho, em tentativas eerros, buscando essa lição há muitos, muitos anos. Sei que ainda vai levarum tempo até que eu encontre o resultado dessa equação que me levará devolta ao perdão, ao abraço, ao aconchego dos meus pais, das minhas irmãs,dos meus sobrinhos.No meio desse caminho, topei com uma carinhosa troca de mensagens pelocomputador com um primo querido. Estamos até combinando de nosencontrar em Sorocaba para matar a saudade. Quem sabe esse não seja o fioda meada? Torço por isso.Eu leio e releio os e-mails que troquei com esse primo, que também é meupadrinho, esperando encontrar alguma pista, algum sinal de que as coisaspossam estar minimamente favoráveis ao reencontro. Sei que estamos nocaminho certo. Pode levar um dia, um mês, um ano... Mas vai chegar.Oi Raquel,Fiquei híper-super-upper-feliz por você ter respondido meu email.Em momento algum, respondo principalmente por mim, ficamoscontra você, Raquel, pois pouco soubemos do que estava ocorrendo.E, como lhe disse, o livro nos trouxe informações sobre as quaisjamais pensaríamos ter conhecimento.Não quero julgar ninguém. Se eu quisesse, teria prestadoconcurso para ser juiz e ganhar para isso. Mas nunca gostei de julgarninguém, principalmente quando não sei qual é a versão da "outraparte".Ninguém pode imaginar o que você sentiu. Somente você sabe.Você realmente foi abandonada por sua família biológica, mas foiESCOLHIDA e criada por outra que te ama... Tenha certeza disso. Seupai te ama muito... Creio, você vai me entender, que você foi, não, é afilha mais amada pelo seu pai e pela sua mãe.De sua mãe não tem o que comentar. Quem conhece a tia comonós a conhecemos sabe que ela te ama, e que adoraria ter você juntodela. Seu pai também... Mas, como ele é da família, e todos da famíliasão meio (bem) xaropes, ele não demonstra, ou ao menos esconde seusverdadeiros sentimentos atrás daquele jeito durão.Como você mesma disse em seu e-mail, seus pais são pessoasmaravilhosas, e não é que você não soube valorizá-los. Às vezes,mesmo sabendo do valor das coisas ou das pessoas, nos arriscamos equebramos a cara.Eu nunca fui santo... Sempre fui da pá-virada, aprontei o quepodia e o que não podia, a ponto de chegar à perfeição de apanhar domeu pai e nem sequer chorar.E, um dia desses, vasculhando meu coração, percebi que nãotinha nenhuma rusga em relação a isso, pois eu era foda (pergunte paraminha mãe)!Comecei a dar maior valor aos meus pais e a outras coisas depoisque constituí família e após a cirurgia que sofri em 2000.Meu pai sempre foi muito ausente, por razão do trabalho, eminha mãe era quem segurava a bomba, com três filhos homens, maisou menos da mesma idade. Ninguém, Raquel, foi um exemplo defilho. O único que foi acabou crucificado há mais ou menos 2006anos.Minha mãe esteve conversando bastante com a sua mãe no finaldo ano, e creio que na semana que vem sua mãe venha para cá. ElaNUNCA teceu nenhuma palavra contra você. Pode ter comentadosuperficialmente algumas coisas, mas jamais feriu sua lembrança. Seupai teve que rebolar um pouco com a Rede TV! e com a Band, quenão saíram da porta deles por alguns dias, mas nada tão terrível. [...][...] Repito para você o voto que fiz a Deus no dia do seubatismo. Ele está de pé e é REAL em minha vida. Tudo isso queaconteceu serviu inclusive para eu repensar meus valores e ver seestava agindo corretamente com as pessoas, principalmente com asque amo. Vi que negligenciei você, mas estou feliz de você ter entradoem contato comigo. [...][...] Tenho certeza, Raquel, de que um dia verei você e seuesposo entrando no apartamento dos seus pais, com seu filho no colo,e seu pai e sua mãe babando pelo netinho (ou netinha) que você irálhes proporcionar. Você sabe a forte relação que temos com seus pais.E isso desde muito antes de eu nascer. Por isso, posso afirmar quevocê é especial para eles.Bom, fico por aqui, senão quem acaba escrevendo um livro soueu... hahahahaUm grande beijo para você e um abração para seu noivo!!!Seu primo.Oi primo,Foi uma surpresa enorme ter recebido um e-mail seu! Eu penseique todos da família estivessem contra mim.Tenho saudades de vocês, da tia, do tio, de todos.A minha vida foi muito conturbada. Eu não era feliz, me sentiaum patinho feio e a adoção foi um trauma para mim. Nunca aceitei ofato de ter sido abandonada pela minha família biológica.Eu sei que meus pais são pessoas maravilhosas, eu é que nãosoube valorizá-los. Eu saí de casa muito magoada com meu pai, porele não ter me compreendido, por ele nunca ter sentado paraconversar comigo e tentar entender o que se passava na minhacabeça. Para ele, a solução da minha rebeldia foi sempre me atacarcom palavras ofensivas, depois a solução seria me colocar na Febem.Eu nunca vou me esquecer de quando ele me disse: "Eu não devia terte adotado, deveria ter deixado você passar fome e frio".Não estou te contando tudo isso para que você fique com raivadele, longe disso. Você o conhece e sabe que, por mais que ele nãotenha sido um bom pai para mim, ele é uma pessoa muito querida portodos.Eu consegui perdoá-lo. Ainda tenho mágoas, sim, mas o perdoeicomo ser humano. O que mais quero agora é que eles consigam meperdoar. Eu posso não ter sido um exemplo de filha, mas reconheci osmeus erros e mereço perdão.Pode até ser que eles nunca mais queiram me ver, nem pintadade ouro, mas o perdão entre todos nos fará muito bem. Eu não sei odia de amanhã, não quero morrer sem ter resolvido isso. Muito menosquero que algum deles morra; acho que daí, então, eu nunca meperdoaria.Fico feliz por saber que vocês estão bem! Lembro que vocêspassaram por uma fase muito difícil também. Que bom que vocêsconseguiram dar a volta por cima!Hoje minha vida está resolvida. Parei de fazer programa, não meorgulho de ter feito, mas não me arrependo. Era para ter sido assim.Estou morando com o meu namorado há quase seis meses e estamosfelizes. Ele cuida bem de mim e tenho certeza de que meus paisgostariam dele. Estou feliz e consegui dar a volta por cima também.Quero continuar mantendo contato e te passo meu e-mail pessoal.Obrigado por ter me mandado um e-mail e por não ter mejulgado.Beijos para todos,Raquel.Bom dia Raquel,Todos em casa leram seu livro. Minha mãe, meus irmãos. Minhaesposa também leu. Minha mãe chorou com as histórias que vocêcontou no livro, principalmente com o amor que ela sentiu que vocêtem pela tia. Raquel, aqui na minha casa todos amam você e sentemsua falta. Lembramos sempre de quando você era pequenininha e de,quando te dávamos alguma coisa, você falava "OBATATA" em vez deobrigada...Não temos pretensão de nada, Raquel. Não queremos aproveitarde sua fama para nada. O que queremos realmente é ter você junto denós novamente.Lembro quando te carreguei com dois dias de vida... Lembrotambém quando batizei você com sua irmã, fazendo a promessa aDeus de cuidar de você. Promessa essa que, pode ter certeza, me foicobrada duramente...Meu pai continua trabalhando como louco, minha mãe seaposentou, meus irmãos estão bem: um dá aulas em São José dosCampos e o outro é publicitário. E eu advogo e tenho alguns negócios.Não esqueça que te amamos. Espero que nos vejamos logo.Venha nos visitar.Um grande beijo,seu primo.Oi primo,Faz tempo que não nos comunicamos. Pode ter certeza de quenão foi por falta de consideração minha, mas por falta de tempo — etambém de coragem. Já algumas vezes peguei o telefone com aintenção de te ligar, mas paro de discar no meio do número e desligo.Começo a chorar. Para mim, ainda é muito estranho entrar emcontato com alguém da minha família após quase quatro anos.Voltei há poucos dias de uma viagem que fiz para divulgar meulivro em alguns países da América Latina. Felizmente, a "BrunaSurfistinha" está indo bem. Mas a Raquel não.Eu tenho sentido muita falta de todos vocês e, claro,principalmente dos meus pais e das minhas irmãs. No domingo, quefoi Dia das Mães, fui a uma floricultura e comprei algumas orquídeaspara a minha mãe, pedi para entregarem com um cartãozinho. Nãosei se ela recebeu.No último Natal, mandei um presentinho para ela com umacartinha, na qual contei como tinha sido a minha vida e, no final,coloquei os números dos telefones onde ela poderia me encontrar.Mas ela nunca me ligou. Nem sei se o presente foi entregue a elaporque, quando eu deixei na recepção do prédio deles, o porteirodisse que meu pai é quem desceria para pegar. Como conheço meupai, acho que ele deve ter jogado no lixo.Eu não sei o que faço. Falta muita coragem de entrar em contatocom todos. Eu tenho muita vergonha e, ao mesmo tempo, muito medo,pois eu não sei qual será a reação deles. Meu maior medo é quedesliguem na minha cara ou que nem queiram falar comigo.Eu sei que errei muito. Sei também que nenhum pai quer ter umafilha que foi prostituta. Mas acho que mereço perdão, por pior que eutenha feito.No final do ano passado, o meu cunhado entrou em contatocomigo por e-mail. Contou que minha mãe foi para lá visitá-los e memandou algumas fotos dela durante a viagem. Fiquei feliz por ela. Eunão queria que a vida deles parasse por minha causa. Pelo queentendi, ele e minha irmã não estão mais juntos, mas, mesmo assim,ela está superbem profissionalmente — e, pelo sorriso dela nas fotos,emocionalmente também.Eu tenho sonhado muito com meus pais. Mas são sempre sonhosbons, em que estamos nos reencontrando. Em um desses sonhos, eu eminha mãe estávamos batendo o maior papo sentadas em um sofá.Eu e meu namorado estamos planejando passar um final desemana aí em Sorocaba. Se puder, quero me encontrar com você,para conversarmos. Depois, se puder, também quero encontrar seuspais. Mas prefiro primeiro me encontrar com você, para que eu tenhauma emoção de cada vez. Além disso, você me falou sobre a tia, masnão sei se seu pai me perdoou ou não. Provavelmente não, porque eleé irmão do meu pai, né? São do mesmo sangue.Dê notícias de vocês e dos meus pais também. E me diga qual é omelhor horário para eu te ligar.Beijos,Raquel.Linda Raquel,Fiquei muito feliz com seu e-mail. E também fico muito felizcom o seu sucesso com os livros. Não fique na metade para me ligar:ligue o número inteiro. A emoção faz parte. Afinal, tanto tempo sepassou... Mas saiba que meu amor por você sempre persistiu epersistirá. Sou da família e me orgulho disso, pode ter certeza.Meu pai não tem nada contra você, Raquel. Até foi engraçado.Eu já tinha lido o livro, mas ainda estava reticente em mostrá-lo para oresto da tropa. Daí, meu pai chegou com um jornal, creio que a Folha,que tinha a sua foto e estava falando bem do livro. Daí mostrei. Elegostou muito, também.Minha avó, lá de Prudente, com 86 anos, está lendo o seu livro,que levei nesse final de semana para emprestar para ela. E ela estáamando! RsrsrsA sua irmã me ligou há um mês e meio, mais ou menos. Falamosao telefone e ela me questionou a respeito do seu e-mail. Ficou clarona conversa que sua mãe está louca para te ver. Seu pai também. Masele tem cabeça-de-bagre como boa parte da família... Creio quefuturamente seu contato será com sua mãe primeiro. A tia tem umcoração bondoso, você sabe disso. Seu pai também. Mas é cabeçudo!!!Continue mantendo esses contatos com sua mãe, mesmo que sejasó nos dias festivos, pois ela te ama, Raquel. Tenha certeza: toda ador, um dia, se converte em alegria no outro.Venha para Sorocaba. Já avisei minha mãe que você quer vir eela também te espera. Se quiser fazer um "pré" comigo e minhaesposa, tudo bem. Mas todos em casa esperam por você. Inclusivemeu pai e meus irmãos.Nós não temos do que te perdoar, Raquel. Erros cometemos aosmontes, e meu pai também pensa assim. Já fiz muita c*g*d* na minhavida que deixaria você atônita. RsrsrsSabe, Raquel, sou um cara muito família, você sabe disso, e sintomuito sua falta. Eu sempre mantive contato com todos e, para mim, éuma tortura a distância dos que amo. Aguardo ansioso seu telefonema.Ligue a hora que desejar.Sabe... Deus nos ensina que tudo o que nós abençoarmos,abençoado será. E eu te abençôo, Raquel, pois uma das atitudes maisnobres e difíceis de serem tomadas é o arrependimento; ela dispensa operdão. Nisso, você se mostrou abundante.Te amo!Seu primo.Eu sinto que essa visita ao sítio será o primeiro de muitos passos emdireção à retomada da minha vida, da minha família. Cada pequenocentímetro que me conduza nesse caminho já fará de mim uma mulher maisfeliz e mais realizada. Em algum momento, no meio dessa trilha, meuspassos vão cruzar novamente com os do meu pai, da minha mãe, dasminhas irmãs e sobrinhos. Pressa eu tenho, pois as saudades que sintoocupam um espaço enorme onde poderia haver paz, harmonia, felicidade.Conquistei muitas coisas, muito mais do que jamais poderia imaginar. Mastambém perdi coisas que nunca achei que poderia perder. Reconquistá-las éum dos meus projetos de vida. Talvez não o maior, porém, sem dúvida, omais importante. Essa é uma lição que eu ainda vou ter de aprender.Quando eu e o Jorge terminamos este livro, fui surpeendida por um pedidodo João Paulo. Ele desejava escrever um capítulo contando o seu lado sobrea história que envolve o nosso relacionamento e o fim do seu casamento.Seria um desabafo e um esclarecimento dos fatos. Fiquei muito feliz, afinal,assim como eu, ele também foi vítima de falsas acusações. Pelaimportância do seu depoimento, resolvi encerrar este livro com o capítulo aseguir.A verdade de cada umpor João Paulo MoraesToda história tem dois lados e uma verdade. Até agora só foram mostradoslados, mas onde será que está a verdade?E impressionante como as pessoas escutam algo e aquilo se torna umaverdade absoluta. Ninguém pára e analisa os fatos ou ao menos tentaentender o porquê daqueles acontecimentos.Não me pronunciei até agora e provavelmente esta seja a última vez, masnão posso permanecer calado diante de tamanho teatro que está sendoarmado por uma pessoa, vivido por algumas e assistido por milhares.Ninguém consegue sentir ou mensurar o que acontecia se não viveu asituação ou, pelo menos, tenha presenciado parte dela. Nem eu, que vivi osdois lados, sei se conseguirei explicar. Tudo o que sei é que há váriospontos que precisam ser esclarecidos.O primeiro, e o que eu julgo ser o mais importante: eu não namoro com aBruna Surfistinha, e sim com a Raquel Pacheco, a mulher que existe portrás da personagem. E anteriormente eu fui casado com Samantha OliveiraPita, a mulher que está por trás da personagem Samantha Moraes.E muito fácil uma pessoa aparecer na TV, ainda mais sendo namorada deum diretor de programa de auditório, falando que era a dona de uma casaperfeita, a mãe exemplar, a batalhadora que fazia salgadinhos em casa, quetinha o casamento dos sonhos de qualquer mulher e que da noite para o diaum furacão passou em sua vida e acabou com tudo. Foi traída pelo maridoque a trocou por uma garota de programa, mas que deu a volta por cima,que realizou o grande sonho de escrever um livro, que vai ganhar muitodinheiro com isso e agora pode comprar a dignidade das filhas de volta.Quando ouvi essa história pela primeira vez, confesso que até fiqueicomovido. Que monstro de marido faria isso? Largar um casamentoperfeito para entrar numa aventura amorosa por aí, deixando as filhas aorelento? Mas daí eu olhei bem para a mulher que aparecia na TV e areconheci — pelo menos fisicamente. As coisas que ela dizia eramnovidades até mesmo para mim.Eu a ouvi dizendo que vivia um casamento perfeito. Mas casamento temdois lados e o perfeito para um pode ser o inferno para o outro. São duaspessoas vivendo aquela situação e não somente uma. É como em um jogode futebol, são dois times em campo, disputando a mesma partida e o jogotermina 5X0. Para o time que ganhou, o jogo foi perfeito e para o queperdeu? Será que também foi? Com certeza não.Não estou aqui para fazer um balanço de como foi ou poderia ter sido ocasamento, pois isso já faz parte do meu passado há bastante tempo.Também não vou julgar quem errou, pois também cometi erros. Tenho aplena consciência de que errei quando procurei pela Bruna Surfistinhaenquanto estava casado, mas isso não é nem de longe o que me levou a sairde casa e começar uma vida nova.Hoje vejo que as pessoas querem crucificar a Bruna Surfistinha comodestruidora de lares, a mulher que desfez uma família, que separou o paidas filhas e outros absurdos mais. Se há uma pessoa que não tem a menorculpa nessa história toda, essa pessoa é justamente a Raquel.Ainda não li o relato de minha ex-mulher sobre como tudo começou entrenós. Vi somente uma sinopse em um convite de internet que dizia sobreamor, sexo e traição. Levando em conta esses temas, acredito que o que eucontarei não será novidade para ninguém... Ou será?Eu conheci a Samantha no primário. Tínhamos aproximadamente sete anosde idade e brincávamos juntos no intervalo das aulas pelos seis mesesseguintes, até ela ser transferida para outra escola. Morávamos no mesmobairro, casas próximas, e nos encontrávamos com certa freqüência. Depoisveio a adolescência, as mesmas turmas. Ela com seus namorados e eu comas minhas, uma vida como a de qualquer outra pessoa de nossa idade.Ficamos muito tempo sem nos encontrar, pois ela teve que se mudar dacasa da tia — que era próxima da minha —, indo morar na casa de seu pai,um pouco mais afastada. Não sei exatamente o motivo, mas lembro-me quefoi algum destes castigos que os pais aplicam em adolescentes rebeldescom problemas no colégio. Provavelmente para ver se o pai e a madrasta,que impunham um regime mais rígido, a colocavam na linha... Mas comodisse, coisas de adolescente.Não sei por quanto tempo morou lá, acho que cerca de um ano. Mas houveum incidente que tornou incompatível sua convivência naquela casa. Elafurtou um sutiã, ou outro objeto qualquer, em uma loja e foi descobertapela empregada da casa que contou para a sua madrasta. Acabou indomorar com a avó paterna, uma senhora pela qual eu tenho o maior respeito,admiração e sempre nos ajudou demais nos momentos difíceis.Já morando com a avó, nos reencontramos. Estávamos há alguns anos semnos ver e tínhamos muita conversa para colocar em dia. Nos falávamosbastante ao telefone, tínhamos amigos em comum. Enfim, houve umareaproximação. Sou um pouco ruim com datas, mas dos fatos eu não meesqueço.Lembro-me bem de quando eu trabalhava em uma loja do shoppingIguatemi e ela apareceu com um noivo para me convidar para ser padrinhodo casamento. Achei por bem escrever um noivo e não o noivo, pois eu fuio quarto ou quinto noivo que ela teve — mas isso também não vem aocaso.Nessa época eu namorava havia dois anos. Coincidentemente, minhanamorada era irmã de uma de nossas amigas de turma da adolescência.Como todo relacionamento tem seus altos e baixos, estávamos brigados eassim ficamos por uns vinte dias mais ou menos.Nesse período, ela me ligou e disse que o noivo estava viajando. Perguntouse eu não tinha um amigo sobrando para sairmos com ela e uma prima. E láfomos nós para um barzinho qualquer; bebemos, conversamos e fomosembora. Na despedida, ficamos juntos pela primeira vez. Ela se foi e eufiquei com aquilo martelando na minha cabeça: minha amiga de tantos anose ainda por cima seria minha afilhada de casamento. Achei por bem não darcontinuidade àquilo, estava confuso e simplesmente deixei uma carta paraela e sumi.Passaram-se mais dois anos e eu já havia reatado meu namoro — que destavez fluía normalmente.Eu a encontrava com alguma freqüência, pois nessa época ela andavabastante com as pessoas da minha turma. Saiu com dois ou três deles, masnão podíamos nos reunir todos, pois minha namorada, talvez pressentindo operigo de tê-la por perto, não deixava que eu freqüentasse constantementeos mesmos lugares que ela.Como mulher tem um sexto sentido aguçado para traição, não é que minhanamorada tinha razão do perigo? Começamos a sair escondido: durante odia a namorada; à noite, a amante. Essa situação perdurou por uns 15 diasaproximadamente, até que recebi um ultimato: a amante não queria maisser a outra, queria ser a oficial. Eu estava cego, envolvido com a relação,talvez misturando a paixão com a longa amizade. Fui lá e sem um breveaviso, sem uma situação de briga, sem desentendimentos, acabei com omeu namoro de quatro anos.Mas eu não era o único que levava uma vida dupla, pois ela também tinhanamorado. Viam-se muito pouco; ele era da Aeronáutica e parece quemorava fora de São Paulo. Lembro-me como se fosse hoje, na sala da casade meus pais, ela pegando o telefone (eu na extensão) e terminando seunamoro. Ainda ouvi a voz do outro lado dizendo: "Acho que estamosfazendo um trato: você entrando com o pé e eu com a bunda!", e elasorridente concordava.Talvez ela não tenha tido a oportunidade de contar essas passagens de suavida anteriormente, mas sempre é bom relembrar, pois mostra que quandoela fala sobre traição e roubar o homem de outra mulher, também tembastante experiência no assunto.Entre namoro, noivado e casamento foram menos de seis meses. Todosachavam uma loucura, me perguntavam se eu tinha certeza, não só meusamigos e parentes, mas também os parentes dela. Aparentemente, eu já aconhecia havia 17 anos, ou melhor, pensava que conhecia. Uma tia dela,por mais de uma vez, me disse que eu não a conhecia, que ela era "umbicho". Mas, como dizem, quer conhecer sua namorada, se case. Querconhecer sua mulher, se separe. Pode até ser uma colocação machista, masno meu caso, serviu como uma luva.Engraçado ela aparecer na TV falando que era trabalhadora. Enquantoestávamos casados ela não chegou a voar um ano na companhia em queestava e pediu demissão. Adicionando todas as demais coisas que seaventurou a fazer, não somam mais um, e ficamos casados seis anos.Bom, mas se não trabalhava era porque cuidava da casa e das filhas. Pois é,também não. Adorava ficar acordada até de madrugada. A primeira brechaque aparecia para fazer uma baladinha com quem quer que fosse, estavapronta e não hesitava em ir sozinha. Até mesmo o meu pai sempre dizia:"Ela não é do lar, é do bar!". Alegava que me convidava para ir junto, maseu estava sempre cansado e não queria ir. Mas como poderia ir se tinhatrabalhado o dia todo desde cedo? Talvez se não trabalhasse e acordassedepois do almoço como ela, tivesse a mesma disposição.Por que ela não conta sobre as brigas que tivemos? Até a polícia apareceuem casa para apartar a situação, das vezes que chegamos até a agressõesfísicas, das inúmeras ocasiões que ficou bêbada e quebrou várias coisas emcasa? Não fala sobre quando eu ficava em casa com as meninas e ela saíacom os amigos e voltava de madrugada. Ou quando, às vésperas daseparação, chegou em casa com dia claro e o rosto todo machucado, poishavia levado uma surra da irmã ao chegar alcoolizada na casa da mãe parabuscar as filhas — e, ao que tudo indicava, havia desrespeitado a própriamãe.Não tenho que ficar aqui contando sobre um casamento que já terminou,mas não posso deixar as pessoas imaginando que tudo era perfeito e que danoite para o dia eu fui arrancado de uma família perfeita para viver umaloucura. Já que só se fala das maravilhas, eu tinha que mostrar que tambémhavia o outro lado. Sim, todos os casamentos têm o lado bom, mas tambémo lado que as pessoas se desentendem, brigam, fazem suas picuinhas,enfim, o lado ruim. E quando as coisas ruins superam as boas, ele acaba.Da forma como é contado, parece que tudo ia muito bem e um belo dia euacordei, peguei minhas malas e fui morar com a Raquel. Mas não foi bemassim.As coisas já não iam bem para mim, tanto que eu preferia ficar no escritórioaté bem tarde em vez de ir para casa para ficar discutindo e me desgastandosobre as mesmas coisas de sempre.Certo dia achei na internet um link do blog da Bruna Surfistinha. Entrei,comecei a ler os relatos, as histórias e descobri que ela estava mais perto doque eu imaginava. Fiquei curioso, mas não telefonei. Comecei aacompanhar o dia a dia dela por mais de uma semana, até que resolvi ligar.Nos encontramos sete vezes, uma vez por semana. Era muito estranho, poiseu tinha a impressão de que já a conhecia havia muito tempo. Nosentendíamos muito bem, ela olhava para mim e já sabia quando eu estavabem ou mal. Conversávamos muito e eu me sentia à vontade para contar aela coisas que eu não queria desabafar com ninguém. Em contrapartida, eladesabafava várias coisas comigo, que não contava nem para a Gabi, que naépoca morava com ela. Nesse período, que foi entre janeiro e início defevereiro, começou uma nova amizade, que parecia ter muitos anos. Euconheci a Raquel, a garota por trás da personagem.De comum acordo, vimos que não era mais possível essa relação de cliente;deixamos o sexo de lado e continuamos apenas com a amizade.Conversávamos várias vezes por telefone, trocávamos e-mails. Quandoprecisávamos desabafar ou simplesmente contar alguma coisa, falávamosum com o outro.Eu fui a sua casa vários fins de semana; almoçávamos juntos, assistíamos aalgum filme, dávamos muitas risadas. Até mesmo muito antes do livro Odoce veneno do escorpião, eu já sabia de toda sua história. Ela era umanova amiga, que não fazia parte do meu círculo de amizades. Eu não haviacontado sobre ela a ninguém, somente para um amigo. Ele sabia da situaçãodo meu casamento, freqüentava a minha casa e, ainda, me avisou:"Cuidado, por tudo que você tem passado em casa, com uma amiga novavocê pode acabar se apaixonando". Ele acertou.Dentre as diversas coisas que conversávamos, falávamos muito sobre omeu casamento. Contei tudo o que acontecia, que eu pensava em meseparar e dar um basta em tudo aquilo; só não havia levado ao extremoainda por conta das minhas filhas e também por comodismo. Só Deus sabequantas vezes ela falou para eu pensar bem, para relevar, que isso era umafase, que passaria e tudo ficaria bem novamente.O fato de estar tratando minha ex-mulher de forma diferente nessa época,sendo mais carinhoso, levando presentinhos e flores — que hoje ela preferechamar de sentimento de culpa —, na verdade era uma forma de tentarresgatar alguma coisa que hoje eu vejo que foi perda de tempo.Tudo foi indo desta forma até o mês de maio. Um dia, enquanto nosfalávamos por telefone, percebi que a Raquel estava muito mal e queprecisava esfriar a cabeça. Passei na casa dela e saímos para dar uma voltade carro e conversar. Rodamos horas pela madrugada da cidade e paramospara tomar uma cerveja. Depois disso eu a deixei e fui para casa.Dois dias depois, minha ex-mulher pediu o carro emprestado para fazeralguma coisa. Fui trabalhar e deixei o carro. Este foi o dia D.Ela achou um fio de cabelo no carro. Saiu feito louca procurando de quemseria; foi ao escritório, pois nesta época tinha uma loira trabalhandoconosco. Lá chegando não me encontrou, nem ela, porquecoincidentemente naquele dia ela havia me dado uma carona pois eu estavasem carro.Engraçado, falar que tudo ia tão bem no casamento e só dar pela falta domarido cinco meses depois, mas tudo bem.Quando cheguei à noite, já foi me acusando de estar tendo um caso, de teruma amante, o que não era verdade, pois até então a Raquel era só umaamiga. Para mim, era o que faltava. Nem quis discutir. A decisão que eu jávinha amadurecendo na minha cabeça, naquela noite se concretizou.Na manhã seguinte, eu tinha a certeza do que seria dali para a frente, só nãoesperava que fosse acontecer algo naquela noite que mudariacompletamente a minha vida. Passei o dia fora de casa e fui para o únicolugar onde eu tinha certeza de que ninguém me acharia e que eu poderiaesfriar minha cabeça: a casa da Raquel.Cheguei lá e ela estava com uma amiga. Almoçamos juntos, assistimos aum filme e eu só pensava como seria a minha vida dali para a frente e,ainda, com raiva por tudo o que já havia passado anteriormente.Começamos a conversar e decidimos sair à noite, os três. Queria esquecertudo o que aconteceu.Antes de sair, ficamos bebendo, ouvindo música, conversando. Quando aamiga dela foi tomar banho, eu saí para a varanda do prédio e fiquei lásozinho, pensando na vida. Então a Raquel chegou, nos abraçamos equando eu dei por mim, estávamos nos beijando. Era a primeira vez queficávamos juntos desde a nossa conversa em fevereiro.Passamos a noite toda juntos, fomos dançar e saímos de lá só quando o diaclareou. Não voltei para casa, fui dormir em um flat. Fiquei completamenteperdido; se antes eu já estava confuso, aquela nova situação me deixouainda mais.Durante a semana ainda fiquei pesando a situação, sabia de tudo que iaenfrentar: o preconceito das pessoas pelo fato de na época a Raquel aindase prostituir, o medo de ser apenas algo de momento entre nós dois, o fatode não estar mais diariamente com minhas filhas, enfim, tudo o que, nofuturo, esta situação poderia acarretar. A única coisa que estava certa naminha cabeça era que com a minha ex-mulher eu não queria ficar mais, queeu não precisava mais passar por tudo aquilo novamente.Ainda estávamos morando no mesmo apartamento e ela continuava mepressionando com aquela situação. Eu permanecia ali para ficar perto dasmeninas e, ao mesmo tempo, não queria mais estar com ela. Não tive outraescolha a não ser pegar umas coisas e sair de casa. Mas para onde?Como eu passava o dia todo fora e só teria de ir para casa para dormir etomar banho, resolvi voltar para a casa da minha mãe, pois ela manteve omeu quarto vago desde que me casei.Comecei a ver a Raquel todas as noites, trocávamos mais e-mails do queantes, falávamos muito mais ao telefone, naturalmente. Eu sabia o que elaestava fazendo durante o dia, procurava não pensar nisso e me ocupar comoutras coisas. Eu saía do escritório e ia visitar as meninas; quando a Raquelme ligava à noite eu ia encontrá-la.Comecei a passar os fins de semana com a Raquel. Dormia lá de sexta adomingo e depois, na semana, voltava ao normal. Cada dia que passava euestava mais apaixonado por ela. Eu olhava para a Raquel e não acreditavacomo ela havia entrado nesta vida de prostituição. Mas preferia não pensarsobre isso.Um grande mistério rondava minha vida, pois era nítido que eu já estavacom alguém e todos queriam saber quem era esta pessoa. Eu não revelava aninguém por dois motivos: primeiro, eu não sabia como começar aconversa para contar quem era a mulher misteriosa; segundo, eu queriapreservar principalmente minhas filhas e, conseqüentemente, minha exmulher,pois, apesar de tudo, mesmo o casamento não tendo dado certo,havia uma parte de nossas vidas para trás, a amizade de tantos anos.Pouco depois, eu liguei para ela e disse que iria buscar minhas roupas. Eunão queria nada, ela poderia ficar com tudo. No dia combinado fui lá eminhas coisas já estavam dentro das malas, ela havia arrumado tudo. Umaprima dela estava lá e me ajudou a colocar as coisas no carro. Eu senti umaperto em partir, não por ela, mas pelas meninas. Mas ela fez questão dedescer até a garagem com as crianças, que ficaram presenciando eucarregar o carro e ir embora.Ela sabia que eu já tinha alguém, desconfiou de várias pessoas, mas nuncaimaginou quem pudesse ser, aliás, nem ela e nem ninguém. Então, mudou aestratégia: quando eu ia ver as meninas, ela estava com a casa arrumada,comida feita, as crianças de banho tomado e prontas para deitar. Fazia issopara mostrar que tinha mudado. Isso me revoltou ainda mais, pois se ela eracapaz, por que nunca fizera isso antes? E ainda começou a querer forçaralgum tipo de situação entre nós. Eu fiquei louco com isso, brigamos feio,chegamos até a nos agredir fisicamente. Numa noite saí de lá todoarranhado, e acredito que ela também tenha se machucado, pois fuiobrigado a segurá-la com força. Antes que alguém imagine que eu batianela, preciso dizer que isso nunca aconteceu e jamais irá acontecer. Achoum absurdo um homem agredir uma mulher, mas também não dava para euficar apanhando. O mínimo que eu podia fazer era segurá-la.Depois de um tempo, as coisas se acalmaram, conseguíamos conversarmoderadamente e discutir assuntos da casa e das meninas. Ela estavafazendo um curso para começar a trabalhar em outra companhia aérea —sim, ela começou a trabalhar na segunda companhia aérea depois que eu fuiembora de casa; até dei carona para ela algumas vezes.Um dia ela ficou doente, foi para o hospital e ficou internada. Fui visitá-laalgumas vezes e levei as meninas para vê-la. Podíamos estar separados,mas eu ainda via nela uma amiga e me preocupava com sua saúde. Ela é amãe das minhas filhas.Paralelamente, eu continuava vendo a Raquel todos os dias; estávamosapaixonados e ambos sofríamos com a situação da prostituição. Mas nuncafalávamos sobre isto; eu já não lia mais o blog e ela sempre fez de tudopara que não ficassem vestígios do que havia ocorrido naquele apartamentodurante o dia.Alguns dias depois, enquanto conversávamos, ela me perguntou se eumoraria com ela, pois assim poderíamos passar as noites juntos durantetoda a semana. Eu sabia que se fosse morar com ela seria a pedra quefaltava para sepultar de vez o meu casamento. A partir dali, realmente nãoteria mais volta e eu não poderia mais morar com minhas filhas.Da parte dela, teria de deixar a amiga que esteve ao seu lado em todos osmomentos para morar comigo. Teríamos de fazer nossas escolhas e seriamescolhas definitivas. Isso iria acontecer naturalmente dali a um tempo, nóssomente antecipamos. Nossa relação era muito intensa e, emboraestivéssemos juntos havia pouquíssimo tempo, parecíamos conviver porséculos.Em menos de duas semanas já seria o Dia dos Namorados. Morávamosjuntos, estávamos apaixonados e quando este dia chegou, pedi Raquel emnamoro.A respeito da escolha que tivemos de fazer, isso foi uma coisa que a mídiadistorceu para querer usar contra a Raquel. Colocaram no ar somente umaparte de um e-mail enviado por ela, e ainda disseram que me fez escolherentre ela e minhas filhas. Isso jamais aconteceu. Ela nunca criou qualquerobstáculo em relação às minhas filhas e em nenhum momento tentou termais atenção do que elas, muito ao contrário.Quando eu pegava as crianças nos fins de semana, as levava para outroslugares, pois não sabia o que a Raquel sentiria ao me ver com as filhas quetive com outra mulher. No começo, eu ficava com as meninas noapartamento delas. Depois comecei a levá-las na casa da minha mãe. Umdia eu perguntei para a Raquel se teria problemas se todos nós passássemoso final de semana juntos. Ela disse que seria ótimo e que não haviaproposto isso antes, pois deveria partir de mim que sou o pai.Fizemos um teste: levei as meninas para passar o dia na casa da "amiga dopapai". Não sabia qual seria a reação da minha filha mais velha ao me vercom outra pessoa; afinal ela já estava sentindo demais a separação e tudo omais. Combinamos que não ficaríamos nem perto um do outro, tudo tinhaque acontecer passo a passo. As meninas adoraram o final de semana e apartir daí, toda vez que me viam falavam que queriam passar o fim desemana "na casa da amiga do papai" ou "na casa da tia Raquel". Perfeito,era só o que faltava, que as meninas se dessem bem com a Raquel.Várias pessoas me perguntam como eu consegui conviver com a situaçãode namorar uma garota de programa que ainda estava trabalhando. Naverdade, nem eu mesmo sei explicar. Diferentemente do que algunschegaram até a cogitar, não era nenhum fetiche ou algo parecido. Comodisse, ela sempre fez de tudo para que eu não soubesse ou pelo menos nãopensasse sobre isso. Por outro lado, eu via que ela também sofria muitocom a situação. Acho que tudo isso só serviu para fortalecer o nosso amor,e se conseguimos superar esta fase juntos, acho que conseguiremos superarqualquer outra coisa.Eu não saía com garotas de programa; desconhecia o que se passava nessemundo. Nunca parei para pensar sobre isso e hoje vejo essa vida de formatotalmente diferente. Não acho que seja a melhor maneira de ganhar a vida,acredito que sempre é possível achar um caminho diferente para superar asdificuldades. Mas, por outro lado, cada um tem o livre arbítrio para fazer oque bem entende de sua vida. Antes, até via com certo preconceito aquelasmulheres na rua ganhando um "dinheiro fácil". Hoje, quando passo na rua evejo uma prostituta ali parada, já imagino o medo que ela deve sentir,passando muitas vezes frio, fome, sem saber que tipo de pessoa será seupróximo cliente e, se depois de atendê-lo, estará viva para voltar paraaquele lugar.Quando a Raquel começou a ficar realmente conhecida com a publicaçãodo livro e ela passou a dar entrevistas para jornais, revistas, rádios e para aTV, nós já estávamos juntos havia algum tempo e, sempre que possível, eua acompanhava. Fui a diversos programas, conversei com vários jornalistas,mas nunca quis dar entrevista ou mesmo aparecer na mídia. Não queriapegar carona na fama dela, não queria ficar famoso e, principalmente, nãoqueria expor nem a mim, nem a ninguém. Até que fomos ao programa doJô. Como sempre acontece, chegamos e ficamos aguardando o momento deela entrar. A produção me perguntou se eu queria me sentar ao lado dela naprimeira fila e se falaria alguma coisa também. Respondi que eu não falarianada e que estava ali só para acompanhá-la. Entramos, a platéia quaselotada, a Raquel sentou-se na primeira fila e me levaram para um lugar naterceira ou quarta fila, ao lado da escada, atrás da câmera. Estava tranqüiloe nunca imaginei que numa emissora como a Globo ocorreria o que acabouacontecendo.No meio da entrevista, o Jô perguntou a respeito do Pedro, o namorado daBruna Surfistinha. Ela respondeu e, de repente, ele perguntou se "ele"estava na platéia. Ela respondeu que sim. Quando dei por mim, tinha umoutro câmera em pé ao meu lado, que desceu a escada e começou a mefilmar. Fiquei sem ação, fui pego completamente de surpresa e não sabia oque fazer. Então, o Jô me perguntou: "Qual o seu nome?", eu respondi:"Pedro", pois era o nome que estava no blog. Perguntou a profissão e eurespondi a mais genérica que conheço: "empresário". Acho que foi meioinstintivo, queria preservar as pessoas que estariam envolvidas dali para afrente e até a mim mesmo. Como não revelei meu nome nem profissão,ainda tinha o benefício da dúvida. Somente as pessoas que me conheciamrealmente saberiam de quem se tratava; para as demais, era o Pedro,empresário e ponto. Ao chegarmos em casa, já havíamos pensado em ligarpara a assessora de imprensa da Raquel para ela intervir e tentar editar aentrevista, afinal, era gravada. Não foi possível, era o feriado de 15 denovembro e a matéria foi ao ar no mesmo dia.Isso teve pelo menos um lado bom; eu não precisei contar para as pessoasquem era minha namorada, todos ficaram sabendo de uma só vez. Tambémserviu como uma grande peneira de amizades, pois aqueles que eramamigos de verdade respeitaram minha escolha. Um ou dois tomaram suadecisão e simplesmente se afastaram. Hoje, nem sei dizer se foi uma penaou se foi melhor assim.A Raquel sempre me preservou demais no blog e nas entrevistas. Era atéengraçado, pois juntávamos várias matérias e em uma eu era empresário, naoutra médico, numa eu tinha 25 anos, em outra 42 e por aí vai. Era umaforma de despistar a mídia.Pouco tempo depois, a Playboy me procurou, dizendo que minha ex-mulhertinha concedido uma entrevista a eles, tirado umas fotos e queriam que eufizesse o mesmo. Não aceitei. Como já disse antes, não queria exporninguém. Mas, para minha surpresa, quando eu li a matéria na revista, láestava ela sorrindo na foto, dando nome, sobrenome, profissão, tanto meuquanto dela; só faltou telefone de contato para eventos.A partir daí eu vi que ela não estava nem um pouco preocupada com aexposição de sua imagem e de sua vida na mídia. Poucos dias depois, láestava ela na TV, contando a sua versão dos fatos e querendo vender suahistória como se fosse o único caso de separação que já havia ocorrido. Piorainda, era a apresentadora achando um absurdo e perguntando como elaestava se sentindo em ver sua família destruída. Talvez a Jerry Hall, exmulherdo Mick Jagger, pudesse dar a ela a resposta que queria ouvir.Em janeiro, mandei um e-mail para minha ex-mulher com a petição prontapara fazermos a separação consensual. Ela arrumou várias desculpas e nãoquis aceitar. Tentei por diversas vezes resolver tudo da maneira mais rápidae menos dolorosa possível. Pensava nas meninas, sabia que isso tudo, comcerteza, iria refletir no futuro delas. Por esse motivo, eu não quis aparecer,muito menos debater em rede nacional os absurdos que ela falou sobre ocasamento e sobre a Raquel.Os meses foram passando, ela já estava com seu atual namorado, enfim,tudo caminhando para ser solucionado pacificamente. Tudo parecia seresolver, mas sempre havia algum empecilho. Pouco tempo depois,descobri a razão de nada se resolver. Ela se aproveitara da situação parapegar uma carona com a Bruna Surfistinha e ser famosa. E o pior, usandoas filhas para sensibilizar a opinião pública.Se não é isso, não consigo entender o que é então. Afinal, mesmo quandoestávamos casados, as meninas passavam o tempo todo na casa da avó —aliás, atualmente moram com a avó. Falava que não iria permitir que aRaquel conhecesse as meninas, sendo que desde o início do ano elaspassavam um final de semana a cada quinze dias em nossa casa. Dizia queeu não ligava para as crianças, sendo que dei um celular para que a minhafilha mais velha pudesse falar comigo quando quisesse. No entanto, sempreque eu ligava caía na caixa postal; quando perguntei a ela por que otelefone ficava tanto tempo desligado, ela me disse que a bateria haviaacabado e o carregador, misteriosamente, tinha desaparecido.No processo de separação, que o advogado dela redigiu, consta que voltariaa usar o nome de solteira. Porém, continua usando o meu sobrenome.Quando saímos da audiência, providencialmente havia uma repórter lá foraaguardando sua saída, ela aproveitou para divulgar o lançamento do seulivro. E por aí vai.A conclusão a que chego é que eu e a Raquel fomos vítimas de preconceito— e de sensacionalismo. Afinal, o que é que o nosso relacionamento temde diferente de tantos outros que acontecem todos os dias por aí? E umahistória de amor como tantas outras. Ou você nunca ouviu falar deseparações de executivos que se apaixonam por suas secretárias, deadvogados que se apaixonam por suas estagiárias, de professores que seapaixonam por suas alunas ou até de donos de emissoras de TV que seapaixonam por suas apresentadoras? São histórias de amor e quem já seapaixonou de verdade sabe bem o que eu estou dizendo. Só eu e a Raquelnão tínhamos esse direito. Ah, sim, ela era uma garota de programa.Quantas mulheres não se prostituem de uma maneira bem pior para ganharstatus, para conseguir um casamento confortável, para obter um bomemprego, para ser promovida?Mas a TV vive de sensacionalismo e quiseram transformar nossorelacionamento num circo. Não deixamos que isso acontecesse. Se a TVquer fazer sensacionalismo com histórias de amor poderia começar comquem é de casa. Não sei se você ficou sabendo da história de umapresentador de telejornal, bem conhecido e casado, que declarou seu amorpor uma colega de trabalho no meio de uma premiação. A platéia estavacheia de... jornalistas. Isso mesmo: a platéia estava cheia de jornalistas.Alguma emissora contou essa história? Algum programa de TV foi fazercampana na frente da ex-mulher dele? Alguém vai mandar uma equipe paraa porta do fórum entrevistar a mulher traída? O corporativismo prevaleceentre os jornalistas (e eu não estou generalizando).Não estou falando isso para denegrir a imagem de ninguém, ao contrário.Quero que as pessoas vejam que ninguém é perfeito, todos temos defeitos ecometemos erros. Cada um tem de assumir os seus para se tornar umapessoa melhor, para que realmente dê a volta por cima e recomece a vida,mas por cima de si mesma, de seus erros e de seu passado e não por cimados outros.Assumo meu erro de ter saído com uma garota de programa enquanto eracasado; esse foi o meu erro e nenhum dos motivos que eu apresente paraisso irá justificá-lo. Agora, se minha escolha posterior foi ficar com aRaquel, ninguém tem nada com isso a não ser eu e ela. Hoje eu estou muitofeliz e recomeçamos uma vida juntos. Amo minhas filhas, amo a Raquel e,para mim, isso é tudo o que realmente importa.Historias que nunca entraraHistorias entraramno meu blogQuando escrevi O doce veneno do escorpião, no ano passado, junteialgumas das melhores (e mais picantes) histórias publicadas em meu blognuma parte lacrada do livro. Muitas histórias, porém, nunca forampublicadas. Estavam guardadas em um caderno que eu usava como diárioou apenas em minha memória. Agora, ao terminar meu segundo livro, acheique era hora de compartilhar algumas delas.Começo com a história de um cliente que me pagava 500 reais para ficarcom ele algumas horas num clube de swing. Antes ele fez um pactocomigo: eu jamais poderia escrever sobre ele no meu blog. Isso aconteceuna época em que eu estava no auge da minha carreira como prostituta. Meutelefone não parava de tocar o dia inteiro, eu fazia em média oitoprogramas por dia e ainda tinha pique para ir ao swing à noite. Esse clienteme levava a um clube de swing semanalmente. Não sei por que ele nãodeixava que eu escrevesse sobre nossos programas. Também nuncaperguntei o motivo, porque os 2 mil reais que ele me dava por mêspoderiam me fazer falta. O dinheiro dos clientes comprava o meu silêncio ea minha discrição.Como eu já estava em evidência na mídia, o cliente me pedia para irdisfarçada. Ele não queria que as pessoas percebessem que eu eraprostituta. Ele queria que eu me passasse por namorada dele. Eu tirava omeu piercing da boca, prendia o meu cabelo, fazendo um coque, e colocavaóculos para ficar com um semblante mais sério. Poucas pessoas mereconheceram desta forma. Se alguém perguntava se eu era a BrunaSurfistinha, eu desconversava.E assim, dessa maneira, fomos ao swing durante quase três meses.Conhecemos vários casais que acreditavam que éramos mesmo namorados.Várias vezes caímos em contradição quando ficávamos conversando comalgum casal. Mas nenhum deles comentou nada — afinal, ninguém estavaali para conversar.Na nossa terceira vez no swing, fomos abordados por um casal. Eles eramcasados de verdade havia um bom tempo. Pareciam ser muito felizes, poiseram muito carinhosos um com o outro. Fora isso, os dois eram lindos.Fomos para um quartinho reservado e trocamos de casal. Com ele, o climapegou fogo... Rolou uma química enorme entre os nossos corpos. Enquantoisso, dava para perceber, o meu cliente e a esposa dele estavam ficandojuntos de uma maneira forçada. Ela não gostou do meu cliente, mascontinuou ali para deixar que eu satisfizesse seu marido.Em determinado momento, ele segurou forte no meu cabelo, de frente paramim, me puxou em direção à boca dele e demos um beijo cinematográfico.Enquanto nos beijávamos, eu sentia a mão dele apalpando o meu corpo.Abaixei o zíper da sua calça e fui direto ao que me interessava. Omenininho estava duro e fiquei surpresa com o tamanho dele. Era grande,mas não imenso. De um tamanho ideal e que não me causaria dor. Descipara chupá-lo. Não consegui colocá-lo inteiro na minha boca, mas mesmoassim o fiquei chupando durante um bom tempo. Ele ficava soltandogemidos baixos e continuou segurando forte, pressionando a minha cabeça.Quando estava quase ameaçando explodir na minha boca, eu parei dechupá-lo. Levantei-me e comecei a beijá-lo, pois queria sentir novamentesua língua quente.Coloquei camisinha nele e fiquei de quatro no sofazinho da sala. Ele mepegou com jeito — e ainda deu tapinhas excitantes no meu bumbum.Fizemos sexo selvagem, com movimentos bruscos e gemidos altos. Aintensidade dos tapinhas ia aumentando à medida que o nosso tesãoaumentava. Escutei os gemidos dele bem alto e senti as contrações do p...dentro de mim. Ele gozou. Eu não, embora tenha ficado bem excitada.Quando levantei, ele estava muito suado e o brilho do suor realçava o levetanquinho no seu abdome.Uma semana depois nos encontramos novamente. Dessa vez, eu não estavacom o meu disfarce. Ele me olhou como se me conhecesse de algum lugar,mas nem se aproximou de mim e do meu cliente da noite. Fiquei chateadaporque eu queria ficar novamente com ele, mas desencanei, pois sabia queoportunidades não faltariam.Na semana seguinte, voltei ao mesmo clube de swing, com meu clientepseudo-namorado e meu disfarce. O casal não apareceu. Como concluí queeles iam apenas às quartas-feiras, combinei com o meu cliente de irmosneste dia. Sem saber o motivo, ele aceitou.Na quarta-feira lá estávamos nós. Quando entrei, já fui à procura do casal.Nenhum sinal deles. Fomos passear na área em que rola o swing. Mesmono escurinho, vi os dois... curtindo um outro casal. Fiquei um poucodistante, apenas de voyeur. Ele estava transando com outra mulher. Nãofiquei enciumada, mas percebi que ele agia da mesma forma que fezcomigo, naquele estilo "selvagem-carinhoso".Depois de alguns minutos, me aproximei. Ele estava de costas para mim enão me viu. Coloquei as mãos nas costas dele e, quando ele virou paraolhar quem era, me lançou um grande sorriso de surpresa. Fiquei ao ladodele e, na ponta dos pés, mesmo em cima de um salto, falei no ouvido dele:"Quero te ver gozar bem gostoso".A mulher que estava transando com ele tinha um corpo muito gostoso. Elaestava de quatro, com a bunda bem empinada para ele. Ele gozou. Egostoso. O semblante de satisfação que ele fez foi algo indescritível.Eles se arrumaram para sair da salinha. Para não dar muito na cara que eutinha ido especialmente para vê-lo, continuei com o meu cliente na salinhae trocamos de casal. Eu acabei transando com um cara totalmente forçada,porque o meu cliente gostou muito da parceira deste, então fiz de tudo paraque ele gozasse bem rápido para me livrar.Mais tarde, enquanto estávamos dançando um pouco na pista, encontramoscom o casal especial. Nos cumprimentamos com mais calma, dançamos umpouco até que ele me falou no ouvido: "Eu estava com saudades de você!".Nossa, eu quase pirei. Ficamos dançando enquanto nos olhávamosdiscretamente. Seguimos para uma salinha e novamente o clima pegoufogo! Ainda bem que rolou mais afinidade entre o meu cliente e a parceira,do que na primeira vez. Nem vi o que eles fizeram ou deixaram de fazer,apenas escutei no final os elogios do cliente em relação à mulher.Quanto ao marido dela, a performance foi diferente — bem melhor do quena primeira vez. Ele foi mais carinhoso e percebi que realmente estava comsaudades de mim. Dessa vez, foi ele quem me chupou, e sentindo a línguadele na minha bu.... Não demorei muito para gozar e quase ia emendar umasegunda, mas ele parou antes. Aí ele sentou no sofazinho, enquanto eucolocava a camisinha, nos beijamos e pude sentir o meu próprio gosto. Emseguida, fiquei cavalgando de costas para ele, enquanto puxava com poucaforça o meu cabelo e dizia sacanagens como: "Goze comigo, sua safada!!".Eu quis mudar de posição, mas pela falta de espaço tínhamos poucasopções. Ou era de quatro ou cavalgando. Ele me penetrou e com umaintensidade mais leve, acariciava o meu c... Antes mesmo de eu pedir parafazer anal, ele acabou gozando. Foram quase trinta minutos de muitoprazer, muito suor, gemidos e clima quente. Novamente eu não gozei, masposso dizer que quase.Saímos da sala e, enquanto a esposa dele foi ao banheiro, ficamosconversando. Ele pediu o número do meu celular. Dançamos mais umpouco e meu cliente pediu para voltarmos para as salinhas. Então nosdespedimos.Quatro dias depois, o meu telefone pessoal tocou. Era ele!! Na conversa,me contou um pouco da sua vida, inclusive que a esposa estava muitoenciumada comigo, pois ele nunca tinha dado tanta atenção a uma mulherno swing. Então ele me convidou para sair, apenas nós dois. Eu não aceiteie disse que não trairia o meu "namorado", que só aceitava fazer trocas decasais. Na verdade, eu não desejava me envolver com ninguém. Mesmosem namorando, eu não queria me apaixonar, muito menos por alguémcomprometido que havia conhecido num swing. Mudamos de assunto ecomeçamos a falar sobre coisas picantes. Acabamos fazendo sexo virtual.Ele se masturbando e falando sacanagens, entre elas que queria muito fazeranal comigo, e eu comecei a me masturbar também imaginando todas ascenas que ele dizia. A esposa era muito bonita, mas não gostava de ficarcom mulher. Preferia vê-lo se deliciando, de ser voyeur com outras.Acabamos terminando a nossa conversa, ele gozou, eu também. Quandodesligamos o telefone, continuei me masturbando. Continuei imaginandotudo o que ele havia me dito.Na quarta-feira seguinte, ele me ligou para saber se eu estaria à noite noswing. Combinamos de nos encontrar. Quando chegamos, novamente fuiprocurá-lo e lá estava ele numa salinha (que não era privativa) com aesposa - já tinham trocado de casal. Acabei chegando tarde, pois eu queriater sido a primeira da noite dele. Mas tudo bem, fiquei observando-o e,assim como da última vez, me aproximei devagar.Mais tarde, fomos para uma salinha e ele foi direto para o ponto quecombinamos no telefone. Não fizemos qualquer tipo de preliminares, elecolocou a camisinha, me pediu para ficar de quatro e, me penetrou no c...Pelo espelho na parede ficamos nos vendo. Fiquei me masturbando aomesmo tempo e gozei no meu dedinho. Gozei novamente minutos depois.Ele demorou para gozar e comecei a ficar com dor. Não demonstrei, afinal,eu tinha esperado muito por este momento.Fizemos tudo invertido, primeiro gozamos para então fazermospreliminares. Como o meu cliente ainda não tinha gozado, ficamos nosacariciando enquanto os observávamos. Nos beijamos muito e, pelaprimeira vez, ele chupou os meus seios, de olhos fechados e do jeito que eugosto, mordendo os biquinhos.Depois ficamos cochichando e eu perguntei por que ele nunca haviachupado meus seios. Ele respondeu que os achava lindos, mas por sersilicone tinha medo de machucar. Pedi para que ele chupasse mais umpouco, pois sua língua quente me deixou realmente muito excitada.Depois dessa noite nos encontramos mais uma vez e foi a nossa despedida.Conversamos pelo telefone no dia seguinte e ele comentou que a esposanão queria mais fazer troca conosco. Primeiro porque estava com ciúmes demim e, segundo, porque ela não conseguia se satisfazer sexualmente com omeu cliente. No nosso último encontro gozei três vezes: uma na boca dele eduas no meu dedo, me masturbando enquanto fazíamos anal. Foi um sexoselvagem, com tapas, sacanagens e muito prazer. Ah, se eu soubesse queera a nossa despedida, teria aproveitado mais...Uma das coisas que mais me surpreendeu com o lançamento de O doceveneno do escorpião foi o número de casais que me procurou ou meescreveu para contar como a vida sexual deles havia melhorado depois daleitura do livro. Sempre gostei muito de atendei casais e acho que já ajudeimuitos deles. Lembro-me bem da história de um casal que nunca tinhacontado antes.Eles eram casados havia pouco tempo e quiseram ir para um motel. Os doiseram jovens e muito atraentes. Para a minha sorte, ela gostava de mulher,então começamos a nos pegar. Nos beijamos muito, enquanto tirávamos asnossas roupas devagar. Deitamo-nos na cama, os beijos continuaram ecomeçamos a nos masturbar. A bu... dela estava quente e muitomolhadinha, do tipo que faz até barulhinho com o dedo em movimento emcima da lubrificação natural.Ele não agüentou ver a cena como um verdadeiro voyeur e começou achupá-la. Meu dedo continuou no clitóris enquanto a língua dele percorria aregião inferior da bu... A minha boca percorreu o pescoço dela e comecei achupar seus seios. Como eram grandes, encostei um no outro e chupei osdois bicos ao mesmo tempo. Ela sussurrava baixinho num tom de prazer.Eu chupava seus seios com intensidade, sem medo de machucá-la - damesma maneira que eu gosto que chupem os meus.Depois de alguns minutos, ela gozou e neste momento eu não estava maiscom o meu dedo na sua bu... Ela gozou na boca dele e em seguida foi aminha vez. Ela me disse após descansar um pouco: "Quero te ver gozar naboca dele!". Na verdade, eu queria gozar na boca dela e, mesmo comreceio, pedi que me chupasse. Ela não negou, mas disse que me chupariaapós eu gozar, pois gostava de observar. Fiquei deitada, com o marido delaajoelhado na beirada da cama me chupando e ela ficou sentada ao meulado, acariciando os meus seios com uma das mãos e, com a outra semasturbando. Ela gozou assim, e como estava sentada bem ao meu lado,pude apreciar bem de perto o seu orgasmo e a bu... se encharcar todinha.Ao ver esta cena me excitei mais ainda. Então ela começou a me masturbarpara ajudar o marido e assim, eu gozei. Com o dedo dela me masturbando ea língua dele, explorando a minha bu...Em seguida, fomos para a banheira juntos. Ficamos conversando e o climacomeçou a pegar fogo entre nós três. Nos beijamos e num momento ele selevantou, tirou a espuma de sabão do p... e o chupamos ao mesmo tempo.Nos revezamos, uma hora eu chupava os sacos dele enquanto ela o p... e,depois trocávamos. Até nossas línguas se enroscavam durante as chupadas.Ele pegou no p... e começou a se masturbar. Nós duas ficamos de bocaaberta e com a língua para fora esperando a ejaculação. E saiu bastante"leitinho", o suficiente para lambuzar nossos rostos.Depois de um tempo, fomos para o quarto. Primeiro, ele a pegou de quatro,enquanto eu fiquei tocando o corpo dela. Então ela disse para eu deitar nasua frente, pois queria me chupar. Enquanto me chupava, fiquei com osolhos bem abertos admirando ela sendo pega de quatro. Ele segurava forteno bumbum dela; às vezes ela dava uma paradinha, virava o rosto paraolhá-lo e dizer alguma palavra safada.E realmente ela foi uma das mulheres mais safadas com quem já fiquei!!Que corpo e que boca! Ele gozou primeiro e ela continuou me chupandoaté eu gozar pela segunda vez, mas na boca dela. O mais incrível foi a caraque ela fez quando estava lambendo o meu "melzinho". Ela me olhava comuma cara de safada, dando uns sorrisinhos marotos e sensuais.Ele aproveitou que o p... ainda estava ereto, colocou uma camisinha e veiopara cima de mim, num papai e mamãe. Ele já estava fungando de cansaçomas não desanimou. Mudamos de posição: fizemos frango assado, emseguida fiquei de quatro e, por último, ficamos de ladinho. Eu estava decostas para ele e aproveitei para chupar mais um pouco os peitos dela.Como ele já tinha gozado, e não deu nenhuma pausa, demorou bastantepara gozar pela segunda vez. As vezes ele gemia de uma maneira que davaa impressão de estar gozando, mas era apenas impressão.Paramos de transar, ele tirou rapidamente a camisinha e disse para acompanheira que queria gozar com ela. Então, ela deitou com as pernaspara fora da cama. Ele a puxou e colocou as pernas dela em cima de seusombros. Ele pediu para que ela me chupasse, pois segundo ele, queria gozarnos observando ao mesmo tempo.A única posição possível para que ela me chupasse seria ficando de cócorascom a bu... na cara dela. Fiquei excitadíssima pela situação, mas nãoconsegui gozar pois a posição era totalmente desconfortável. Ele gozounessa posição.Como estávamos cansados e relaxados, afinal nós três gozamos no mínimoduas vezes cada um, pedimos algo para comer e depois fomos embora.Nunca mais nos encontramos. Só sei que ele é um cara de muita sorte!!Na adolescência, eu tinha complexo de "patinho feio". Só que naprostituição acabei adquirindo, pela primeira vez, uma auto-estimaincrível!! Quando cheguei no prive da alameda Franca, fui escolhida pelocliente que chegou em seguida. Nesse primeiro dia, eu fui a garota quemais trabalhou na casa. Foi inevitável não notar a inveja e ciúmes dasmeninas. Na prostituição, como em qualquer profissão ou meio de trabalho,há muita competição. Em todas as casas que trabalhei, sempre fui a garotaque mais trabalhava. Me sentir patinho feio por quê? Se eu era desejadapelos homens...Enquanto as meninas faziam dois ou três programas, eu fazia cinco ou seis.Lembro-me de que num dia de fraco movimento de clientes, em doze horasde trabalho, entraram oito homens, e desses, fui escolhida por cinco.Foi difícil fazer amizade nas casas por causa disso, mas com o tempo, asmeninas percebiam que eu era humilde e que não passava a perna emninguém. Sim, nas casas há algumas regras!! Ao nos apresentar, nãopodemos beijar os clientes na boca e nem falar algo do tipo: "Me escolhapois você não se arrependerá!!".Eu era muito tímida, mas reconheço que o meu olhar era fatal. No períodoem que trabalhei nos prives, o meu bordão era o mesmo: "Oi, eu sou aBruna e sou liberal". Conquistei muitos clientes e muitos eram fiéis a mim.Alguns deles já chegavam na casa e pediam para a gerente: "Eu quero aBruna!".Quando a cafetina da alameda Franca me mandou embora com outrasamigas, pois descobriu que consumíamos maconha, após duas semanas omeu celular tocou: era a gerente dessa casa. O que ela disse foi algomarcante para mim: "Bruna, a Larissa pediu para você voltar, pois muitosclientes estão indo embora porque você não está mais aqui!".Infelizmente, para descobrir que sou bonita e que agrado os homens, euprecisei me prostituir. O fato de saber que muitos homens me desejavam,que queriam fazer programa apenas comigo não me fez sentir mais bonitado que as outras, mas finalmente encontrei o meu "eu".Eu trabalhava no prive da alameda Franca. A campainha tocou e, como euera a única que estava pronta para me apresentar, subi as escadas para abrira porta para o primeiro cliente. Quando o vi, levei um susto! Era um senhorque aparentava ter uns 80 anos. Com as costas corcundas e apoiando-senuma bengala, ele levantou a cabeça para me olhar. Como até então eu nãoconseguia me imaginar fazendo sexo com alguém que poderia ser o meuavô, desci as escadas rezando para que ele não me escolhesse. Mas meescolheu.Antes de entrar no quarto respirei fundo. Meu único consolo era imaginarque ele poderia me dar uma "caixinha gorda". Pois as meninas já tinhamme contado que são esses que pagam melhor. Ledo engano.Quando entrei no quarto ele estava deitado. Comecei a tirar a minha roupasem sensualidade nenhuma. Quando disse que ia ao banheiro para tomarbanho, ele não deixou. Pediu que eu o ajudasse a tirar a roupa.Durante os minutos seguintes ele ficou pressionando a minha cabeça paraque eu o chupasse sem camisinha. Após muita insistência, conseguiconvencê-lo a colocar uma. O p... dele estava mole, completamente morto,e eu, sem paciência, o chupei de todas as maneiras mas não consegui fazercom que ficasse ereto. Desisti. E enquanto eu o masturbava, ele chupava osmeus seios. Fechei os olhos para não ver esta cena. Ele também tentou mebeijar de língua, mas não conseguiu. Eu apenas dei alguns selinhos.A gerente interfonou dizendo que o período havia acabado. Pagou e foiembora sem ao menos ter ficado com o p... ereto.Duas semanas depois, voltou e me escolheu de novo. Coloquei a camisinhasem falar nada e fiquei chupando. Quando ele pedia para que eu fizessealguma coisa, fingia que não escutava. O máximo que deixei que ele fizessefoi chupar os meus seios. E ele foi embora sem nenhuma ereção.Depois de alguns dias, ele voltou. E me escolheu novamente! Foi um poucomais fácil. O p... ameaçou ficar ereto. Dei um pouco mais de atenção a ele.Conversamos um pouco, mas gastei saliva à toa. Na hora de me pagar, eledisse: "Eu não estou com dinheiro hoje, mas prometo que na semana quevem eu volto e pago!". Chamei a gerente para resolver a questão. Após umadiscussão engraçada, ele foi embora. E sem pagar.Ela, muito esperta, esperou alguns segundos — o tempo suficiente para queele saísse da frente da casa - e o seguiu. Ela voltou logo depois e disse queo cliente entrou no prédio bem ao lado da "nossa" casa.Mais tarde, ela foi conversar com o porteiro e então ficou sabendo dahistória do velhinho. Ele era casado, mas ficava sob os cuidados de umaenfermeira. Como não podia sair do prédio sozinho, subornava o porteiro.Ele dava uma nota de 50 reais cada vez que queria ir à casa do lado. E elefazia isso bem no horário de almoço da enfermeira. Muito espertinho.As desculpas esfarrapadas que os homens dão às mulheres para seaventurar com alguma prostituta são as mais variadas possíveis. A maioriadelas é muito engraçada. Mas, sinceramente, tem algumas que não consigoentender como as mulheres acreditam.Tinha um cliente que aparecia freqüentemente no prive. Cada vez ele ficavacom uma garota diferente. Após a apresentação das meninas, todas torciampara ser a escolhida. Adorávamos ficar com ele! Não por ele ser bonito ouum cliente agradável. Na verdade, o bom era que ele pagava o período deuma hora, mas não ficava nem quinze minutos! Todos os programas,independentemente da menina escolhida, eram iguais.Ele nunca tirava a roupa. Apenas abaixava a calça e a cueca. Pedia para amenina se despir rapidinho e ficar de quatro na beirada da cama. Em poucotempo ele gozava, arrancava a camisinha e a entregava na mão da garota.Ele se arrumava, pagava o cachê, pegava um saco com pão do chão e iaembora.Saco com pão?!? Sim. Todas as vezes que ele ia nos visitar, ele estava comum saco de pão na mão!! No quarteirão, havia uma padaria. Provavelmente,ele morava ali perto e dizia com a maior cara de pau: "Vou comprar pão".Comprava, mas ia mesmo nos visitar.... Só não entendi até hoje por que elecomprava o pão antes, e não depois.Todas as casas prives fazem anúncios das garotas nos jornais. No prive daalameda Franca não era diferente. Eles colocavam os anúncios e os doistelefones da casa tocavam o tempo todo. Quem atendia eram as própriasgarotas e nos revezávamos neste trabalho. Certa noite, quando a cafetina foibuscar o faturamento do dia, ela me chamou de lado e pediu para que,quando eu não estivesse com cliente, somente eu atendesse ao telefone.Segundo ela, eu era a mais articulada da casa.Passei a cumprir esta nova missão e não ganhei nenhum extra por isso.Eu gostava de atendê-los, pois nunca gostei de ficar sem fazer nada. Mascom muitos eu perdia a paciência. Muitos pegavam algum telefone dojornal, para ficar falando sobre sexo com a garota enquanto semasturbavam do outro lado da linha. Denominávamos estes homenscarinhosamente de "punheteiros". Eu passava apenas as informações dacasa. Quando percebia que queriam conversar sobre sexo e se aproveitar daminha boa vontade, ou eu xingava e desligava o telefone na cara ou então,educadamente, dizia que lá não tinha serviço de telessexo, e passavanovamente as informações da casa. Admito que quando eu estava compaciência e não tinha mais nada de importante para fazer, acabava entrandono clima deles. Mas do outro lado da linha eu estava rindo e zombando dacara do punheteiro.Numa dessas vezes fiquei conversando com um homem que no inícioparecia ser normal. Ele pediu as informações da casa, perguntou como euera fisicamente e como estava vestida. Pacientemente, respondi àsperguntas. Quando eu estava me despedindo para desligar o telefone, eledisse: "Eu adoro ser dominado, ser escravo e cachorro das mulheres".Isso me chamou muito a atenção, e despertou o meu lado psicóloga. Comofazia pouco tempo que eu estava trabalhando com sexo, tudo ainda eranovidade para mim. E muito curiosa, eu não desejava ser dominadora deninguém, apenas queria saber o por que de homens como ele gostarem deser dominados pelas mulheres, e ainda sentir prazer com isso.Levei o papo adiante tentando tirar as minhas dúvidas. Dessa vez nãoconsegui, pois ainda não tínhamos intimidade. Ele perguntou se fosse meencontrar, se eu o faria de escravo. Eu respondi que sim e comecei a falartudo o que faria com ele.Na verdade, todas as mulheres gostariam de ter algum homem comocapacho, de poder mandar e desmandar. E eu comecei a fantasiar com isso.Mesmo quando desliguei o telefone, comecei a imaginar como seria ter umhomem que fizesse tudo o que eu mandasse, abaixasse a cabeça para mim eapenas dissesse: "Sim senhora".Fiquei curiosa com isso e, não posso esconder que muito ansiosa esperandopara que este homem fosse se encontrar comigo ou, pelo menos, metelefonasse para conversarmos mais a respeito.Ele começou a ligar todos os dias. Quando eu atendia, ficava conversandocom ele e fantasiando as cenas que falávamos. Quando outra garotaatendia, não tinha a mesma paciência e simplesmente desligava o telefonena cara dele. Combinamos um horário para ele ligar. Às vezes dava certo,outras não. Como ele me contou que não tinha dinheiro para pagar porsexo, e que me ligava do telefone do trabalho, nossas fantasias ficaramapenas no mundo virtual.Eu não ficava excitada com as nossas conversas, talvez ficasse se eusoubesse quem era ele. Numa das vezes, comecei a fazê-lo de cachorro, damaneira que ele havia me pedido. Eu mandava que ele latisse, que imitasseum cão chorando ou que fizesse o barulhinho de quando estão com a línguapara fora. E ele imitava direitinho. Quando ele latia eu aproveitava paracolocar o telefone na orelha das meninas para que o escutassem. Ninguémacreditava naquilo! E nós ríamos muito.Perguntei várias vezes o por que de ele gostar daquilo, mas nem ele sabiame responder. Com o tempo, foi perdendo a graça e acabei ficando sempaciência. Outras meninas começaram a conversar com ele e o que maisgostavam era que latisse. Do outro lado da linha, ele delirava... nemimaginava que dávamos boas gargalhadas!Nenhuma de nós teve o trabalho de perguntar o nome dele, mas nemprecisava! Para nós já tinha nome: "Cachorrinho". Até que um dia, acampainha tocou. Fui me apresentar normalmente e quando virei as costaspara que outra fosse se apresentar, ele falou: "Oi Bruna, sou eu, o seucachorro". Eu virei para olhar para ele e não acreditei!!Ainda bem que eu não havia imaginado como ele seria fisicamente, poisiria me decepcionar. Pessoalmente, pude provar a minha hipótese: não erauma pessoa normal.Também pudera, não pode ser normal alguém que perde tempo ligandopara um prostíbulo para ficar latindo e imitando um cachorro como se fossea coisa mais normal do mundo.Ele não foi para fazer programa, mas mesmo assim chamei as meninas paramandarmos nele. Num momento, eu comecei a chorar de tanto rir. Nós nãofizemos dele nosso escravo, apenas o queríamos como cachorro.A cena era hilária: ele de quatro no chão e um círculo de garotas deprograma ao seu redor, mandando e desmandando. Ele latiu de todos osjeitos, fingiu-se de morto, deu a patinha, chorou, abanou o rabinhoimaginário e até levantava a perna de trás como se estivesse fazendo xixinum poste! Apenas não pedimos para que ele nos lambesse...Durante quase meia hora ele foi o nosso cachorro, quando não agüentamosmais rir da situação, pedimos para que ele voltasse a ser "gente"novamente.Ele sentou-se no sofá e notamos que estava com um volume grandeembaixo da calça dele. No tempo em que foi o nosso cachorro, ele ficoucom o p... ereto! E ainda nos disse que quase gozou, mesmo não sendoacariciado mas apenas ao ser mandado e desmandado.A gerente se aproximou e o mandou embora, já que ele estava atrapalhandoo nosso trabalho. O circo, para nós, acabou. E ele nunca mais apareceu ousequer nos telefonou. Deve ter começado a ligar para algum outroprostíbulo. Nos abandonou e foi procurar outras donas...Minha primeira vez de verdade num swing foi com um cliente. Não melembro da cara dele, mas me lembro bem do quanto ele era um "porre". Edo tipo de cliente que as garotas de programa precisam contar os segundosansiosamente para que o período acabe. Como eu já sabia que nessesambientes tudo é liberado, e para trocar de casal era fácil, aceitei ir com ele,mas já com a intenção de trocá-lo pelo primeiro homem com quem eutivesse oportunidade.Um clube assim cheira tanto a sexo que é impossível não cometer loucurasali dentro. Como estávamos muito curiosos (era a primeira vez deletambém numa casa de swing), sentamos para beber um pouco enquantoobservávamos os freqüentadores do local.Mesmo após um longo dia de trabalho, eu ainda estava com "fogo" osuficiente para me divertir bastante e ser abusada por vários homens — e,por que não, por mulheres também?Fui com um vestido preto curtíssimo e bem decotado, e com uma sandáliade salto bem alto. Propositalmente, me arrumei para ser uma mulher fatal.Entramos primeiro num quarto onde é permitida apenas a entrada de casais.Ninguém fica nu. As pessoas apenas levantam ou abaixam um pouco asroupas. Dava para ouvir gemidos de todos os jeitos, alguns excitantesoutros falsos. O ambiente era muito escuro. Só é possível identificar quemé homem e quem é mulher, mas era impossível saber como era exatamentea aparência física de cada um. A única opção era tocar os corpos paratermos uma noção de como era o físico e se nos agradava ou não.Mal entramos e eu já comecei a sentir alguém me tocando por baixo dovestido. Essa mão, até que carinhosa, estava procurando o meu clitóris.Ficou alguns minutos me acariciando por cima da calcinha. A mão eradelicada, com toques suaves. Assim, concluí que era uma mulher. A donadessa mão estava atrás de mim, e por causa do pouco espaço no local, nãoconsegui me virar para vê-la.O ambiente estava extremamente apertado, e enquanto sentia as carícias,fui procurando algum p... alheio. Olhei para o lado e logo vi um grande,latejando de desejo. Não pensei duas vezes e peguei para masturbá-lo. Omeu cliente já estava chupando os seios de uma mulher e, por ummomento, me esqueci que estava com ele. Ou melhor, esqueci da minhavida.Continuei a masturbar o cara, de olhos fechados, sentindo apenas minhabu... molhando cada vez mais com aquela mão em mim. Quando eu estavaquase gozando, larguei o p... Não agüentei! Virei de frente para a pessoa,depois de pisar no pé de alguém e escutar um "ai". Eu estava certa: era umamulher. Ela não deixou nem que eu falasse alguma coisa, foi logo mebeijando. E que beijo!! Um beijo quente que durou minutos... Não davavontade de parar! Abaixei o decote da blusa dela e comecei a chupar seusseios. Os bicos eram grandes do jeito que eu gosto. Dei algumas mordidas eela não reclamou. Fiquei chupando os peitos dela de maneira voraz,fazendo-a gemer no meu ouvido. Enquanto isso, ela estava passando asmãos pelo meu corpo, para talvez conhecê-lo melhor.Como o ambiente ficou um pouco mais vazio (quem goza sai do quarto, jáque o calor é insuportável), ficamos mais à vontade. Ela sentou-se num dossofás, e quando me acomodei ajoelhada no chão, continuei a chupar osseios, mas dessa vez fui mais longe... Abaixei um pouco a calcinha dela ecomecei a masturbá-la. Não passou muito tempo e senti a bu... dela secontraindo e, em seguida, molhando os meus dedos com um líquido quente.Ela gozou. Eu me levantei e sentei-me ao lado dela. Nos beijamos mais eela me pegou de surpresa: "Quero que você goze na minha boca agora!".Enquanto ela abaixava a minha calcinha e se ajoelhava no chão, eu dei umaolhada para localizar o meu cliente. Com muito esforço, vi que ele estavapegando uma mulher de quatro, próximo a mim. Ainda bem que ele nãoestava sentindo a minha falta.Me fazer gozar naquele momento foi uma tarefa muito fácil, pois eu estavalouca de tanto tesão. Sentir a língua quente dela no meu clitóris me fezquase gozar sem precisar fazer qualquer tipo de movimento. Gozei emmenos de três minutos. Gemi tão forte e alto que fiquei morrendo devergonha. Quando abri os olhos, todas as pessoas estavam me olhando.Ela sentou ao meu lado e enquanto descansávamos um pouco, conversamose ficamos observando os casais transando. Escutamos gemidos de pelomenos três orgasmos. Eu não estava agüentando de tanto calor, queria sairdali, mas eu poderia apenas sair acompanhada do meu cliente — e, pelovisto, ele não gozava de jeito nenhum... O jeito foi aproveitar mais o meumomento de lesbianismo.Dessa vez, pegamos mais leve. Apenas nos beijamos enquanto nossas mãosficaram quietinhas. Ela chupou um pouco os meus seios, mas talvez porserem pequenos (naquela época eu ainda não tinha silicone) ela acabou nãose entusiasmando.Ficamos quietas observando... até que ela me falou: "O seu namorado jáestá vindo!". Logo depois, nos despedimos e não nos vimos mais naquelanoite.Como estava acompanhada por um amigo que ela jurou que não rolavanada, ele nos deixou em paz.Fui ao banheiro para me limpar e seguimos para a nossa aventura.Passamos por um labirinto. Onde as pessoas passam para chegar a lugarnenhum. E apenas um labirinto com alguns quartinhos, onde os casais seencontram com outros. E super-estreito, algo totalmente proposital para queas pessoas se esbarrem umas nas outras. Os quartinhos servem para o casode algum casal se interessar, por outro nesse passeio pelo corredor.Enquanto eu andava nesse labirinto, as pessoas iam passando as mãos emmim e eu também. Peguei rapidamente em vários p... e apertei vários seios.Muitos homens já andam com o p... para fora da calça, passado pelo buracodo zíper. Acaba sendo engraçado!Até que encontramos um espaço com um sofá grande onde havia algunscasais transando. Ficamos ali e o meu cliente me disse justo o que eu nãoqueria ouvir naquele momento: "Quero te comer!".Encapotei o p... e virei de costas numa posição totalmente desconfortável.Eu era a única a gemer naquele momento, gemidos falsos, claro, masninguém ali se preocupava com isso. De repente, um homem passou naminha frente e, enquanto eu transava com o cliente, ele chupou os meusseios. Gostei daquilo, mas não gozei.Momentos depois, ele sumiu e deu lugar para outro. Mas este outro homemnão ficou na minha frente, ficou de lado, apoiado na parede. Olhei para elee vi que estava se masturbando enquanto me observava. Falei para ele seaproximar. Então agarrei com a mão o p... dele, que não era um dosmaiores, e comecei a masturbá-lo. Quando senti que ele estava quaseejaculando, larguei. Eu queria fazê-lo gozar, mas não queria sujar a minhamão com o esperma dele.E como o cliente demorava horrores para gozar, fiquei ali me divertindo.Ora eu masturbava um, ora dava um jeito de chupar os seios de algumamulher. Até o cliente gozar, eu fiz pelo menos quatro homens gozarem coma minha punheta, mas sempre da mesma maneira: eu largava momentosantes. Todos ficavam bravos comigo por causa disso, mas pegavamrapidamente para gozar na mão deles. E eu fiquei observando cada umadessas gozadas.Finalmente, o meu cliente gozou! Gozou enquanto beijava uma mulhertarada. Saímos dali, passamos no banheiro e dirigimo-nos à mesa para noshidratar.Estávamos sentados quando o casal da mesa ao lado puxou conversa. Eraum casal muito bonito. Percebi que ela não estava muito interessada emficar com o meu cliente, mas o marido dela estava interessado em mim.Infelizmente, há mulheres que vão ao swing com intenção de satisfazersexualmente o marido, independentemente de se divertir ou não.No final da nossa conversa, combinamos de nos encontrar na primeiracabine. O cara me agarrou com jeito e começou a me beijar. Eu fiqueitotalmente sem reação quando ele tirou a roupa. Era um homem forte,musculoso, com tanquinho no abdome que já estava suado.Primeiro transaram um pouco enquanto eu e o meu cliente osobservávamos. Eram casados e já tinham intimidade. Ela era safada, ficavafalando várias sacanagens. Enquanto ele a pegava de quatro e dava unstapas no seu bumbum, comecei a tocar o corpo dela. Uma pele macia,morena, com marcas fortes de biquíni. Não resisti e comecei a chupar seusseios siliconizados, mas muito gostosos! E o meu cliente ficou encostadona parede, tentando fazer o p... levantar pela terceira vez.Quando eu menos esperava, o marido tirou o p... de dentro dela e mepuxou. A cara que ele fez não precisou de nenhuma palavra. Eu entendi oque ele estava querendo. Peguei a camisinha e coloquei no p... que estavalatejando muito. Pensei que ele fosse gozar rapidamente, mas demorouquase meia hora. O p... dele não era grande e muito grosso. Aprovei ecomo!!! Fizemos um sexo selvagem. Ele me dava tapas no bumbum,puxava o meu cabelo e me segurava com força. Eu comecei a delirar eacabei gozando antes dele. Em seguida, fui privilegiada por um orgasmomúltiplo.Eu gostei da maneira que ele me pegou, com força e demonstrando muitoprazer.Para mudar um pouco de posição, ele sentou-se no sofá e eu subi nele, defrente. Cavalguei enquanto ele me segurava forte pelo bumbum. E foi commeus gemidos altos e a boca dele abocanhando um seio meu, abafando ogemido dele, que ele gozou.A mulher dele sentou-se ao nosso lado e ficou nos observando mais deperto e dando beijos na boca dele de um jeito tão gostoso que me deuvontade de colocar a minha no meio. Mas não tive coragem.Ele gozou tão intensamente que tentou levantar do sofá mas não conseguiu.Deixei-o com as pernas bambas. Quando olhei para trás e vi o meu cliente,ele estava com os braços cruzados, com uma cara emburrada. Depois eleme contou que ela ficou um bom tempo chupando-o, mas não conseguiuficar com o p... ereto e então desistiram. Depois dessa, fomos embora. Aminha primeira vez num swing foi muito divertida e tenho certeza de quefoi bem mais para mim do que para o meu cliente.Não sei explicar direito, mas tive clientes que rolava a maior química entrenossos corpos! Só não podíamos conversar de jeito nenhum. Era bemassim: química mil. Afinidade zero. Com esses clientes, o jeito era fazersexo e abrir a boca apenas para gemer.Foi com um desses clientes que não me senti como uma namoradinha dealuguel, e sim como uma verdadeira prostituta. Já subíamos para o quartonos agarrando na escada. Eu conseguia deixá-lo de pau duro antes dechegarmos ao quarto. Não trocávamos uma única palavra. Nossas bocasficavam ocupadas para coisas melhores: se não estávamos nos beijando,estávamos nos chupando ou gemendo.Ele era um quarentão do jeito que eu gostava naquela época. Eu, na flor daidade, com os meus 19 aninhos, adorava um quarentão!!! Era uma taraminha, não podia ver um cabelo grisalho que já me imaginava na cama comele...As mãos grandes e pesadas me pegavam de jeito. Apertavam fortemente omeu corpo com o dele. O p... dele parecia ser de ouro, me fazia sentir nasnuvens quando era penetrada. Quando ele ia me visitar no prive, eu mesentia ganhando dinheiro fácil. Não há coisa melhor do que ganhar dinheiropara gozar.O que eu mais gostava era fazer anal com ele. Adorava ficar de quatroenquanto ele me pegava soltando todo o tesão dele por mim. Puxava comforça o meu cabelo e dizia: "Você é a minha puta preferida, quero gozar noseu c...". Eu gostava de falar sacanagens para ele.Chamei-o na cama de filho da puta várias vezesCom ele fui literalmente puta pela primeira vez e com ele também aprendia ter orgasmos múltiplos. Enquanto ele comia o meu c..., eu mexia no meugrelinho, e assim tive orgasmos indescritíveis na prostituição. Muitas vezesele me fazia sentir dor — com movimentos fortes ou com algum tapa quepassava do limite —, mas eu gostava dessa dor. Nós não perdíamos tempo,não parávamos para conversar. Se ele gozava, apenas trocávamos decamisinha e continuávamos onde havíamos parado. Eu o fazia gozar trêsvezes seguidas. Não somente fazendo anal, transávamos vaginal também.Eu amava vê-lo com as pernas bambas, de saber que ele perdia todas asforças por minha causa.Depois do terceiro programa, ele me deu seu telefone e disse: "Quandovocê ficar com vontade de dar o c... pra mim, me liga que venho te ver".Mas deixou bem claro: "Me liga até às 18 horas, porque eu sou casado".Liguei apenas duas vezes e ele foi no mesmo dia. Eu ligava e nós nemconversávamos. Nem perguntava se ele estava ocupado ou não. Era direta:"Oi, é a Bruna. Eu quero te ver!".Eu nunca soube nada da vida dele, nem quem era ou o que fazia. Fiqueisabendo que era casado no dia em que me deu o número para contato. Nemo sobrenome dele eu sabia! Para mim não importava. Os papéis seinverteram: era eu que o usava, e não ele a mim.Apelidei um cliente de "meu baixinho". Ele era um pouco menor do que eu.Eu poderia carregá-lo no colo... rs! Ele era muito meigo, tinha um jeitinhomanso de falar, mas sua cara era muito séria. Na cama era muito tímido,mas perverso. Era muito carinhoso comigo e, com a química que rolavaentre nós, fizemos vários programas. Tivemos que nos distanciar porque,infelizmente, ele se apaixonou por mim — e eu não conseguia vê-lo comonamorado.Todas as vezes que nos encontramos ele estava estressado. "Meu baixinho"trabalhava numa área que mexe muito com o psicológico das pessoas. Maseu o acalmava, não com o meu sexo selvagem, mas com o meu sexo safadoe carinhoso ao mesmo tempo. Os programas eram todos iguais, como seseguíssemos um roteiro. Primeiro nos beijávamos muito, enquanto nossasmãos se acariciavam. Eu o masturbava e ele fazia o mesmo comigo.Deitávamos sempre um em cima do outro e ficávamos nos revezando semperceber. Ficávamos nos beijando e sentindo nossos corpos. Depois,fazíamos um 69 bem demorado, ele sempre gozava assim. Depois de umtempo, abocanhava o p... dele novamente, até ficar bem duro. Então ia paracima dele e ficava cavalgando, olhando nos olhos dele até ele gozar. Eleadorava as mudanças de ritmo que eu fazia durante a cavalgada. Ora ummovimento mais rápido e brusco, ora um movimento mais delicado.Enquanto isso, ele ficava chupando os meus peitos, superdelicadamente ecom toda a calma do mundo (ah, confesso que eu delirava com isso).Quando estava gozando, ele parava de chupá-los e fazia uma cara desafado. Apenas uma vez variamos: ele me pegou no meio do quarto etransamos em pé.Foi só o cliente entrar no meu apartamento e eu já senti tesão por ele.Preciso confessar que, bem discretamente, eu analisava o corpo dos clientesmesmo com roupa. Muitas vezes me enganei e as roupas me iludiram. Jáoutras vezes, acabei acertando. Este cliente era alto e forte, a camisa babylookmarcava o peito musculoso e a barriga tanquinho. Aparentava ter umpouco mais de 30 anos e tinha a maior cara de safado. Tinha totalmentecara de quem dá prioridade ao sexo e faz muito bem.Fomos para o quarto e após tomarmos banho separadamente, ele pediu paraque eu ficasse de quatro, guando eu fui colocar a camisinha nele, ele medisse: "Não coloca ainda porque primeiro eu quero te chupar". Fiquei dequatro e senti um beijo incrível em mim, o que me deixou molhadinha.Depois, desceu a língua e começou a dar umas lambidas no meu clitóris, deum jeito como se estivesse conhecendo o território, então ele começou achupar com vontade e sempre quando eu tinha oportunidade, eu esfregavabem forte a minha bu... na cara dele. Gozei e ele continuou. Sem perguntarpara ele, eu mudei de posição, fiquei de frente com as pernas em cima dosombros dele. Eu queria ficar olhando ele me chupando. Ele me chupavacom muita vontade, como se aquela bu... fosse a última da vida dele! Elefazia sucção com a boca nos grandes lábios e a língua agilmente mexia nomeu clitóris. Gozei novamente e gemi tão alto que ele até riu de mim logodepois.“Agora é a minha vez" — foi o que ele me disse em seguida.O p... dele já estava duro. Comecei a chupá-lo, mas era muito grande e nãocabia inteiro na minha boca. Dava boas lambidas enquanto olhava para elecom cara de menina sapeca e variava estas lambidas com uma chupadamudando a intensidade. Comecei bem devagar e fui aumentando a sucçãoda boca. Quando eu percebia que estava ficando muito forte, ia diminuindoaos poucos. Com uma mão, eu massageava o saco escrotal e fazia pressãonuma região que os homens ficam excitados. O sexo oral considerado omelhor para os homens, é aqueles em que as mulheres não usam a mão,apenas a boca. Eu estava chupando numa intensidade mais forte, quandoele contraiu o corpo e segurou bem forte na minha cabeça. Num gemidoacanhado, gozou.Ele perguntou se eu sabia fazer massagem. Com a minha respostaafirmativa, deitou de bruços. Passei um pouco de hidratante e massageeidesde a coluna até os dedos dos pés. Quando finalizei, iniciei umamassagem tailandesa, esfregando o meu corpo no dele. Primeiro, fiquei umbom tempo esfregando os meus seios nas costas dele, às vezes passavaapenas os bicos rapidamente na coluna e ele sussurrava gostoso.Quando ele virou de frente para mim, o p... estava duro novamente.Coloquei camisinha e dei uma boa cavalgada de frente e de costas para ele.Quando eu estava de costas, ele ficava brincando com o meu c...ameaçando penetrar um dedo. Transamos em várias posições, e por pouconão fizemos todas as posições do Kama Sutra. Estou brincando! Masvariamos bastante. Ele me pegou na posição "frango assado", depois dequatro na beirada da cama e, por último, papai e mamãe. Quando ele estavaquase gozando, pediu para que eu fizesse espanhola. Ele deitou e eucoloquei o p... dele entre os meus seios. Comecei a esfregar e fazer ummovimento bem forte como se eu o estivesse masturbando com os seios. Op... dele estava latejando e não demorou muito para explodir. Em seguida,fui tomar banho e ele ainda entrou embaixo do chuveiro comigo. Como eutinha um outro cliente em seguida, não queria molhar o meu cabelo, masnão agüentei e demos um bom amasso embaixo do chuveiro, mas nãotransamos.Ele foi embora e nunca mais voltou. Sei que ele não voltou por não tergostado de mim, mas porque talvez seja uma pessoa que faça parte dogrupo de homens que não repetem prostitutas...Essa história aconteceu em 2004. Havia dias em que eu não tinha vontadenenhuma de trabalhar. Como nessa época não havia mais cafetão meexplorando, tinha o livre arbítrio de desligar o meu celular e ficardescansando.Num desses dias, quando já estava no meio da noite, por volta das 21 horas,decidi ligar o celular, pois estava com vontade de fazer sexo com alguém. Ejá que eu não tinha namorado, nem estava enrolada com ninguém, o únicojeito era fazer sexo com clientes.O telefone tocou duas vezes, um cliente estava ligando para marcar horáriopara o dia seguinte, já o outro ligou apenas para pedir informação. A noitejá estava terminando e eu comecei a ficar angustiada Decidi ligar para umcliente que fazia programa comigo freqüentemente. Nós já tínhamosintimidade e como ele era solteiro, arrisquei dar um toque no seu celular.Caso ele estivesse acordado, me ligaria em seguida. Ele retornou a ligaçãominutos depois.Perguntei se ele topava ir ao swing comigo, algo que nunca tínhamos feitojuntos. Ele aceitou, mas com uma condição: não poderia ficar muito tempo,no máximo duas horas, pois tinha que acordar cedo no dia seguinte. Aceiteie combinamos de ele vir me buscar.Já comecei a imaginar e a fantasiar várias situações. "Hoje eu serei averdadeira puta" — pensei.Como eu não tinha feito sexo durante o dia, e admito ser "quase"ninfomaníaca, estava com muito fogo.Enquanto esperava ele chegar, sentei-me no sofá e fiquei imaginando comoeu poderia deixar todos os homens loucos por mim naquela noite. Fiqueiexcitada mesmo antes de entrar lá.Quando finalmente chegamos, nem quis sentar, já puxei o cliente diretopara o quarto onde era permitida a entrada de homens "solteiros". Parasorte dele, havia alguns casais, mas a maioria eram homens sozinhos.Eu e este cliente já entramos no clima do swing e começamos a dar bonsamassos no meio do quarto que, felizmente, era um cômodo com umambiente maior e mais confortável.Sentei-me no sofá, puxei-o para perto de mim e comecei a chupá-lo commuita intensidade. Os homens que estavam sozinhos começaram a seaproximar, porque em swing é assim: os homens que vão desacompanhadosnão podem ver nenhuma mulher tarada que eles já vão pra cima comourubus quando vêem algum pedaço de carniça. Eles se aproximam játirando o p... de fora para se masturbarem ou então arriscar a sorte comalguma mulher.Sem parar de chupar o p... do cliente, abri os olhos e logo vi dois homens,um de cada lado. Ambos estavam exibindo o p... para mim. Um era muitofeio, coitadinho, não me deu nem tesão. Já o outro era rosadinho, dotemédio e apetitoso. Peguei com a mão nesse que gostei e comecei amasturbá-lo.O outro, que tinha o p... feio, pegou a minha outra mão e a colocou naposição para que eu o masturbasse também. Fiquei com dó e aceitei odesafio de testar a minha coordenação motora.Fiquei simplesmente com três p... ao mesmo tempo!! Um na boca e um emcada mão. Tive que me concentrar para não parar de fazer movimento comnenhum. Foi uma tarefa difícil, mas que me deixou muito excitada!!Satisfazer três homens ao mesmo tempo me fez sentir poderosa! Era umgrande desafio para mim.O meu cliente foi quem gozou primeiro e na minha boca. Como eu estavacom vontade de provar o p... bonito dentro de mim, pedi para o cara colocaruma camisinha. Enquanto isso, continuei masturbando o outro.Fiquei ajoelhada no sofá, de costas para ele, esperando ser penetrada. Olheipara o lado e vi que o outro (o de pinto feio), estava se masturbandoenquanto nos observava. Fiz sinal com a mão para que ele se aproximassenovamente. E então continuei o trabalho com ele.O cara com quem eu estava transando gozou rapidinho, mas o outro não.Como faltava apenas ele para vencer o meu desafio, pedi para colocar umacamisinha também. Com ele sentado, montei de costas e comecei acavalgar.De repente se aproximou um homem já com o p... duro e veio pra cima demim. Ele não me agradou nem um pouco fisicamente e pedi para que saísseda minha frente. Fiquei durante um tempo sendo apenas observada. Algunscasais estavam abraçados me olhando. E como adoro ser observada porvoyeurs, adorei esta cena! Fiquei apenas me exibindo para essas pessoas,acariciando os meus seios ou me masturbando ao mesmo tempo quecavalgava.Eu não estava sentindo nenhum tesão com ele, mas ficava muito excitadaao ver que os observadores estavam excitados por minha causa.Antes de conseguir fazê-lo gozar, notei a presença de uma mulher muitobonita. Ela estava acompanhada por um homem que não era muito bonito.Me interessei por ela e não por ele.O cara gozou, levantei a minha calcinha e fui me aproximando da mulhercom o meu olhar fatal. Ela deu um sorriso para mim e aproveitei parachegar mais perto ainda. Cheirei o pescoço dela, muito cheirosa, reconheciaté o perfume, um dos meus preferidos.Não nos beijamos porque fui direto com a boca no seio dela. Fiqueichupando durante um tempo, enquanto o companheiro dela me acariciava.Ela disse que queria ir comigo e com o meu parceiro a um quarto privativo,para ficarmos só nós quatro. Mas eu não queria sair dali e, além disso, oparceiro dela não me agradou nem um pouco. Eu percebi também que elesqueriam trocar, pois ela demonstrou muito interesse pelo meu cliente. Maseu não estava com vontade mesmo assim, perguntei no ouvido do cliente seele fazia questão de ir com aquele casal. Como ele respondeu que não,demos uma desculpa qualquer e, em seguida, eles saíram do quarto.Depois, até me arrependi um pouco, pois eu queria ter chupado mais osseios dela. Mas paciência.O cliente comentou comigo que ia tentar transar com uma menina queestava ali e que depois queria ir embora. Ele conseguiu "conquistar" amenina. Mas o parceiro dela veio para cima de mim porque não queria ficarmatando moscas.Ele não me agradou fisicamente, mas mesmo assim decidi fazê-lo gozar.Porém, me deu a louca e coloquei na cabeça que eu queria transar com doisao mesmo tempo, fazer uma dupla penetração. Ele aceitou a minhasugestão e rapidamente fisguei outro cara que estava desacompanhado paraparticipar da brincadeira conosco.Puxei um que aparentemente me agradou e já abri o zíper dele. Expliquei oque queria e fui curta e grossa: "E o seguinte, eu quero dar pra você e praele ao mesmo tempo, fazer uma DP. Aceita?". Ele aceitou. Como souesperta, olhei discretamente os dois p... e vi qual era o menor. Este euselecionei para fazer o anal.O outro, que escolhi para fazer vaginal, sentou no sofá e se ajeitou. Meposicionei em cima dele para ficar numa posição que desse para fazer analcom o outro. Empinei o bumbum e, peguei no p... do outro para que eumesma o penetrasse com calma. Mesmo tendo um dote pequeno, elepoderia me machucar. Quando já estava sendo penetrada pelos dois,comecei a cavalgar de uma maneira que desse para fazer anal ao mesmotempo.Digo que doeu. Não sei se por causa da posição ou porque eu estava commedo que alguma das camisinhas estourasse, acabei não sentindo prazer,apenas dor.Porém, o meu prazer seria, na verdade, fazê-los gozar ao mesmo tempo.Mas não foi o que aconteceu, pois o que estava fazendo anal comigo, gozouprimeiro e até que rápido demais, embora o outro não tenha demoradomuito depois para gozar também.Me arrumei e o meu cliente ainda estava com a garota. Fui ao banheiro e,quando voltei, não demorou muito para ele gozar. Fiquei sentada ao ladodeles, observando tudo e todos e ignorando quem se aproximasse de mim.Ter feito cinco homens gozar em menos de duas horas já foi o suficientepara que eu me achasse poderosa.Durante os três longos anos em que me prostituí, muitos se apaixonarampor mim. Recebi muitas flores, presentes e cartas. Eu tinha clientes que meprocuravam uma vez por semana. Acho até que chegaram a pensar que eutambém estava apaixonada por eles. Coitadinhos... eu apenas estava sendoprofissional.O tratamento que eu dava aos clientes era o mesmo. Não importava se eramfeios, bonitos, gordos ou magros. Eu tratava todos muito bem. Com rarasexceções, eu me transformava numa prostituta chata.Aprendi sozinha a ser prostituta. E não é apenas abrir as pernas e gemerfalsamente. Eu escutava os desabafos dos meus clientes, gostava deconversar com eles, de saber o porquê procuravam uma garota deprograma. Aprendi muito com eles. Não sinto falta dessa época e nãovoltaria a me prostituir. Foi uma fase pela qual eu tive que passar. Passei eagora é passado. Mas não me arrependo, porque foi uma fase muitodivertida, ri muito. Também chorei. Mas sempre com a cabeça erguida esonhando com o meu futuro.Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Sourcecom a intenção de facilitar o acesso ao conhecimento a quem não pode pagar etambém proporcionar aos Deficientes Visuais a oportunidade de conhecerem novasobras.Se quiser outros títulos nos procurehttp://groups.google.com/group/Viciados_em_Livros ,será um prazer recebê-lo em nosso grupo.http://groups.google.com.br/group/digitalsourcehttp://groups.google.com/group/Viciados_em_Livros